Política orçamental do próximo ano será ligeiramente restritiva e pró-cíclica

A UTAO considerou hoje que a política orçamental do Governo prevista para 2024 será “ligeiramente restritiva e pró-cíclica”, com uma ligeira consolidação orçamental em contexto de deterioração da conjuntura.

© DR

“Para 2024, caso se concretizem as previsões da POE/2024 [Proposta de Orçamento do Estado para 2024], a política orçamental será ligeiramente restritiva e pró-cíclica, visto que a melhoria residual do saldo primário estrutural deverá acontecer durante o encurtamento do hiato do produto”, lê-se na apreciação preliminar feita ao documento pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

Segundo os técnicos que dão apoio aos deputados no parlamento, em 2024 haverá “uma ligeira consolidação orçamental em contexto de deterioração da conjuntura”, já que “o hiato do produto, continuando positivo, deverá fechar um pouco (-0,6 pontos percentuais de PIB [Produto Interno Bruto] potencial)”.

A UTAO refere ainda que, “feitas as contas aos dados da POE/2024, a política orçamental no ano em curso de 2023 deverá ser restritiva num contexto de manutenção do hiato do produto”.

“O PIB observado deverá crescer ao mesmo ritmo que o produto potencial (2,2%), e o hiato do produto valerá + 1,6% do produto potencial em 2023 (3.302,2 milhões de euros)”, precisa.

Na análise hoje divulgada, a UTAO saudou o “fim do crivo” do Ministério das Finanças para “libertar a utilização de dotações a título excecional”, mas referiu que “não se compreende por que é que o instrumento cativações continua a existir”.

A entidade “tem justificado muitas vezes a ineficiência económica dos instrumentos convencionais (com exceção da dotação global) e dos instrumentos não convencionais de controlo da despesa e a sua inutilidade para limitar a despesa”.

Para a UTAO, “se se quer limitar a despesa, é mais transparente e mais barato assumir isso mesmo nos tetos de despesa propostos ao parlamento para aprovação”, indicando que “a continuação das cativações em 2024, ainda que sem o poder de veto da área política das Finanças quanto à sua libertação, parece esquecer o elevado custo administrativo das entidades públicas e das tutelas indispensável para, primeiro, colocar cativações no orçamento inicial e para, depois, conseguir a libertação das dotações e as consequentes alterações orçamentais”.

Últimas de Economia

A ANTRAM lamentou hoje que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 tenha deixado cair a isenção das mais-valias na venda de viaturas usadas pelas empresas de transporte, uma medida que estava no atual Orçamento.
A redução dos custos com mercadorias vendidas e matérias consumidas impulsionou uma subida de 12,2% do EBITDA das empresas em Portugal em 2023, num ano em que também aumentou a percentagem de empresas com prejuízo (37,8%).
As operações para garantir a execução do Portugal 2030 (PT 2030) e o encerramento do Portugal 2020 (PT 2020) devem ser regularizadas, no máximo, até ao final do exercício orçamental de 2026, foi anunciado.
A taxa de inflação homóloga fixou-se em 2,1% em setembro, mais 0,2 pontos percentuais que em agosto, confirmou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O Tribunal Constitucional rejeitou ser inconstitucional a forma como a lei da concorrência determina as coimas às empresas, de 10% da faturação, num acórdão relativo a um processo em que EDP e Sonae foram condenadas por pacto de não-concorrência.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI), Gonçalo Rodrigues, considera que não existem condições para fiscalizar a obrigação dos contribuintes declararem as gorjetas, tendo em conta a falta de meios organizacionais e humanos da Autoridade Tributária.
O Ministério Público pediu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade do imposto adicional sobre o setor bancário, disse à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
O valor de benefícios fiscais atribuídos em 2023 ascendeu a 3.139 milhões de euros, subindo 9% face ao ano anterior, tendo chegado a quase 86 mil empresas e entidades, segundo as estatísticas da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).
O governador do Banco de Portugal alertou para o crescimento da despesa pública corrente, que está a subir "como não aumentava em muitas décadas".
A economia portuguesa vai crescer 1,6% este ano e 2,1% no próximo, de acordo com as previsões do Banco de Portugal divulgadas hoje no Boletim Económico de outubro, que representam uma revisão em baixa face a junho.