“A parentalidade é adiada devido aos baixos salários que asfixiam as famílias”

Marta Trindade nasceu a 22 de setembro de 1979, no Barreiro e é vice-presidente da Direção Nacional do CHEGA. É arquiteta e nunca militou em qualquer partido, mas sempre esteve atenta à forma como têm sido conduzidos os destinos do país. É casada, mãe de um rapaz e apaixonada pelo desenho e por animais.

 

Faz este mês dois anos que integra a direção do partido CHEGA como vice-presidente, tendo integrado a mesma na Convenção de Coimbra, em 2021, e depois as várias direções que se sucederam. Qual entende ser o papel da mulher na política?

Entendo que deve ser equivalente ao do homem, ou seja, de compromisso total. Não defendo que tenha de ser diferenciado, aliás, sou desfavorável a quotas ou outras imposições com base no sexo. Cada indivíduo deve ser reconhecido pelo seu mérito, competência e na política soma-se ainda aquilo a que chamo de espírito de abnegação e um enorme sentido de dever.

 

Na sua opinião, as mulheres têm suficiente representação no CHEGA?

Têm a representação que é natural e não aquela que é imposta. Não entendo que uma participação igualitária entre mulheres e homens no CHEGA seja essencial para o sucesso do mesmo.

Não há nenhuma mulher no nosso partido que possa ver o seu percurso interno ser mais ou menos relevante, pelo facto de ser mulher. Se existimos em menor número, é por uma questão de não envolvimento natural, e nada mais.

Reforço que valor das pessoas deve residir na forma empenhada como se dedicam a qualquer causa seja ela política, profissional, social ou familiar.

 

Portugal é o quinto país mais envelhecido do mundo, de acordo com os dados fornecidos pela Aging In Place, que resultam de um estudo de 30 países da OCDE. O que é que deve ser feito para inverter esta tendência?

Aquilo a que assistimos é a inabilidade reiterada deste governo em invertê-la. Com uma maioria absoluta e a vontade política certa esperava-se que fossem implementadas medidas estruturantes. É essencial promover a natalidade, mas primeiro temos de devolver ao país a capacidade de reter e atrair jovens qualificados dando-lhes condições para adquirir habitação própria e constituir família. E para tal é imperativo promover a criação e manutenção de postos de trabalho, remunerados de forma justa, algo que só se consegue alcançar se existir um estímulo eficaz ao crescimento económico.

Contrariamente, aquilo que este governo nos ofereceu foi a maior carga fiscal de sempre.

 

Entende que a imigração pode ser a solução para resolver os problemas de natalidade com que o nosso país se defronta, tal como sugerem alguns partidos?

Sem controlo, não será a solução, de forma nenhuma. Pelo contrário, pode ser um problema para o país, ao sobrecarregar recursos e serviços públicos, afetar negativamente o mercado de trabalho local, gerar tensões sociais e culturais, além de possibilitar o aumento a criminalidade, especialmente quando se trata de imigração ilegal.

Primeiramente, o país terá de garantir que tem condições para receber e integrar adequadamente imigrantes sem que isso afete negativamente os que cá estão.

 

Estudos na área da demografia indicam que os portugueses têm muito menos filhos do que aqueles que desejam. Quais as políticas públicas que o CHEGA propõe para dar mais condições às famílias para terem os filhos?

Sem dúvida o adiar da parentalidade é o reflexo de um estrangulamento provocado por salários baixos e custo de vida elevado.

Os problemas demográficos resolvem-se primeiramente com políticas pró-família. O CHEGA tem vindo a apresentar diversas propostas que versam apoios diretos a famílias com filhos. Destacaria por exemplo, que o CHEGA apresentou uma proposta que considero original e consistia na atribuição de uma compensação aos avós que requeressem a reforma antecipada, para cuidar de netos até aos 3 anos de idade.

Outra proposta também original e que não acolheu os votos favoráveis da maioria socialista, permitiria que as empresas pudessem beneficiar, da isenção de contribuições à segurança social, se celebrassem contrato sem termo com quem tenha filhos até aos 3 anos de idade. Mas mais uma vez faltou sensibilidade aos decisores políticos.

