ASPP/PSP critica “aproveitamento político e mediático” dos tumultos na região de Lisboa

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) criticou hoje o “aproveitamento político, jornalístico e mediático” dos tumultos que se seguiram à morte de Odair Moniz, pedindo mais investimento na polícia e no policiamento de proximidade.

© LUSA/MIGUEL A.LOPES

“A ASPP/PSP deplora e condena todo o tipo de aproveitamento político, jornalístico e mediático que surgiram neste incidente e sempre que ocorrem outros idênticos”, lê-se num comunicado da estrutura sindical hoje divulgado.

“Admitimos a legitimidade, a importância e a necessidade de informar e comentar, mas criticamos todo o ruído inqualificável, com rotulagens vazias, acusações infundadas, observações sem conhecimento factual dos incidentes e da missão policial, omissão e/ou deturpação da verdade, permanência de vários intervenientes a fazerem-se substituir à Direção Nacional da PSP na abordagem a questões operacionais e outras”, acrescenta o sindicato mais representativo da PSP.

No documento em que lamenta “qualquer perda de vidas”, a ASPP apela à “restituição da ordem e tranquilidade públicas” e manifesta solidariedade “para com os profissionais da PSP que enfrentam, mais uma missão difícil, arriscada, complexa e extremamente exigente”.

Este sindicato questiona também o que foi feito sobre matérias que podem estar “na base destes episódios”, nomeadamente ao nível do policiamento de proximidade.

“A ASPP/PSP não entende como se tem vindo a descurar a ligação fulcral entre as polícias e as comunidades, principalmente com os interlocutores certos, que promovam a uma compreensão e respeito mútuo. Não excluímos, no entanto, a necessidade de restituição da ordem pública, sempre que existam indícios e comportamentos que queiram comprometer essa mesma tranquilidade”, sustenta.

A estrutura sindical aponta que à falta de meios técnicos e operacionais, como os ‘tasers’, as ‘bodycams’, viaturas, instalações e falta de efetivas se juntam o “descurar de um policiamento comunitário”, políticas sociais que criam e mantêm guetos, questões remuneratórias, entre outras.

“A ASPP/PSP reitera que, após estes acontecimentos, deve deixar-se “respirar”- dar tempo ao tempo – aguardar pelas conclusões dos inquéritos e diligências e não reagir impetuosamente ou oportunisticamente. A mediatização em demasia pode fomentar o fenómeno de repetição e impulsos vários. A constante abordagem a agendas criminais e a discussão ou divulgação e comentário sobre o crime, de forma sensacionalista e desenquadrada, como tem acontecido há muito, apenas serve para criar um alarmismo e em nada ajudando ao equilíbrio social”, critica a associação sindical.

A ASPP/PSP manifesta disponibilidade para reunir com o Governo, autarquias, a direção nacional da PSP para uma “abordagem séria, responsável e construtiva”, e justifica a ausência do espaço mediático no que diz respeito a este episódio “enquanto o contexto se basear no ímpeto, no oportunismo, no ruído, no nervosismo, no radicalismo e populismo”, defendendo que esta é uma posição de “responsabilidade e na preservação do interesse dos visados, das instituições, do inquérito e dos processos em curso”.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um homem a 22 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado da mulher, em maio de 2024, no concelho de Porto de Mós.
Cerca de 1.700 quilogramas de haxixe, lançados ao mar por tripulantes de uma embarcação de alta velocidade, que fugiram, foram hoje apreendidos no Rio Guadiana, numa operação das polícias portuguesas e espanholas, informou a GNR.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) rejeitou hoje que a greve na CP tenha motivações políticas e responsabilizou o Governo pelo transtorno causado às populações, por não cumprir um acordo negociado.
Portugal é o sexto país europeu com maior número de casos de mpox no período 2022-2025, indica o último boletim sobre a doença divulgado na página do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
O Governo alargou até final de junho o prazo para pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) devido a “constrangimentos técnicos” associados ao “apagão” que atrasaram o envio de muitas notas de cobrança pela Autoridade Tributária (AT).
As escolas privadas querem ter mais liberdade para desenhar os seus currículos e para contratar licenciados de outras áreas, revelou a associação representativa do setor, explicando que estes futuros professores teriam formação pedagógica nos próprios colégios.
A adesão ao segundo dia de greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal era às 07:30 de 100%, com toda a circulação parada, disse à Lusa fonte sindical.
Os dois detidos na terça-feira no âmbito da operação SKYS4ALL, que investiga uma alegada rede de tráfico internacional de droga por via aérea e em que o cantor Nininho Vaz Maia foi constituído arguido, saíram hoje em liberdade.
Cerca de 241 mil eleitores inscreveram-se até às 8h00 de quarta-feira na modalidade de voto antecipado em mobilidade, segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).
O alegado grupo criminoso organizado detido na terça-feira terá auxiliado milhares de imigrantes ilegais com a ajuda de “uma toupeira” no Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelou hoje o diretor da Polícia Judiciária (PJ) do Centro.