Num balanço efetuado à porta dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), principal polo da Unidade Local de Saúde de Coimbra, o responsável distrital do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses adiantou que naquela unidade “grande parte dos serviços estão encerrados”.
“Temos no distrito unidades hospitalares que encerraram a 100%, como foi o caso do Rovisco Pais, na Tocha (Cantanhede), e temos um conjunto vasto de unidades funcionais dos cuidados de saúde primários que também encerraram a 100%”, informou Paulo Anacleto.
O dirigente sindical disse que nos HUC encerraram os blocos operatórios de ginecologia, otorrino, maxilofacial e ortopedia e que no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra a adesão à greve se situa nos 89% e no Hospital Pediátrico na ordem dos 75%.
“Estes dados da adesão à greve são a marca orientadora do cartão vermelho que os enfermeiros deram à ministra, ao Ministério da Saúde e ao Governo”, salientou.
Os enfermeiros do SNS estão hoje em greve nos turnos da manhã e da tarde para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho.
A greve foi convocada pelo SEP no dia 16 de julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão das negociações na reunião marcada para esse dia.
O SEP voltou a reunir-se na quarta-feira com a ministra da Saúde e no final do encontro o presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou aos jornalistas que a greve se mantinha, porque a proposta apresentada pelo Governo continua a ser inadmissível, intolerável” e como tal os enfermeiros têm “razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima indignação”.
Segundo José Carlos Martins, o Ministério da Saúde propôs, na grelha salarial da categoria de enfermeiro, um aumento de 52 euros para todas as posições remuneratórias.
Além disso, nas grelhas salariais de enfermeiro-especialista e enfermeiro-gestor, o “Governo propõe não alterar grelha nenhuma”, afirmou o dirigente sindical, adiantando que a proposta prevê, porém, que os enfermeiros que estão hoje nessas categorias possam dar um “salto de uma posição remuneratória”.
Essa proposta significa que, para “quem entrar no futuro, o valor económico do trabalho dos enfermeiros especialistas e chefes se mantém exatamente igual ao que hoje temos”, lamentou.
Os enfermeiros reclamam também a “reafirmação das 35 horas semanais como regime de trabalho dos enfermeiros”, formas de compensar o “sistemático recurso a trabalho extraordinário para colmatar a carência de enfermeiros” que agrava o risco e a penosidade do exercício da profissão.