“O doutor Pedro Nuno Santos escolheu este momento da campanha por uma razão, porque a sua candidata Marta Temido foi implicada no caso das gémeas. E então escolheu pegar numa questão completamente lateral – porque esta consultora aliás já tinha feito outros planos para um governo socialista – para desviar as atenções”, afirmou.
André Ventura falava aos jornalistas antes de mais uma ação de campanha para as eleições europeias, no Seixal, distrito de Setúbal.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, questionou no sábado o Governo se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a saúde, como foi contratada e a que informação do serviço Nacional de Saúde teve acesso.
Numa nota enviada à Lusa, o gabinete da ministra da Saúde esclareceu que “para organizar e estruturar os contributos/trabalho da ‘task force’ foi contratada uma consultora privada, a IQVIA Solutions, que faz parte da bolsa de consultoras que tem trabalhado com o universo Ministério da Saúde nos últimos anos”.
O presidente do CHEGA referiu uma reportagem da TVI, que indica que a médica escreveu num ’email’ que a mãe das crianças lhe disse ter tido a assinatura da antiga ministra da Saúde para conseguir o tratamento.
“O que é que Pedro Nuno Santos habilmente decidiu fazer? Decidiu desviar as atenções para um tema absolutamente lateral”, afirmou, considerando que isto “mostra que o PS não tem mais nada a oferecer nesta campanha eleitoral que não tentar desviar atenções, e mostra que está desconfortável com esta comissão de inquérito, por isso é que nunca a quis, porque isto afeta diretamente a candidata do PS a estas eleições”.
“Ele anda nisto há algum tempo, mas eu ando há mais, eu sei o que é desviar as atenções e como o fazer”, disse Ventura.
Concretamente sobre o Governo ter recorrido a uma consultora privada para elaborar o plano para a saúde, André Ventura considerou que “mostra a incompetência deste Governo, mas isso não é notícia nestas eleições europeias” e acusou o executivo de “vai copiar tudo o que o PS fez”, inclusivamente recorrer à “mesma empresa que o PS recorreu”.
O presidente do CHEGA, que já tinha dito que iria pedir a audição de Marta Temido com caráter obrigatório, salientou hoje que a antiga governante “vai mesmo responder” no parlamento.
André Ventura referiu-se também à notícia de que a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ está a investigar o caso das gémeas tratadas com o medicamente Zolgensma, para afirmar que o CHEGA teve razão ao forçar esta comissão de inquérito.
Ventura, que é coordenador do CHEGA na comissão de inquérito, indicou que marcará presença na audição, não fazendo campanha nesse dia ao lado do cabeça de lista do partido, António Tânger Corrêa.
Questionado ainda se estar constantemente a abordar temas nacionais não desvaloriza a importância das europeias, o presidente do CHEGA recusou e defendeu que os eleitores “estão sensíveis, acima de tudo, aos seus problemas”.
“Durante 50 anos fez-se campanha com coisas esotéricas, que nada diziam às pessoas, e queixávamo-nos que havia muita abstenção […]. Eu arrisco-me a dizer que vamos ter menos abstenção nestas eleições europeias e o CHEGA vai ser o grande responsável, como foi nas legislativas, por descer essa abstenção”, salientou, pedindo aos portugueses que saiam de casa e votem no próximo domingo.