Kyiv rejeita “paz abstrata” que permita imposição da Rússia

© MFA

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, rejeitou hoje na ONU os apelos a uma “paz abstrata” feitos por diversos países e comentadores, considerando que estes pretendem sobretudo favorecer a Rússia.

“Continuamos a ouvir alguns apelos a uma paz abstrata, mas a maioria não pretende de facto dizer paz, antes outra coisa”, disse Kuleba num discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida para discutir a situação na Ucrânia.

Segundo o ministro, quando alguém pede a Kyiv para se sentar à mesa das negociações e pôr termo à guerra, “o que realmente estão a dizer é que seja permitido à Rússia manter a terra que roubou e continuar a matar, torturar, violar e intimidar as pessoas dos territórios ocupados”.

“Outros dizem cinicamente que a Ucrânia está a prolongar a guerra. O que na realidade dizem é que a Ucrânia se deve render e deixar que a Rússia termine quanto antes o seu genocídio”, insistiu.

“Também escutamos vozes que pedem o fim do envio de armamento à Ucrânia porque não ajuda à paz. Parece fantástico, mas o que essa gente quer realmente dizer é que se deixe a Ucrânia indefesa”, acrescentou.

Kuleba frisou que, após ter resistido a quase um ano e meio de guerra, a reposta da Ucrânia a todas estas sugestões é “não e outra vez não”.

“Não a um genocídio sob o pretexto da paz. Não a um falso pacifismo que justifica os crimes do agressor. Não a concessões territoriais na perspetiva de uma ilusão de paz”, adiantou.

No seu discurso, Kuleba denunciou uma vez mais o sofrimento da população civil, recorreu ao testemunho de crianças atingidas pela guerra e pediu a todos os governos, que ainda não o tenham decidido, a abandonarem a neutralidade e considerarem juntar-se às garantias de segurança para o país prometidas pelos membros do G7.

A Rússia, que interveio de seguida, considerou que o prosseguimento da guerra é da responsabilidade do “regime fantoche” de Volodymyr Zelensky, e sobretudo das potências ocidentais.

“Hoje, a Rússia enfrenta na Ucrânia sobretudo Washington e os seus aliados da NATO, que estão a combater numa guerra indireta contra a Rússia até que caia o último ucraniano”, disse o embaixador adjunto junto da ONU, Dmitry Polianskiy.

O diplomata considerou ainda que o ocidente deve entender que não vai ganhar a guerra no campo de batalha e reiterou que Moscovo continuará no país vizinho até à conclusão de todos os objetivos fixados na sua intervenção.

A ofensiva militar russa em curso no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kyiv e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Últimas de Política Internacional

O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai reunir "os principais países europeus" em Paris, na segunda-feira, para discutirem a "segurança europeia", confirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot.
O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump manifestou sexta-feira preocupação com o que diz ser uma ameaça ao "direito à liberdade de expressão" na Europa, no seguimento de declarações semelhantes do seu vice-presidente, JD Vance.
O vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, disse hoje que os Estados Unidos estão empenhados na "independência soberana" da Ucrânia referindo-se às negociações com a Rússia.
O Senado norte-americano confirmou hoje Robert F. Kennedy Jr. como secretário da Saúde do Governo do Presidente Donald Trump, apesar da forte oposição de democratas e cientistas, que criticam em particular as suas posições antivacinas.
O Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, defendeu hoje que a iniciativa do Presidente norte-americano, Donald Trump, de chegar a acordo com a Rússia sobre a guerra da Ucrânia “não é uma traição” a Kiev.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu hoje que o partido de direita radical alemão AfD e a respetiva candidata ao cargo de chanceler são o futuro da Alemanha, enquanto Alice Weidel elogiou a Hungria como um modelo a seguir.
A Presidência da Rússia rejeitou hoje a proposta sobre a troca de territórios ocupados entre Kiev e Moscovo como parte das negociações de paz, uma possibilidade defendida pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
A Comissão Europeia decidiu hoje levar Portugal perante o Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) por falhas na transposição da diretiva sobre créditos não produtivos (NPL, na sigla inglesa), foi hoje divulgado.
O número de passagens irregulares nas fronteiras da União Europeia (UE) manteve, em janeiro, a tendência em baixa observada em 2024, tendo recuado 22% na comparação homóloga, segundo dados da Frontex.
Os eurodeputados portugueses do PS, AD, IL, BE e PCP salientam à Lusa a necessidade de medidas para proteger a União Europeia (UE) contra 'fake news' e desinformação, enquanto o CHEGA diz que a UE as produz.