 

A doutrinação ideológica nas escolas portuguesas, nomeadamente na escola pública, tem sido uma realidade cada vez mais evidente, com casos como os da família Mesquita Guimarães a mostrarem a vontade cada vez maior do Estado educar as crianças. Como é que o CHEGA pensa proteger as crianças e famílias desta realidade?

Um dos maiores falhanços deste governo, mas também uma das mais intoleráveis intromissões em matéria de educação é o estado querer subtrair às famílias uma das suas mais sagradas obrigações, Educar.

A educação não pode ser ideologicamente programada por nenhum governo, nem as políticas educativas podem se instituir como veículos de imposições autoritárias que não respeitam o papel da família no processo educativo nem a relação ímpar entre pais e filhos. É por isso entendemos que a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento obrigatória, viola os direitos mais elementares da família por lhe ser vedada, precisamente, a possibilidade de escolha.

Terá sempre a nossa forte oposição tal como está.

 

Últimas Entrevistas

Licenciado em Engenharia Zootécnica, Luís Mira é Secretário-Geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) desde 1999 e Membro do Conselho Económico e Social (CES). É ainda Membro do Conselho Económico e Social Europeu (CESE), desde 2006.
A esquerda acha-se no direito de lutar por quaisquer meios (…) o que significa que o terrorismo de esquerda se torna aceitável.
osé Bourdain nasceu em Lisboa em 1971. É licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Mestre em Ciência Política. Iniciou a sua atividade profissional aos 16 anos no sector social/saúde/educação e fundou a Cercitop (cooperativa sem fins lucrativos) em 1998, onde é o Presidente do Conselho de Administração. Em 2013 criou a Tourism for All – Operador Turístico que trabalha o Turismo Para pessoas com deficiência e ajudou a fundar a Associação Nacional dos Cuidados Continuados em 2017, sendo o seu Presidente desde essa data.
Luís Cabral de Moncada é professor de Direito Público e autor de vasta obra (mais de setenta títulos) nos domínios do Direito Constitucional e do Direito Económico e da Regulação. Advoga, é jurisconsulto e colabora regularmente na imprensa com artigos de opinião.
José de Carvalho é Professor e Investigador de História. Tem 44 anos, é casado e pai de dois filhos e nasceu no Marco de Canavezes. Actualmente, vive no Porto. É autor de vários livros sobre História Político-religiosa Contemporânea.

Natividade Barbosa nasceu em Lille (França) em Março de 1985. Empreendedora desde os 18 anos, seguiu o curso técnico de Energias Renováveis. É gestora empresarial no ramo das energias renováveis e consultoria. As energias renováveis são uma solução realista para garantir a soberania energética do nosso país, ou, por outro lado, devem coexistir com outro […]

António Pinto Pereira nasceu em Luanda em 1964. É advogado e professor universitário com 30 anos de carreira, lecionando atualmente no ISCSP, onde também é investigador e membro integrado do Instituto do Oriente. Autor de mais de trinta livros publicados, António Pinto Pereira é também conhecido dos portugueses por ser comentador regular de temas jurídicos […]

Ventura está convicto que o CHEGA vai mesmo disputar as eleições na Região Autónoma da Madeira e que as dificuldades que o partido está a enfrentar devem-se apenas a manobras de secretaria, que visam afastar das urnas a única força política anti-corrupção. Temos assistido a vários pedidos para impugnar as listas do CHEGA nas próximas […]

Patrícia Almeida nasceu há 42 anos em Lisboa e vive em Loures. Licenciada em Gestão e Administração Pública e Mestre em Sociologia, é deputada municipal e membro efetivo da Comissão de Saúde, da Comissão do Território, Mobilidade, Urbanismo, Habitação e Turismo e da Comissão Eventual de Acompanhamento da JMJ na Assembleia Municipal de Loures, tendo […]

José Barreira Soares completa o seu 47º aniversário já no próximo dia 24 de agosto. Nasceu em Lisboa, é empresário de profissão e um fervoroso adepto do Benfica. Relativamente aos poucos tempos livres que tem, o vereador eleito pelo CHEGA em Vila Franca de Xira em setembro de 2021 gosta de ler, praticar kickboxing e […]