Temos conhecimento de que o Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) existe e assiste igualmente qualquer indivíduo. É o Instituto de Socorros a Náufragos que forma e certifica os nossos nadadores-salvadores, que promove a informação necessária à prevenção de acidentes no mar, que realiza as inspeções necessárias aos meios de assistência e apoio balneares, que colabora com as Autoridades Marítimas locais para que não falhe nenhum auxílio aquando solicitado, que tem estas funções, responsabilidades e outras mais, mas, para isso, tem de ter os meios materiais e humanos para o fazer em tempo e qualidade.
Neste momento, existem cerca de 105 tripulantes ao serviço do ISN em Portugal, mas pouco mais de 70 estão 100% operacionais. E parece que está tudo bem, mas não está. Podemos ter como exemplo a ocorrência do passado dia 21 de fevereiro, onde 36 pessoas ficaram naufragadas ao largo do farol de Alfanzina e, pelo que se noticiou, foram envolvidos uma embarcação que se encontrava próxima, bem como 39 operacionais, 12 viaturas e um meio aéreo (informação da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil). Mas se o ISN apenas tem 70 pessoas, como consegue fazer o seu trabalho? A resposta é simples, não consegue, outros meios têm de ser envolvidos e isso faz com que o socorro esteja apenas num lugar.
Portugal Continental tem mais de 800 quilómetros de costa, no Algarve são cerca de 200 quilómetros de costa, em Lagoa contamos com mais de 17 quilómetros, cerca de 30 praias e aproximadamente 24 mil habitantes (censos 2021) e, todos sabemos que no verão este número duplica ou triplica. Como podem os tripulantes do ISN socorrer aquando solicitados? Esta quase que parece uma pergunta sem resposta, mas a resposta está na cabeça de todos, e é colocar mais pessoal qualificado e equipamentos adequados.
No Município de Lagoa, temos uma Estação de Salva-Vidas (ESV), situada em Ferragudo, é uma ESV Principal, na qual se preveem 6 tripulantes, de acordo com a Autoridade Marítima Nacional, mas estão a operar apenas 3 tripulantes. Façamos as contas, é necessário ter aptidão médica e aptidão física para este tipo de atividade operacional, é necessário, no mínimo, o total de 3 tripulantes para sair para o mar e efetuar um resgate. Então, ao somar estas condições, obrigações e deveres, quer dizer que os tripulantes de Lagoa não podem adoecer, folgar, ter férias ou descansar simplesmente. Isto, para não dizer que 70 operacionais para Portugal são considerados poucos.
Se o nosso Concelho tem capacidade, e muito bem, para a criação da Polícia Municipal com 24 agentes, um Subcomandante e um Comandante de Polícia, porque não a contratação de nadadores-salvadores para as praias a tempo inteiro? Com certeza que faria toda a diferença às praias do nosso concelho.
Prevê-se um aumento do número de turistas nos próximos meses, estará o nosso concelho preparado para os receber? Terá o nosso concelho condições para prever e agir em conformidade caso haja ocorrências no mar? E se houver mais que uma ocorrência ao mesmo tempo, estaremos preparados?