Vírus sincicial responsável por 6,7% das hospitalizações de crianças até 5 anos

O vírus sincicial respiratório (RSV) foi responsável pela hospitalização de mais de 26 mil crianças com infeção respiratória aguda entre 2015 e 2018, representando 6,7% do total dos internamentos até aos 5 anos, refere um estudo hoje divulgado.

“O RSV é responsável por um número substancial de internamentos em crianças, especialmente durante o seu primeiro ano de vida. As hospitalizações são principalmente motivadas por crianças saudáveis”, adianta o estudo de um grupo de profissionais de saúde sobre a carga e gravidade das hospitalizações resultantes deste vírus em Portugal.

De acordo com a investigação financiada pela Sanofi e disponibilizada na plataforma de publicações científicas Wiley, entre 2015 e 2018, os 26.062 casos de internamentos devido ao vírus e com infeção respiratória aguda “representaram 6,7% das hospitalizações por todas as causas de crianças com menos de 5 anos e 23,4% depois de excluídas as hospitalizações relacionadas com as rotinas de nascimento”.

Segundo o estudo, que defende a necessidade de um sistema universal de vigilância para orientar as estratégias de prevenção, as crianças com menos de 2 anos representaram 96,3% dos casos e 67,1% de todas as hospitalizações ocorreram nos primeiros seis meses de idade.

Os dados agora divulgados indicam ainda que a taxa de hospitalização anual específica por RSV durante as épocas epidémicas analisadas foi de 23,8 por 1.000 crianças com menos de 12 meses, de 3,0 entre os 12 e 23 meses e de 0,4 entre 24 e 49 meses.

Um marcador de gravidade respiratória foi reportado em 5.193 (71,7%) dos casos específicos de RSV, enquanto a ventilação mecânica invasiva foi utilizada em 106 casos (1,5%), a ventilação não invasiva em 591 (8,2%) e a suplementação de oxigénio em 4.209 (58,1%).

Durante o período de estudo, as nove mortes entre os 7.243 casos específicos do RSV resultaram numa taxa de mortalidade hospitalar de 0,1%, com oito das nove mortes a ocorrerem em crianças com menos de 2 anos.

Os custos médicos diretos totais das hospitalizações específicas por RSV foram de 7,1 milhões de euros entre 2015 e 2018, com um custo médio anual de 2,4 milhões de euros.

“Estima-se um custo anual de 2,4 milhões de euros para as hospitalizações específicas do RSV, maioritariamente impulsionadas por crianças anteriormente saudáveis e com menos de 2 anos. Estas estimativas podem ser apenas a ponta do icebergue, uma vez que só incluem custos diretos e não incluem doentes tratados no privado ou no ambiente ambulatório”, adiantam as conclusões.

Os investigadores concluíram ainda que as “crianças estão em maior risco de internamento durante o primeiro ano de vida, embora também tenha sido observado um número não negligenciável de internamentos em crianças mais velhas”.

Em Portugal os surtos por vírus sincicial respiratório ocorrem tipicamente entre outubro e novembro e abril e maio, com o estudo a salientar que nascer antes ou durante a época epidémica parece aumentar o risco de internamento, mas as crianças nascidas durante os meses de verão também estão em risco.

“Estas conclusões salientam a necessidade de um sistema eficaz de vigilância do RSV, estratégias de prevenção bem definidas e uma nova solução preventiva que possa ajudar a alargar a proteção a todas as crianças”, alerta o estudo.

As manifestações clínicas do vírus sincicial podem variar de infeções respiratórias leves a graves, incluindo bronquiolite e pneumonia.

Este vírus é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 5 anos e os sintomas e gravidade podem variar com vários fatores como a idade ou o estado saúde. Os mais frequentes são tosse, secreções nasais e oculares, febre e dificuldades em respirar.

O estudo foi realizado pelos profissionais de saúde Teresa Bandeira, Mafalda Carmo, Hugo Lopes, Catarina Gomes, Margarida Martins, Carlos Guzmán, Mathieu Bangert, Fernanda Rodrigues, Gustavo Januário, Teresa Tomé e Inês Azevedo.

Últimas do País

A Inspeção-geral da Saúde está a analisar se há indícios de responsabilidade financeira em três conselhos de administração do hospital de Santa Maria, incluindo o que foi liderado pela ministra da saúde, Ana Paula Martins.
A Transtejo foi hoje alvo de buscas por suspeitas de fraude na obtenção de subsídios, estando em causa 17 milhões de euros, anunciou a Polícia Judiciária, indicando que a operação decorreu de um inquérito dirigido pela Procuradoria Europeia.
Portugal teve a segunda maior quebra no índice de produtividade do trabalho agrícola, de 10,7%, em 2025, tendo o indicador aumentado 9,2% na UE em comparação com o ano anterior, divulga hoje o Eurostat.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) alertou hoje para esquemas de recomendações de investimento fraudulentos em redes sociais, em particular em grupos de WhatsApp, que podem servir como um meio para manipulação de mercado.
Um homem de 29 anos foi detido hoje em Lisboa por suspeita de crimes de abuso sexual sobre uma mulher de 21 anos que se encontrava alegadamente em estado de embriaguez, informou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Três pessoas foram detidas e várias armas foram apreendidas hoje de manhã no âmbito de uma operação de prevenção criminal nas freguesias dos Olivais e Marvila, em Lisboa, disse à Lusa fonte da PSP.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) estendeu esta quarta-feira o aviso laranja emitido para seis distritos do norte e centro de Portugal continental devido à previsão de agitação marítima forte até sábado. O IPMA tinha emitido anteriormente aviso laranja até quinta-feira.
A ministra da Administração Interna admitiu hoje que “correu mal” nos aeroportos portugueses a introdução do novo sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários, mas recusou que seja da "exclusiva responsabilidade" da PSP.
Uma embarcação de pesca que se encontrava nas imediações conseguiu resgatar três dos sete tripulantes da embarcação, mas um deles não resistiu. Há ainda registo de quatro pescadores desaparecidos.
Uma dificuldade técnica no sistema de controlo de fronteiras está a provocar “tempos de espera elevados” no aeroporto de Lisboa, que atingiram hoje de manhã três horas, segundo a PSP, que garante estar a trabalhar “na capacidade máxima”.