BdP alerta para fraudes através de telefonemas com falsas propostas de trabalho

O Banco de Portugal (BdP) emitiu hoje um alerta para ajudar os cidadãos a identificarem mensagens e chamadas telefónicas com falsas propostas de trabalho que, na realidade, correspondem a fraudes financeiras.

© LUSA/CARLOS M. ALMEIDA

Numa página publicada no seu site, o banco central elenca um conjunto de “sinais de alerta” a que os cidadãos devem estar atentos se receberem uma mensagem ou chamada telefónica “com uma oferta de emprego ‘online’ que promete um pagamento elevado”.

Em muitos casos, o objetivo dos contactos passa por convencer os destinatários a fazerem pagamentos ou usarem “a sua conta como ‘conta-mula’, ou seja, como conta de passagem de valores conseguidos de modo fraudulento”, diz o banco central.

A tentativa de fraude começa com uma mensagem ou chamada telefónica, possivelmente a partir de um número telefónico estrangeiro, com uma oferta de emprego à qual não se candidatou. Trata-se de um emprego online, que pode realizar a partir de casa e promete rendimentos elevados. Estas ofertas podem também ser divulgadas nas redes sociais, em especial no WhatsApp ou Telegram, através de anúncios ou mensagens diretas”, situa o BdP.

Depois, uma pessoa pode ser convidada “a aderir a um grupo de chat (por exemplo, no WhatsApp ou Telegram), no qual vai obter mais informação sobre a oferta de emprego“, surgindo nessas redes sociais instruções sobre as tarefas de trabalho a realizar.

“Prometem-lhe uma remuneração elevada por tarefas simples, como visualizar vídeos em plataformas ‘online’ (por exemplo, YouTube, TikTok ou Tripadvisor), seguir determinadas páginas e perfis nas redes sociais ou escrever avaliações de estabelecimentos hoteleiros em plataformas online de alojamento. As tarefas podem também consistir na transferência de montantes recebidos na sua conta para outras contas. Nestes casos, pretendem usar a sua conta como ‘conta-mula’, ou seja, para branquear capitais obtidos em atividades ilegais“, explica o Banco de Portugal.

Segundo o supervisor bancário, em muitos casos as redes criminosas exigem às pessoas que paguem “uma taxa de inscrição na ’empresa’ com a promessa de que a mesma lhe será devolvida, acrescida de uma comissão” assim que a primeira tarefa ficar concluída.

O alegado trabalho também pode “envolver tarefas ‘pré-pagas'”, em que os alvos têm de “adiantar um determinado montante para aceder a tarefas supostamente mais lucrativas”.

Alguns dos esquemas, diz o BdP, podem estar ligados a fraudes com criptoativos.

“Para ganharem a sua confiança, os agentes criminosos podem pagar-lhe o valor correspondente às primeiras tarefas, tipicamente pequenas quantias”, mas, a determinada altura, “os montantes exigidos para aceder a determinadas tarefas aumentam e os pagamentos deixam de ser feitos”, e se o visado “confrontar os burlões, é provável que deixem de estar contactáveis e eliminem eventuais grupos de WhatsApp ou Telegram e supostas páginas da ’empresa'”, alerta o banco central.

Neste aviso, o BdP avisa para a importância de os cidadãos desconfiarem das “oportunidades para fazer dinheiro fácil”, recomenda que não cliquem “em ‘links’ de origem desconhecida”, nem adiram a grupos suspeitos, sugere que as pessoas protejam “os seus dados pessoais” e que “nunca” façam pagamentos adiantados.

Quando alguma situação suscitar dúvidas, um cidadão não deve partilhar dados pessoais, recomenda o BdP.

Se uma pessoa detetar, na sua conta, movimentos não autorizados, deve contactar “imediatamente o seu banco ou outro prestador de serviços”. Se for vítima de fraude, deve denunciar “a situação ao órgão de polícia criminal mais próximo (PSP, GNR ou PJ) ou ao Ministério Público“, recomenda ainda o banco central.

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