As escolhas políticas de uma sociedade são o reflexo dos desejos, das prioridades, das esperanças e das opiniões livres do Povo que a compõe. Como tal, quer gostemos deles, ou não, há um insuperável dever de respeito para com os líderes e os partidos eleitos, pois os mesmos representam a voz de alguém, estando o seu mandato revestido de um manto de legalidade que emana de votos realizados no integral cumprimento de direitos cívicos inalienáveis.
Sendo assim, é estranha e caricata a atitude de certos comentadores e de outros tantos militantes de outras cores políticas relativamente ao CHEGA, especificamente a sua notória falta de capacidade para reconhecer a legitimidade política do nosso partido e até a sua apetência para classificar aqueles que (em crescente número) se identificam com o nosso programa como uma espécie de aberração anti-democrática, que está inevitavelmente destinada à extinção. Infelizmente, esta propositada e assumida miopia intelectual falha a vários níveis, impedindo uma análise objectiva do país onde vivemos. Caso assim não fosse e caso aqueles que hoje passam tanto do seu tempo a gritar ‘fascistas!’ e ‘racistas!’ tivessem a humildade cívica para ouvir as inquietações das gentes que, do Minho às autonomias atlânticas, dão corpo a Portugal, então chegariam à conclusão de que o CHEGA é, entre tantos outros aspectos, a voz daqueles que estão fartos das derrapagens nos orçamentos das obras públicas, das injecções milionárias de dinheiro público na TAP, dos indecorosos bónus que os banqueiros pagam a si mesmos e dos escândalos que pautam a incompetência com que a Causa Pública é gerida.
Mas não nos ficamos por aqui. O CHEGA é a voz daqueles que estão fartos de um sistema onde a corrupção e o amiguismo valem mais que a honra e a meritocracia. Onde as cunhas e o servilismo empurram para o desemprego e para a emigração os jovens que procuram uma vida com dignidade. Onde a mediocridade e a impunidade se tornaram formas de viver. E onde o capitalismo selvagem e a especulação sem freio relegam para as periferias ou para a casa dos avós as famílias trabalhadoras que se tornaram presenças estranhas e indesejadas nas cidades caras do seu próprio país.
É tão simples quanto isso. E de nada importa que nos chamem de populistas, que nos rotulem de xenófobos ou que nos apelidem de misóginos. De nada serve que tapem os olhos, cubram os ouvidos ou nos excluam dos painéis de certos órgãos de comunicação (dita) social. A mira falha o alvo, pois, deste lado, por detrás das causas que nos unem, há espaço para todos – e há sempre espaço para mais um. Para os que acreditam num país melhor. Para os que exigem uma política mais responsável. Para os que confiam numa governação mais humanista. Para as mulheres que sabem que são muito mais que o seu género. Para os cidadãos que sabem que são muito mais que a cor da sua pele ou a sua orientação sexual. Para os pais e para as mães que acreditam no valor da família. Para os trabalhadores que acreditam do princípio da equidade. Para os querem ser mais do que um número nas estatísticas. E até para aqueles que, não tendo nascido cá, vieram para cá por bem, sentem esta terra como sua, respeitam a universalidade desta língua, abraçam a riqueza desta cultura milenar e querem contribuir honradamente para a Nação com o seu esforço e a sua dedicação.
O que lhes incomoda – a esses que são pequeninos porque se recusam a ver – é que cá estamos e por cá estaremos. Pelos cinquenta por cento das famílias trabalhadoras que vivem com menos de novecentos euros por mês. Pelos setenta por cento dos pensionistas que recebem menos de quatrocentos euros por mês. Pelas empresas e cidadãos que pagam impostos trinta e dois por cento acima da média europeia. Pelos milhares que vivem no limiar da pobreza ou numa pobreza escondida. Pelos que tanto sofrem e não são ouvidos – mas mesmo assim não desistem. É essencialmente por eles que aqui estamos. E é também por isso que, cada vez mais, para calar o CHEGA, terão de calar Portugal.