“Quando a tutela decide um modelo de financiamento das instituições de ensino superior que tem em linha de conta exclusivamente o número de estudantes e considera a utilização de ponderações diferenciadas entre subsistemas, politécnico e universitário, algo não está bem”, afirmou António Fernandes, durante a cerimónia comemorativa do 43.º aniversário do IPCB.
Este responsável considerou que essa “abordagem não está bem”, uma vez que os custos de funcionamento dos politécnicos e das universidades “não são diferentes”.
“Ao existirem diferenças nos ponderadores – considera-se que para a mesma área de formação o custo inerente nas universidades é maior do que nos politécnicos – está a promover-se uma discriminação negativa dos politécnicos e, obviamente, das suas comunidades académicas”, disse.
António Fernandes salientou que esta situação lhe parece “uma colisão com a valorização que a sociedade tem feito ao subsistema politécnico”.
Adiantou ainda que o modelo de financiamento “não considera qualquer mecanismo de compensação” destinado às instituições de menor dimensão localizadas em territórios de menor pressão demográfica.
“Existem custos fixos de funcionamento nas instituições que, pelo conceito que lhes é subjacente, não dependem do número de estudantes”, frisou.
O presidente do IPCB disse também que o potencial ganho implícito a economias de escala “encontra-se, naturalmente, limitado nas instituições de ensino superior mais pequenas e com maior dificuldade em crescer”.
Por isso, realçou que um fator de majoração do peso dos estudantes nas instituições que cumpram estes critérios “deveria ser considerado no modelo de financiamento, a bem da coesão territorial”.
Este responsável sublinhou que as decisões da administração local “terão forte impacto no futuro das instituições”.
Defendeu ainda que o apoio na construção de residências para alojamento estudantil “será um fator diferenciador para as instituições e para os respetivos territórios”.
No que diz respeito ao IPCB, disse que a instituição tem sido capaz de se adaptar, evoluir e transformar, e deu como exemplos a adaptação digital e a adaptação energética.
A adaptação da oferta formativa ao mercado de trabalho e às necessidades da sociedade foram também aspetos realçados pelo presidente do IPCB no seu discurso, tal como a evolução “notável” no número de novos estudantes.
“Em cinco anos, o IPCB cresceu cerca de 1.000 estudantes. O número de novos estudantes inscritos este ano letivo deverá rondas os 2.000, em licenciaturas, mestrados, cursos técnicos superiores profissionais, pós-graduações, unidades curriculares isoladas e microcredenciações”, sustentou.
António Fernandes frisou que a instituição quer “continuar a evoluir e transformar”.
“Estaremos em transformação com a intervenção superior a 5,5 milhões de euros para requalificação energética dos edifícios da Escola Superior Agrária, da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias e da Escola Superior de Tecnologia, com intervenções relacionadas com a aplicação de isolamento térmico, a instalação de novas luminárias LED, bombas de calor e sistemas de produção de energia elétrica com painéis fotovoltaicos”, referiu.
A designação de “Polytechic University” é outro dos aspetos salientado na transformação da instituição.
“O contexto é, e será, sempre muito desafiante. É por isso que insisto na cooperação intra e interinstitucional . Todos seremos responsáveis pelo futuro do IPCB”, concluiu.