Quem defende Portugal em primeiro lugar, como o CHEGA e os conservadores europeus unidos no ECR e nos Patriots for Europe, vê com clareza o perigo que representa o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Não se trata apenas de um mau negócio económico. Trata-se de uma cedência grave que põe em risco os nossos agricultores, as nossas famílias rurais e os valores ocidentais que nos definem.
Apesar de as negociações terem terminado em dezembro de 2024 e de terem sido adicionadas algumas salvaguardas em dezembro de 2025, Bruxelas insiste em vender o acordo como proteção contra as incertezas do mundo, incluindo as tarifas impostas pelos Estados Unidos de Trump. Nós sabemos a verdade: é um acordo desigual que favorece os lucros das multinacionais e uma globalização ideológica, prejudicando diretamente os agricultores portugueses e europeus.
Os conservadores e reformistas, fiéis aos princípios de soberania nacional, concorrência justa, identidade cultural e bom senso prático, rejeitam este acordo com toda a razão. As salvaguardas prometidas são fracas: não há inspeções sérias no terreno nem reciprocidade real. Os produtores sul-americanos usam pesticidas proibidos aqui, ignoram regras de bem-estar animal e ambientais, e podem vender produtos muito mais baratos que destroem setores nacionais como a carne, as aves e os lacticínios. Para nós, é claro: este acordo é inaceitável porque condena as nossas comunidades rurais a uma concorrência desleal.
A nossa luta vem de princípios profundos. Queremos proteger as explorações familiares, garantir a soberania alimentar e defender as economias nacionais. Comércio livre verdadeiro só existe com justiça: se os nossos agricultores têm de cumprir normas rigorosas, os produtos importados também têm de cumprir. Sem cláusulas-espelho efetivas, o que temos é dumping puro que destrói o património rural português.
O problema não está em abrir mercados. Está em saber a quem abrimos, que interesses defendemos e o que estamos dispostos a sacrificar. Num mundo onde o protecionismo volta a ganhar força e as alianças mudam rapidamente, a solução mais lógica e vantajosa para Portugal e para a Europa é reforçar laços com o parceiro natural: os Estados Unidos da América.
Portugal, a Europa e os EUA partilham raízes comuns: a herança judaico-cristã, a liberdade individual, a importância da família, instituições democráticas sólidas e a rejeição de uma globalização sem freios que apaga identidades e soberanias. Uma parceria transatlântica renovada, com acordos comerciais baseados em padrões altos partilhados, proteções mútuas e segurança comum, protegeria cadeias de abastecimento, recursos estratégicos e mercados prósperos para os dois lados do Atlântico. Beneficiaria os trabalhadores e exportadores americanos tanto quanto os nossos agricultores e indústrias, criando um bloco forte assente em valores iguais, em vez de cedências a quem tem regras diferentes.
O conservadorismo inteligente, aliado a um protecionismo seletivo, é a resposta certa quando potências ocidentais se juntam. Uma aliança UE-EUA forte, com concorrência justa, normas ambientais e laborais elevadas e respeito pela soberania de cada nação, não é recuo. É avanço seguro. É parceria verdadeira: abrir portas de preferência a quem pensa como nós, gerando riqueza que reforça as nossas sociedades em vez de as enfraquecer.
Mas esta visão sensata choca com o que domina Bruxelas hoje. Há uma falha grave na forma como a maioria do espetro político encara estes temas. Revela-se uma ideologia de esquerda dominante: liberalismo exagerado, secularismo agressivo e extremismo woke que corroem o tecido moral e cultural de Portugal e da Europa. Desde impor ideologia de género nas escolas até atacar valores familiares tradicionais e a herança cristã, estas ideias, empurradas por uma Comissão que excede os seus poderes, colocam ideais progressistas abstratos acima das identidades nacionais e da vida real das pessoas.
Se nada for feito, este caminho leva à rutura da União Europeia. Pressões recentes para decidir por maioria qualificada em política externa e migração, imposição de metas do Green Deal apesar dos protestos dos agricultores, e chantagem centralizada com o Estado de Direito aproximam-se de um federalismo que ninguém quer. Países como Portugal, Hungria, Polónia e Itália sentem-se cada vez mais afastados e ressentidos.
No fundo, os conservadores defendem os portugueses de carne e osso: os agricultores sufocados por regras absurdas, as comunidades que mantêm viva a tradição, as nações que querem decidir o seu futuro. Dizer não a este Mercosul errado e avançar para uma cooperação séria e vantajosa com os Estados Unidos é o caminho para recuperar força através dos valores ocidentais que nos unem.
Bruxelas e Washington têm aqui uma oportunidade única para reconstruir a aliança transatlântica que sempre foi a base da liberdade e da prosperidade dos nossos povos. O futuro está no conservadorismo responsável e na parceria genuína além-Atlântico, não num liberalismo sem fronteiras nem em acordos globais desastrosos.
Portugal primeiro. A Europa das nações soberanas. O Ocidente unido.
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O IPC – INSTITUTO DE POLÍTICA CONSERVADORA, ESCUDO, COROA E CRUZ é um centro de estudos dedicado ao fortalecimento do pensamento conservador em Portugal. Sedeado em Vila Nova de Famalicão, Braga, o IPC foca-se na investigação, análise e promoção de políticas públicas alinhadas com valores como a liberdade económica, a soberania nacional, a identidade cultural e a segurança. As suas atividades incluem a organização de eventos, conferências e debates, a publicação de relatórios sobre economia, segurança, cultura e relações internacionais.