Portugal enfrenta uma viragem inquietante no terreno da segurança pública. E basta folhear os jornais nacionais para que os casos venham à tona: a 17 de outubro deste ano, um turista norte-americano que veio a Portugal para a despedida de solteiro de um amigo acabou morto durante a noite em Cascais, escreveu o Expresso; em abril também deste ano, uma jovem de 16 anos foi violada por três influenciadores entre 17 e 19 anos, em Loures, tendo o crime sido filmado e divulgado nas redes sociais, segundo o Diário de Notícias (DN); em junho de 2025, ocorreu um tiroteio no bairro Casal do Silva, concelho da Amadora; e passado um mês, registou-se um tiroteio nas imediações do Time Out Market, no Cais do Sodré, em Lisboa.
Estes são apenas quatro dos exemplos que Portugal tem vivido no último ano. Segundo o mais recente Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) 2024, Portugal registou mais de 355 mil participações criminais no ano passado. E entre esses números há linhas de alarme: os crimes violentos e graves cresceram 2,6%, totalizando 14.385 ocorrências.
De acordo com a Rádio Renascença, entre os dados que mais preocupam autoridades e portugueses está o crime de violação, que atingiu em 2024 o número de 543 casos, mais 49 do que em 2023 (494), representando um aumento de cerca de 9,9%.
E quanto aos homicídios? Em 2024 registaram-se 89 casos, e as estatísticas para 2025 já indicam 94 homicídios até meados de outubro, mais do que em todo o ano anterior, apontando para uma tendência de escalada.
Perante este cenário, não surpreende que o mais recente Barómetro da Perceção de Criminalidade e Insegurança, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e da Pitagórica, revele que “um em cada três portugueses tem receio de ser assaltado ou agredido”.
“O país assiste a um aumento brutal e significativo da criminalidade nos últimos tempos. O país se afunda em bandidagem de norte a sul.”
A verdade é que estes dados erguem um cenário que muitos portugueses já percecionam no dia a dia e que não se limita a estatísticas: é vandalismo, assaltos, medo de sair à rua e sensação de degradação do espaço público.
Para o CHEGA, este panorama não é coincidência, mas o resultado de políticas que “falharam” ou foram “permissivas”. André Ventura, Presidente do partido, afirmou que “o país assiste a um aumento brutal e significativo da criminalidade nos últimos tempos” e que “o país se afunda em bandidagem de norte a sul”. O líder da oposição sublinhou que o primeiro-ministro “não é solução, mas parte do problema da criminalidade em Portugal”, acusando o Governo de falhar ao “não endurecer leis e penas de prisão”.
“Não pode haver penas suspensas nem segundas ou terceiras oportunidades para quem comete crimes graves”, reforçou o líder do segundo maior partido, exigindo um plano de emergência para a segurança, reforço das forças de segurança, controlo mais rigoroso da imigração e legislação mais punitiva.