Num balanço sobre os incidentes que se seguiram à morte de Odair Moniz, a PSP indicou ainda que foram feridas sete pessoas, entre as quais dois polícias que foram apedrejados e cinco cidadãos esfaqueados ou queimados, entre os quais um motorista da Carris Metropolitana, que, segundo a empresa de transportes, ficou em estado grave, embora já fora de perigo de vida.
Foram detidos 21 suspeitos e identificadas 19 pessoas.
De acordo com a PSP, as “várias ocorrências de desordem e de incêndio em mobiliário urbano (maioritariamente em caixotes do lixo)” ocorreram essencialmente na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Almada, Barreiro, Seixal e Setúbal, no distrito de Setúbal, e Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Odivelas, Oeiras e Sintra, no distrito de Lisboa.
Em Leiria foi registado um incêndio num ecoponto.
A PSP destacou que foram danificadas cinco viaturas policiais (baleadas, incendiadas e apedrejadas), incendiados 16 veículos ligeiros e dois motociclos, além dos danos causados em cinco autocarros, dos quais quatro foram incendiados e um apedrejado.
Foi também verificado um “atentado” contra uma esquadra da PSP, através do arremesso de engenhos pirotécnicos.
“A PSP repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa, que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade”, sublinhou a polícia.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.