9 Maio, 2024

“A tourada desperta em nós um sentimento profundo que toca no coração de quem a sente e de quem a vê.”

© Tristão Ribeiro Telles

Tristão Ribeiro Telles Guedes de Queiroz nasceu a 22 de abril de 2001.

Neto de Mestre David Ribeiro Telles, uma das maiores referências do toureio a cavalo português, e de Eduardo Guedes de Queiroz, ganadeiro de Herdeiros Conde de Cabral.

Nasceu no seio do mundo rural, alimentou desde terna idade o sonho de ser toureiro a cavalo, tendo concretizado esse sonho na praça de Coruche a 1 de agosto de 2014 numa garraiada e tirou a prova de praticante no dia 30 de setembro de 2021, na corrida comemorativa do 120° aniversário da praça de touros Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, num cartel de prestígio perante toiros da ganadaria Palha.

A tourada confunde-se com a cultura e a tradição portuguesa, mas alguns movimentos consideram-na uma atividade bárbara e anacrónica. Na sua opinião, o que faz da tourada uma arte?  

Na minha opinião a tourada é uma arte pois desperta em nós um sentimento profundo que toca no coração de quem a sente e de quem a vê. É uma arte que ou se gosta ou não se gosta, mas que quem gosta move montanhas por ela, toca na emoção de quem a vê e de quem a pratica!

Teme que os movimentos animalistas possam vir a pôr em causa a continuidade da ‘festa brava’?

 Na minha opinião, não. Penso que a tauromaquia só pode ser posta em causa por razões políticas, porque os movimentos animalistas, apesar de nos atacarem, penso que não têm força suficiente para a restringir. Não temo que a `festa brava´possa deixar de ter continuidade por causa dos ditos movimentos animalistas, tanto não temo que escolhi dedicar-me a viver exclusivamente em prol da tauromaquia.

A pandemia veio afetar a realização de espetáculos e a tauromaquia não foi exceção. Como estão as touradas em termos afluência de público?

A pandemia afetou a nossa economia, mas felizmente na tauromaquia não se tem notado défice de público nas praças, antes pelo contrário o público tem correspondido de forma bastante positiva, mesmo agora que atravessamos uma crise económica os aficionados e não só têm esgotado praças.

Em 2020 foi aprovada a subida da taxa de IVA dos espetáculos tauromáquicos de 6% para 23%. O mundo do toureio e os seus artistas sentem-se discriminados pelo governo? 

 Claro que nos sentimos discriminados pelo facto de a tauromaquia ter uma taxa de IVA superior as todas as outras atividades culturais. Em primeiro lugar porque a tauromaquia, sendo definida pela Constituição como cultura, não deveria, de forma alguma, ser discriminada. Em segundo lugar, a tauromaquia é uma das atividades culturais com mais peso económico e não devemos esquecer-nos que a mesma gera muitos postos de trabalho.

Que políticas públicas deveriam ser desenvolvidas para apoiar as atividades tauromáquicas? 

  Julgo que as políticas públicas a adotar/desenvolver para apoiar o nosso setor deveriam passar, antes de mais, pela criação de uma lei de bases da cultura, onde a tauromaquia fosse devidamente reconhecida como atividade cultural de caracter estratégico para o país.

Para além disso, deveria ser corrigida a injustiça do IVA nos espetáculos tauromáquicos, repondo à taxa nos 6%, bem como o regresso das transmissões das corridas de touros à televisão e a aplicação da taxa de IVA para 6% do aluguer de toiros bravos para os espetáculos, entre outras medidas.

 

Quando tomou a decisão de se dedicar ao toureio a cavalo?

 Bom, acho que não foi uma decisão tomada de um momento para o outro. Desde que me lembro que digo que quero ser toureiro a cavalo, nasci com essa paixão e com essa vontade e faço os possíveis e impossíveis para o tornar real. É uma paixão que vive dentro de mim e que se torna cada vez maior.

Como é ser um jovem toureiro a cavalo na atualidade, com todos os constrangimentos que existem, nomeadamente do ponto de vista financeiro? 

Ser toureio nos dias de hoje é muito difícil. Acho que é uma profissão que para a exercer tem mesmo de se gostar, e exige uma dedicação a 100%. Quando se é toureiro não se tem horários, temos muitas responsabilidades e ser toureiro a 100% implica algum investimento financeiro que muitas vezes não tem retorno. No entanto, quando se quer realmente uma coisa, faz se tudo por ela e esta profissão requer muita entrega e dedicação.

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