Detenções por crimes sexuais contra crianças atingem valor mais alto dos últimos cinco anos

A Polícia Judiciária (PJ) deteve 210 pessoas por crimes sexuais contra crianças em 2022, o valor mais alto dos últimos cinco anos, revela o coordenador de investigação criminal para estes casos em Lisboa e Vale do Tejo.

Em entrevista à Lusa, José Matos nota que os dados de 2022 ainda não estão consolidados, mas destaca o peso dos crimes sexuais contra crianças na criminalidade sexual global. As estatísticas da PJ indicam um crescimento gradual do número de detidos nos últimos cinco anos, uma vez que em 2018 houve 192 detenções, subindo para 195 em 2019 e 207 no ano 2021, sendo a exceção 2020, com 173 detidos, num ano marcado pela pandemia de covid-19.

“Só relativamente aos crimes sexuais perpetrados contra crianças, a PJ fez no ano passado 210 detenções, num total de 276 [por crimes sexuais]. Este número reflete também o rácio da totalidade de crimes sexuais perpetrados contra crianças e contra adultos: cerca de 70% são sempre crimes sexuais perpetrados contra crianças ou jovens até aos 18 anos”, afirma.

Segundo o coordenador da PJ, que lidera esta área em Lisboa e Vale do Tejo há três anos, a maioria das investigações criminais incide no abuso sexual de crianças, seguindo-se os crimes de violação (tanto contra maiores de idade como abaixo dos 18 anos), pornografia de menores e abuso sexual de pessoa incapaz de resistência. E os dados já recolhidos por este órgão de polícia criminal apontam ainda para um aumento do número de processos e de vítimas.

“Em 2022 só contra crianças tivemos 2.410 processos abertos num total da PJ de 3.230 [processos por] crimes sexuais. Ou seja, desses 3.230, acima de 2.400 é contra crianças”, sublinha, numa estatística distribuída por 75% de crimes presenciais e 25% crimes ‘online’, acrescentando: “Em termos de vítimas, temos um número aproximado no término de 2022 – aí, sim, em termos totais – acima de 3.400 vítimas”.

De acordo com os dados fornecidos à Lusa, 2022 quase repete o desempenho ao nível de processos abertos em 2021, quando se registaram 2.405 (64% de crimes presenciais e 36% ‘online’), e ultrapassa os 2.103 de 2018; contudo, é menor do que a atividade de 2019 (2.753, dos quais 66% presenciais e 34% ‘online’) e, sobretudo, de 2020, ano em que houve 3.773 processos e que inverteu a proporção entre crimes presenciais e ‘online’ (42% para 58%).

José Matos avisa também que o número de vítimas carece de outra leitura, porque não só se registam situações iniciadas com uma vítima e depois o processo identifica várias vítimas, como ainda existem “cerca de 15% de falsas denúncias” e que podem ocorrer “pelas mais variadas razões”, saindo então do registo. Porém, garante que o número de novas vítimas encontradas nas investigações supera aquelas que entraram erradamente no sistema.

Por outro lado, o coordenador de investigação criminal assinala a importância do Serviço de Prevenção aos Crimes Sexuais da PJ numa resposta rápida a esta criminalidade (contra crianças e adultos), relembrando que a primeira detenção no ano passado pela Secção de Investigação de Crimes Sexuais da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo ocorreu na madrugada de Ano Novo.

“Em 2020, quando ainda tínhamos a covid-19, tivemos 310 ativações do Serviço de Prevenção e no ano que terminou tivemos 549 [contra crianças e adultos só em Lisboa e Vale do Tejo]. Ora, [em termos de] notícia de crime ao Serviço de Prevenção dá 46 ou 47 por mês, mais do que uma por dia”, conclui.

Últimas do País

O bastonário dos psicólogos lamenta, numa carta ao Presidente da República, a "atmosfera de injustiça" a que estão sujeitos centenas de profissionais que trabalham no SNS por estarem com a carreira estagnada há mais de 20 anos.
Os hospitais públicos podem, a partir de quinta-feira, começar a definir a lista de doentes que ultrapassaram o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG) nas cirurgias não urgentes e que conseguem operar até agosto, segundo uma portaria hoje publicada.
A Polícia Judiciária (PJ) deu hoje cumprimento a vários mandados de busca no concelho de Loures, distrito de Lisboa, envolvendo “vários suspeitos” do incêndio num autocarro em Santo António dos Cavaleiros que em outubro feriu gravemente o motorista.
Os administradores hospitalares alertaram hoje que a procura dos serviços de saúde no inverno pode obrigar os hospitais a desviar meios para acudir a doentes urgentes, impedindo-os de assumir de forma estanque uma redução das cirurgias não urgentes.
A Pinker, nova plataforma TVDE que irá ficar operacional nos próximos dias, pretende dar segurança às mulheres quando pedem um veículo, que será conduzido exclusivamente por mulheres, disse à Lusa a fundadora do projeto Mónica Faneco.
A família informou o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa para considerar o cidadão “em situação de perigo para si e para terceiros.”
Mais de 75.000 crimes de violência doméstica foram registados em quatro anos pela PSP, que propôs quase 60.000 medidas de coação a agressores e sinalizou cerca de 46.000 crianças junto das comissões de proteção.
Cerca de 63 mil casos de herpes zóster foram diagnosticados num ano, uma doença que leva ao internamento de uma pessoa a cada dois dias e que custa anualmente ao país mais de 10 milhões de euros.
Centenas de bombeiros sapadores de várias regiões do país estão concentrados em Lisboa para exigir a valorização da carreira, que dizem não ser revista há mais de 20 anos, e o aumento de subsídios como o de risco.
A Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) apelou hoje às autoridades nacionais que tomem "ações concretas e bem dirigidas" contra a ameaça de invasão de uma nova vespa, mais perigosa do que a asiática.