Segundo António Lopes, passados estes anos, “com a evolução das formas de trabalho para o teletrabalho, incentivando os profissionais a debandar para paragens” com “melhor qualidade de vida e diversificadoras do espetro tradicional das atividades económicas deste concelho”, verifica-se “as contínuas e mais agravadas falhas de comunicações”, prejudicando o município também na vertente da segurança.
Em junho de 2017, os incêndios que deflagraram neste concelho e atingiram outros, nomeadamente Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no norte do distrito de Leiria, provocaram 66 mortos e 253 feridos, além da destruição de casas, empresas e floresta.
O presidente do Município de Castanheira de Pera, António Henriques, adiantou que o concelho está “cada vez mais abrangido por cobertura de rede”, mas persistem “algumas dificuldades em pontos muito específicos”, defendendo a sua resolução urgente.
Por outro lado, o autarca criticou a incapacidade de resposta por parte dos CTT na entrega de cartas e encomendas dentro do prazo.
Em outubro de 2023, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, de que fazem parte estes três concelhos, alertou para o mau funcionamento generalizado dos CTT, com consequências graves no recebimento de pensões ou na receção atempada de faturas de serviços essenciais.
Já em matéria de acessibilidades, o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, realçou a necessidade de obras no Itinerário Complementar 8.
“Ao longo de vários anos temos vindo sempre com alguma intensidade a focar esta preocupação e gostaríamos que isto fosse de uma vez por todas concluído”, declarou Jorge Abreu, referindo-se ao troço entre Pombal e Avelar (Ansião).
No âmbito da saúde, Jorge Abreu preconizou para o concelho, que tem um programa de incentivos à fixação de médicos de família, um reforço do investimento, extensível à educação.
O autarca de Castanheira de Pera, que também lançou benefícios para atrair clínicos, assinalou que a população sente “falta de cuidados médicos em grande parte do tempo”, enquanto o de Pedrógão Grande classificou a delegação de competências do Estado central no âmbito destas duas áreas e da ação social como uma “transferência de encargos”.
António Lopes designou a floresta como a primeira preocupação, recordando que aquela representa 90% do concelho, que tem 123 quilómetros quadrados, e é “essencialmente particular”.
“Vemo-nos a braços com uma tarefa hercúlea”, destacou a propósito da limpeza das faixas de gestão de combustível, explicando que o custo deste trabalho sai do erário municipal quando outras entidades têm financiamento a 100% para o concretizar, o que é um “tratamento desigual”.
Jorge Abreu sugeriu a criação de um mecanismo de cofinanciamento na área das florestas e ambiente, que “permita dar seguimento às intervenções” em curso de programas como os Condomínios de Aldeia ou as Áreas Integradas de Gestão da Paisagem.
Nestes três concelhos, que estão nos quatro do distrito de Leiria que mais população perderam em termos percentuais entre os censos de 2011 e 2021 (de 13,41% a 17,11%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística), insiste-se numa “discriminação positiva”.
“O que é mais crucial é conseguir fixar os jovens”, sustentou Jorge Abreu, pedindo apoios à habitação, com reforço de política fiscal e de promoção de habitação condigna, mas também, acessível a jovens.
Sustentando que o “país se esqueceu de que havia um Interior”, António Henriques notou que economia e demografia estão diretamente relacionadas, desejando “um Portugal completo com uma estratégia abrangente”, foco que deve ser de autarcas e governantes.
“É um desafio para nós, enquanto autarcas, porque vamos reunindo as condições através de áreas empresariais, condomínios empresariais, reabilitação de edifícios para a instalação de empresas (…) e depois acaba por ser também um bocadinho inglório, porque as empresas continuam a não olhar para estes territórios como uma oportunidade”, lamentou o presidente de Castanheira de Pera.
Para o autarca de Figueiró dos Vinhos, é necessário um “reforço da política fiscal para pessoas e empresas que permita uma efetiva diferenciação de quem reside e labora no Interior, oferecendo vantagens competitivas que amenizem constrangimentos”, enquanto o de Pedrógão Grande rejeita novos obstáculos ao desenvolvimento do concelho, como a eventual instalação de uma central solar flutuante perto da Barragem do Cabril e mais uma linha de muito alta tensão.