O narcotráfico continua a prosperar no Sahel graças a grupos armados não estatais muito ativos, disse hoje o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), no seu mais recente Relatório Mundial sobre Drogas.
Segundo o levantamento, as quantidades de cocaína apreendidas no Sahel – Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade – aumentaram no ano passado.
As maiores apreensões foram feitas em Burkina Faso (488 quilogramas), Mali (160 quilogramas) e Níger (215 quilogramas), e “provavelmente são apenas a ponta do iceberg de fluxos não detetados muito maiores”, observa o relatório.
Na maioria dos países do Sahel, o tráfico de drogas é organizado “por grupos criminosos com fins lucrativos”, observa o levantamento.
Estes grupos armados, que se juntaram às redes tradicionais de traficantes, financiam-se sobretudo através de pagamentos em troca de proteção ou passagem segura pelas áreas que controlam.
Há anos que o Mali, Níger e Burkina Faso, três dos Estados mais pobres do mundo, enfrentam criminosos armados ou grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico do Grande Saara.
O painel de especialistas no Mali, citado no relatório, aponta que grupos armados de várias alianças foram implicados no transporte de remessas de drogas, incluindo cocaína e resina de canábis, ilustrando que os mercados ilícitos fornecem recursos financeiros.
Além da cocaína, a canábis continua a ser “a droga mais apreendida no Sahel”, com 36 toneladas em 2021, “um recorde”, segundo o relatório.
As maiores quantidades também foram intercetadas no Mali, Burkina Faso e Níger.
Nos países costeiros da África Ocidental, são feitas regularmente grandes apreensões de drogas em trânsito geralmente entre a América Latina e a Europa: em abril de 2022, mais de duas toneladas de cocaína foram intercetadas, em particular na Costa do Marfim.