Pelo menos 100.000 pessoas fugiram da Bielorrússia nos últimos três anos

©D.R.

Pelo menos 100.000 pessoas fugiram da Bielorrússia nos últimos três anos devido à repressão governamental, declarou hoje a Alta-Comissária adjunta das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, denunciando abusos sistemáticos que ocorrem no país.

“Algumas das violações dos direitos humanos que temos documentado podem ser consideradas crimes contra a humanidade, tendo em conta o seu caráter dirigido, intencional e sistemático contra a população civil pela sua alegada oposição ao Governo”, afirmou Nada Al-Nashif, durante o debate dedicado à Bielorrússia no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Segundo a Alta-Comissária adjunta, nos últimos três anos, as autoridades bielorrussas detiveram arbitrariamente dezenas de milhares de pessoas, muitas por participarem nos protestos após as eleições de 2020 — contestadas pela oposição devido a uma alegada fraude -, mas também outras 1.500 pessoas em manifestações em 2022 contra a invasão da Ucrânia.

Nada Al-Nashif apresentou no debate um relatório do Escritório do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no qual estão documentadas pelo menos cinco mortes no contexto dos protestos de 2020, e acusou as forças de segurança bielorrussas de utilização desproporcional da força tanto nestas manifestações quanto nos protestos antiguerra de 2022.

“Também documentámos a utilização generalizada e sistemática de tortura e maus-tratos contra opositores do governo, muitas vezes em veículos da polícia, esquadras e centros de detenção”, disse ele.

A ONU recolheu pelo menos uma centena de casos de violência sexual contra alguns destes detidos, incluindo quatro menores, e recebeu denúncias de outros 180, incluindo violação e nudez forçada.

Nada Al-Nashif censurou a recente condenação de jornalistas, líderes sindicais, ativistas ou personalidades como a líder da oposição no exílio Svetlana Tikhanovskaya [julgada à revelia] e o ativista e vencedor do Prémio Nobel da Paz Ales Bialiatski.

“A maioria dos meios de comunicação independentes foram declarados extremistas pelas autoridades, assim como a Associação de Jornalistas da Bielorrússia”, lembrou a Alta-Comissária adjunta, que também denunciou o encerramento de centenas de organizações não-governamentais (ONG) nos últimos meses.

Al-Nashif apontou recentes mudanças legislativas na Bielorrússia que permitem julgamentos à revelia ou o aumento do espetro para a aplicação da pena de morte.

Lembrou ainda alterações legais permitem retirar a cidadania a pessoas acusadas de “participar em atividades extremistas”, nomeadamente por atos como insultar o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, participar em manifestações violentas ou causar danos ao património público.

Últimas do Mundo

O GPS do avião utilizado pela presidente da Comissão Europeia numa visita à Bulgária foi alvo de interferência e as autoridades búlgaras suspeitam que foi uma ação deliberada da Rússia.
Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas na sequência de um sismo de magnitude 6 e várias réplicas no leste do Afeganistão na noite de domingo, anunciou hoje o Governo.
Pelo menos três civis morreram e seis ficaram feridos em ataques russos na região ucraniana de Donetsk nas últimas 24 horas, declarou hoje o chefe da administração militar regional, Vadim Filashkin, na rede social Telegram.
Um navio de guerra norte-americano entrou no canal do Panamá em direção às Caraíbas, testemunhou a agência France-Presse, numa altura em que os planos de destacamento militar de Washington naquela região está a provocar a reação venezuelana.
O número de fogos preocupantes em Espanha desceu de 12 para nove nas últimas 24 horas, mas "o final" da onda de incêndios deste verão no país "está já muito próximo", disse hoje a Proteção Civil.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou que mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kyiv, na Ucrânia.
O Governo de Espanha declarou hoje zonas de catástrofe as áreas afetadas por 113 grandes incêndios no país nos últimos dois meses, 15 dos quais continuam ativos, disse o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska.
Mais de dois mil milhões de pessoas ainda não têm acesso a água potável em condições de segurança, alertou hoje a ONU num relatório que expressa preocupação com o progresso insuficiente na cobertura universal do fornecimento de água.
O primeiro-ministro israelita saudou hoje a decisão do Governo libanês, que aceitou a proposta norte-americana sobre o desarmamento do Hezbollah, e admitiu retirar as forças de Israel do sul do Líbano.
Espanha continua com 14 fogos preocupantes que mantêm desalojadas mais de 700 pessoas e confinadas outras mil, após semanas de "terríveis incêndios" cujo combate é neste momento favorável, mas lento, disse hoje a Proteção Civil espanhola.