Federação critica publicação de diplomas sobre SNS à revelia do acordo com médicos

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) criticou hoje a publicação dos diplomas da dedicação plena e das unidades de saúde familiar à revelia do acordo com os sindicatos e alertou que contêm matérias que são inconstitucionais.

© Facebook/FNAM

“No dia em que aconteceu (…) a demissão do primeiro-ministro e do Governo foi publicado o diploma das Unidades de Saúde familiar e o novo regime de dedicação plena” sem incorporar as propostas que a FNAM tinha para melhorar estes regimes, disse à agência Lusa a presidente da federação, Joana Bordalo e Sá.

A dirigente sindical criticou o facto de os diplomas terem sido publicados unilateralmente pelo Governo “à revelia do acordo com os médicos”.

Para a FNAM, estes regimes contêm matérias que são inconstitucionais, como o aumento dos limites de trabalho extraordinário, o fim do descanso compensatório depois de o médico fazer uma noite.

“Mesmo sendo este regime de dedicação plena um regime voluntário, é obrigatório para os médicos que venham integrar as unidades de saúde familiar e os centros de responsabilidade integrada nos hospitais, o que naturalmente poderá afastar médicos dessas organizações de trabalho porque implica um regime de trabalho que é abusivo e desregulamentado em termos laborais”, avisou.

O SIM e a FNAM tinham hoje mais uma ronda negocial com o Ministério da Saúde, que foi desmarcada na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa, na terça-feira, ao Presidente da República, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.

Joana Bordalo e Sá disse que a reunião foi cancelada na terça-feira à noite “sem explicações” e que a Fnam aguarda agora “com serenidade e tranquilidade” a comunicação do Presidente da República sobre o futuro para perceber quem vai ser o seu interlocutor.

Mas, vincou, “independentemente do que acontecer”, a Federação Nacional dos Médicos mantém “a defesa acérrima pelos direitos dos médicos e do Serviço Nacional de Saúde”,

Questionada sobre se, caso se avance para eleições legislativas, a Fnam desconvoca a greve marcada para os dias 14 e 15 de novembro, Joana Bordalo e Sá afirmou que, por agora, mantém tudo que está agendado, nomeadamente a deslocação a Bruxelas no próximo dia 17.

Uma delegação da Fnam irá reunir-se com os eurodeputados e a comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, para apresentar “um retrato da situação dramática que se vive na Saúde em Portugal”.

Será igualmente entregue um manifesto em defesa dos serviços públicos de saúde, assinado pela FNAM e pelo CESM, a sua congénere em Espanha, e as propostas da FNAM para a melhorar as condições de trabalho dos médicos e os atrair para o SNS.

A rematar, Joana Bordalo e Sá insistiu que “todas as decisões vão ser tomadas” depois de se perceber quem vai ser o interlocutor dos sindicatos nas negociações.

“Mas, reitero, vamos continuar a lutar pelos direitos dos médicos e pelo Serviço Nacional de Saúde. Essa certeza e essa garantia posso dar desde já”, frisou a líder sindical.

Últimas do País

No último dia de votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2026, a proposta do CHEGA foi aprovada com votos a favor do PSD e CDS-PP, votos contra de PS, PCP, BE, Livre e PAN e abstenção da IL.
O parlamento aprovou hoje duas propostas de alteração do CHEGA sobre a construção de autoestradas, em Coimbra e Castelo Branco, bem como uma iniciativa para o lançamento da obra do IC6 em Seia.
A Associação Nacional de Escolas de Condução Automóvel (ANIECA) alertou esta quarta-feira para a escalada de fraudes nos exames práticos e teóricos de condução, com recurso a equipamentos escondidos ou até "duplos", e exigiu medidas imediatas para travar a escalada.
Portugal prepara-se para entrar no grupo dos países com as leis da nacionalidade mais duras de toda a União Europeia. Se as alterações aprovadas no Parlamento, e agora sob escrutínio do Tribunal Constitucional, avançarem, será mais fácil tornar-se francês, alemão, belga ou sueco do que obter o cartão de cidadão português.
Os 10 detidos na operação 'Renascer', que apreendeu mais de sete toneladas de droga em duas embarcações de pesca no Atlântico, ficaram em prisão preventiva, adiantou hoje o Ministério Público (MP).
Entre 2010 e 2025, a Polícia Judiciária (PJ) contabilizou 66 crianças assassinadas, incluindo 26 recém-nascidos, apontando um estudo em curso para verificar se estes últimos casos têm como fatores comuns a ocultação da gravidez e a ausência do pai.
O nível de alerta no Sistema Vulcânico Fissural Oeste da Terceira subiu para V3 (fase de reativação), o mesmo grau atribuído ao vulcão de Santa Bárbara, revelou esta quarta-feira o Instituto de Vulcanologia da Universidade dos Açores.
Portugal conquistou três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze nos Jogos Surdolímpicos, que hoje encerraram no Japão, na edição mais profícua de sempre, com destaque para Margarida Silva, André Soares e Joana Santos.
A reduzida autonomia dos Centros de Investigação Clínica e a falta de tempo nos planos curriculares das faculdades de medicina para integrar competências tecnológicas são os maiores desafios à inovação na saúde, conclui um relatório hoje divulgado.
A Comissão de Combate a Fraude no Serviço Nacional de Saúde será presidida por um magistrado e terá elementos permanentes da Polícia Judiciária, da Inspeção Geral da Saúde e das Finanças e do Infarmed, segundo a resolução hoje publicada.