Os dados foram divulgados hoje pela APAV e dão conta do trabalho feito pela Rede de Apoio a Familiares e Amigos de Vítimas de Homicídio e de Terrorismo (RAFAVHT), que ajudou 905 pessoas entre 2013 e 2022.
“No âmbito dos processos de apoio iniciados pela APAV em 2022, pode afirmar-se que 28,6% dos/as autores/as de homicídio tentado e 35,1% dos/as autores/as de homicídio consumado tinham uma relação de intimidade ou familiar com as vítimas”, refere a associação de apoio à vítima.
Segundo a APAV, no caso dos autores de homicídios consumados, cinco eram casados com a vítima, outros três eram companheiro/a, dois eram namorado/a, outros dois eram familiares, e um era irmão.
Nos casos dos homicídios tentados, a situação é semelhante, com três dos casos a terem sido perpetrados pelo ex-companheiro/a, outro pelo ex-namorado/a e ainda outro por um familiar.
A APAV refere que “um homicídio não se resume ao ato em si e às pessoas diretamente envolvidas” e que, por isso, “é fundamental que os/as familiares e amigos/as beneficiem de apoio especializado”.
Entre as 82 pessoas que pediram ajuda através da RAFAVHT, 33 eram homens, dos quais nove por um caso de homicídio tentado e os restantes 24 por casos de homicídios consumados. Entre as 49 mulheres ajudadas, 13 foi na sequência de uma tentativa de homicídio e as restantes por homicídio consumado.
A APAV dá conta que, na origem dos 22 processos de apoio (9 homens + 13 mulheres) por tentativas de homicídio estiveram 18 crimes, enquanto os 60 processos (24 homens + 36 mulheres) por causa de homicídios consumados tiveram por base 27 crimes.
A associação salienta que “o homicídio tem impacto em muitas outras pessoas além das vítimas diretas” e dá conta que, em relação aos casos de tentativa de homicídio, foi sobretudo a vítima (81,82%) quem procurou ajuda, mas também os pais (4,5%) ou os filhos (4,5%), além de pessoas que testemunharam o crime (9%).
Já no caso dos homicídios consumados, as pessoas apoiadas pela APAV eram sobretudo pais das vítimas (31,67%) ou filhos (20%) ou irmãos (25%).
As 82 pessoas ajudadas no ano passado traduziram-se em 466 atendimentos, entre telefónicos, presenciais, por escrito ou por meio de outras plataformas ‘online’. A estes juntaram-se outros 819 atendimentos, relativos a processos de apoio iniciados antes de 2022.
A APAV divulga também os dados mais recentes do Observatório de Imprensa de Crimes de Homicídio em Portugal e de Portugueses no Estrangeiro, segundo o qual houve 88 pessoas assassinadas em Portugal em 2022, 33 das quais em contexto de violência doméstica.
Registo ainda de 17 portugueses mortos no estrangeiro, três dos quais cometidos por pessoas que tinham ou tiveram uma relação de intimidade com a vítima, e outros cinco na sequência de um crime patrimonial.