Capitalização feita com fundos da TAP? “Na minha opinião não”

© Facebook /Tap

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações do governo PSD/CDS-PP, Sérgio Monteiro, respondia a perguntas do deputado Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, na comissão de inquérito à TAP, sobre os designados fundos Airbus, que permitiram capitalizar a companhia com 226,75 milhões de euros, com recurso a fundos que a empresa de David Neeleman e Humberto Pedrosa recebeu diretamente da Airbus e terão sido entregues como contrapartida de um negócio de ‘leasing’ de 53 aviões pelo fabricante europeu.

Sérgio Monteiro começou por explicar que a informação recebida pela Parpública por parte da Atlantic Gateway indicava que os fundos decorriam da conjugação da alteração de planos relativamente à frota, a encomenda de aviões adicionais e o apoio da fabricante de aviões ao plano estratégico para a companhia aérea.

Quando questionado se rejeitava que a capitalização tinha sido feita com fundos da própria TAP, o que violaria a lei, Sérgio Monteiro respondeu: “na minha opinião não [foi], pelos factos que acabei de relatar”.

O antigo governante tinha também dito que os fundos não poderiam ser utilizados se a companhia não tivesse sido privatizada, sabendo disso “por conhecimento direto”, uma vez que, a pedido do então presidente executivo da TAP, Fernando Pinto, foi o próprio secretário de Estado que explicou o processo de privatização previsto para a companhia ao co-presidente executivo da Airbus.

Naquela altura, Fernando Pinto pediu a intervenção de Sérgio Monteiro, porque considerava ter perdido a credibilidade junto da fabricante de aviões, devido a incumprimento no pagamento inicial relativo à encomenda de 12 aviões A350 e a Airbus ameaçava ficar com 40 milhões de euros que tinham sido adiantados.

Mais tarde, em resposta ao deputado bloquista Pedro Filipe Soares, o ex-governante disse que a operação com a Airbus foi “transparentemente comunicada”.

“Há abundante correspondência na Parpública, ninguém pode dizer que não sabia. Aliás, de um facto secreto de repente temos uma data de gente a vir a esta comissão a dizer que sabia tudo, um bocadinho mais tarde ou um bocadinho mais cedo”, apontou.

Já relativamente ao tema das cartas conforto enviadas aos bancos na altura da privatização, cuja discussão surgiu nos últimos dias, Sérgio Monteiro disse que o que decorre daqueles acordos “é cristalino” e não oferece dúvidas de interpretação, não acompanhando quem diga que o Estado poderia ser obrigado a assumir toda a dívida passada e futura da companhia aérea, em caso de incumprimento dos acionistas privados.

Na quarta-feira, o ex-ministro Pedro Marques (PS) apontou o risco para o Estado resultante do despacho do governo PSD/CDS, em 2015, que autorizou as cartas conforto para os bancos emprestarem dinheiro à TAP, considerando que esta decisão desequilibrou a privatização.

Sérgio Monteiro sublinhou que “no direito potestativo estava previsto que o Estado ficava com uma TAP melhor do que aquela que tinha vendido” e que o acordo seria válido enquanto a dívida financeira líquida não garantida perdurasse no balanço da companhia, ou seja, “os anos necessários para se extinguirem as obrigações que deram origem a direitos potestativos”.

Carlos Guimarães Pinto perguntou ainda a Sérgio Monteiro se, se fosse hoje, voltaria a privatizar a ANA Aeroportos, vendida ’em bloco’ à multinacional francesa Vinci, ao que o ex-governante respondeu que não estava preparado para abordar o tema, mas apontou os “interesses de coesão territorial” que a operação teve em conta.

“Todos os aeroportos eram deficitários, […] a privatização em bloco beneficiou os outros aeroportos, porque Lisboa pagou os défices dos outros”, elaborou, acrescentando que aquele modelo de privatização alinhava também o incentivo para que a ANA ‘cuidasse bem’ da TAP.

Últimas de Economia

As perdas devido a fraudes com cartões e transferências totalizaram 8,9 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, acima dos cinco milhões de euros do primeiro semestre de 2023, segundo dados do Banco de Portugal.
As vendas a retalho aumentaram, em março, 1,5% na zona euro e 1,4% na União Europeia (UE), face ao mês homólogo e recuaram 0,1% em ambas na comparação mensal, divulga hoje o Eurostat.
As renegociações de crédito à habitação voltaram a recuar em março, para 430 milhões de euros, menos 39,6% em termos homólogos e 34 milhões de euros face a fevereiro, de acordo com dados hoje divulgados pelo regulador bancário.
O preço médio da eletricidade doméstica na União Europeia (UE) permaneceram praticamente estáveis, no segundo semestre de 2024, e acima dos níveis registados antes da crise energética de 2022, com Portugal a apresentar o maior aumento (14,2%).
O preço médio do gás doméstico na União Europeia (UE) aumentou, no segundo semestre de 2024, para 12 euros/100 kWh, com Portugal a apresentar o mais elevado (16,6 euros) em paridade de poder de compra, divulga o Eurostat.
O Governo prorrogou o prazo para a comunicação de faturas de abril até à próxima sexta-feira, depois da denúncia da Ordem dos Contabilistas relativamente a falhas persistentes no Portal das Finanças.
O Novo Banco aprovou uma redução do capital em 1.100 milhões de euros, que vai ser distribuído pelos acionistas, no valor de 2,20 euros por ação, foi hoje comunicado ao mercado.
A Deco avançou com uma ação judicial contra a Apple devido às sobretaxas de ‘streaming’ de música, acusando a tecnológica de abusar da sua posição no mercado, e exige que os consumidores sejam compensados.
A União Europeia (UE) multou hoje o TikTok em 530 milhões de euros, depois de uma investigação ter concluído que as transferências de dados da aplicação para a China violaram as regras de privacidade da UE, avança a Associated Press.
A taxa de inflação homóloga terá aumentado para 2,1% em abril, mais 0,2 pontos percentuais do que no mês anterior, segundo a estimativa rápida divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).