“Vamos a um restaurante, damos o NIF, e no dia seguinte está no portal das Finanças. Na Alemanha isso não existe”, exemplificou, admitindo que o talento português vem ajudar a colmatar essas falhas.
Diogo Guerner foi um dos participantes da iniciativa da Associação de Pós-Graduados Portugueses na Alemanha (ASPPA) “Entrepreneur Network”, que se realizou nas novas instalações da Embaixada de Portugal em Berlim, e que juntou vários profissionais portugueses.
Paulo Truta, engenheiro a trabalhar na capita alemã, admite ter sido bem recebido num país onde chegou quase por acaso.
“Há muitas diferenças culturais, que podem ser um pouco chocantes para quem não está habituado. Os alemães consideram os portugueses altamente profissionais e competentes, com muito conhecimento de tecnologia e que podem trazer inovação para um país que passa o tempo a falar de digitalização”, comentou.
Depois de 11 anos na Alemanha, Luís Moreira-Matias decidiu fundar a Titannis, uma ‘startup’ na área da Inteligência Artificial (IA) dedicada a automatizar fluxos de trabalho repetitivos em empresas por toda a Europa.
“Trabalhando há vários anos numa corporação, apercebi-me que as pessoas são infelizes quando trabalham numa corporação porque as funções que levam a cabo não são criativas. Há uma série de tarefas que têm de acontecer para que o negócio exista e elas têm de realizar”, explicou à Lusa.
A empresa, que está a dar os primeiros passos, conta com 12 colaboradores a tempo parcial espalhados pela Europa, mas Luís admite que ter a sede na Alemanha fazia sentido.
“A Alemanha é o motor da Europa. Existe uma grande oportunidade na área da IA da Europa afirmar a sua soberania, porque tem os maiores talentos no mundo nesta área. Aqui e ali não tem uma regulação e um ecossistema de financiamento que ajude a que estas empresas se estabeleçam tão rapidamente como nos Estados Unidos, mas em termos de talento estamos lá”, sublinhou.
Diogo Guerner, fundador da tecnológica Naviu, que ajuda empresas a transformar ideias em plataformas de software e soluções de IA escaláveis, sublinha a importância de fomentar encontros entre talentos portugueses.
É também embaixador da Outono, uma comunidade com presença em Londres, no Dubai e com 16 membros em Berlim.
“Na Outono organizamos eventos mensais com os membros, pode ser um jantar, por exemplo, e os membros podem trazer outras pessoas. Queremos que seja um grupo ativo, em que as pessoas participem, e já estamos a pensar numa mini conferência para dar a conhecer o que andam a fazer os portugueses fora”, revelou.
“Já há parcerias entre os membros da Outono, em que uma pessoa está a lançar uma ‘startup’ que, através da comunidade, se juntou a outra que trabalha na área de ‘tech’, na produção de conteúdos”, salientou.
O próximo evento da ASPPA, a assembleia-geral da associação, vai realizar-se a 15 de novembro em Dusseldorf.