Sindicato fala em carência de enfermeiros nos centros de saúde de Lisboa

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou hoje para "uma grande carência de enfermeiros" nos centros de saúde da região de Lisboa, afirmando que "a maioria dos problemas" daqueles profissionais de saúde não foi resolvida.

© D.R.

Os enfermeiros dos centros de saúde das zonas de Lisboa e Oeste encontram-se hoje em greve, entre as 8he as 00h, para exigir o pagamento da remuneração em dívida, como os retroativos desde 2018, e a harmonização das condições salariais.

“É uma área que tem sofrido forte desinvestimento dos cuidados de saúde primários e que neste momento sofre novos ataques e desinvestimento, nomeadamente através da privatização dos modelos da USF [Unidades de Saúde Familiar] – modelo C – através das anunciadas PPP [parcerias público-privadas] e os enfermeiros querem ver resolvidos os seus problemas que se têm arrastado”, disse à Lusa a dirigente do SEP Isabel Barbosa, junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa.

A sindicalista lamentou que a tutela não tenha resolvido a situação dos enfermeiros nos últimos 11 meses, considerando que houve “falta de vontade”.

“Nós entregámos uma moção no ano passado no Ministério [da Saúde], houve esse compromisso da resolução deste pagamento, mas até agora essa dívida continua [por saldar]. Depois há concursos abertos para as categorias de [enfermeiros] gestores e enfermeiro especialista que não estão a avançar. Há uma grande carência de enfermeiros e é necessário contratar mais e há uma desigualdade muito grande entre as várias unidades funcionais dos centros de saúde”, vincou.

De acordo com Isabel Barbosa, que reforçou hoje a moção entregue em 2024, os enfermeiros “sentem desigualdade” e cuidados de saúde primeiros precisam de “um investimento muito grande”.

Questionada sobre o impacto que a queda do Governo PSD/CDS-PP pode ter na resolução dos problemas dos enfermeiros, a dirigente sindical referiu que o executivo “continua em funções e pode e tem o poder de resolver” a situação.

“Independentemente do Governo que vier fica o aviso dos problemas que se sentem neste tipo de cuidados, que é a porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde (SNS). […] A falta de acesso de cuidados tem conduzido a situações caóticas nas urgências, e, portanto, é preciso olhar para a saúde como um todo, porque, neste momento, fala-se já da falta de acesso a cuidados básicos de saúde”, observou.

Sobre a adesão à greve decretada pelo sindicato, Isabel Barbosa indicou que houve unidades de saúde na região de Lisboa em que a paralisação atingiu os 100%, como no Centro de Saúde da Alameda, na Unidade da Saúde Pública (USP] do Estuário do Tejo, na USF Vila Cascais e na USF e na USP de Mafra.

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