“O que eu acho que é aqui relevante é, nós continuamos a ter no país um primeiro-ministro que está sob suspeita de crimes graves. Isto são crimes graves, crimes de idoneidade em relação ao exercício da função pública, mas tanto quanto sabemos, pelo menos a atentar naquilo que foi conhecido, muito desta situação tem sido arrastada pelo próprio primeiro-ministro”, acusou.
Falando aos jornalistas no Sabugal, distrito da Guarda, à margem de uma ação de campanha autárquica, o líder do CHEGA foi questionado sobre a notícia avançada pela CNN Portugal na terça-feira de que os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva sobre a Spinumviva consideram que deve ser aberto um inquérito-crime ao primeiro-ministro, que será decidido pelo procurador-geral da República.
André Ventura disse que as notícias que têm sido publicadas nas últimas horas, “a serem verdadeiras, mostram também que o primeiro-ministro ou não tem enviado as informações que lhes são pedidas a tempo, ou faz questão, muitas vezes, de não enviar a informação, quer à Polícia Judiciária, quer ao Ministério Público”.
“Isto significa que temos um instrumento, que é um instrumento excecional, que é a averiguação preventiva, a prolongar-se no tempo, o que não acontece com provavelmente mais nenhum arguido, o que não acontece com provavelmente mais nenhuma situação”, indicou.
O Presidente do CHEGA considerou também que “as autoridades têm que garantir que o tratamento que está a ser dado a Luís Montenegro não é desigual, nem é nenhum privilégio face a todos os outros”.
Questionado sobre a comissão de inquérito que admitiu propor sobre o caso Spinumviva, André Ventura disse hoje que “é tempo ainda que quem é o visado deva dar esclarecimentos”.
“Se neste caso se sabe quais são as suspeitas, o primeiro-ministro pode fazê-lo, e ainda não o quis fazer”, considerou.
Esta terça-feira, o primeiro-ministro afirmou estar “estupefacto e revoltado” com o teor das notícias divulgadas sobre o caso Spinumviva e falou mesmo “em pouca vergonha”, dizendo aguardar a “análise e o juízo do Ministério Público”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu que a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva está em curso e o Ministério Público aguarda ainda documentação, pelo que a averiguação continua.
“Não há, assim, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio”, refere um comunicado da PGR.