Federação avança com adesão à greve dos médicos de 80 a 85%, ministério indica 26,7%

A greve dos médicos registou na terça-feira uma adesão entre 80 a 85%, segundo dados da Federação Nacional dos Médicos (Fnam), enquanto o Ministério da Saúde (MS) indica um máximo de 26,7%.

© Facebook / FNAM

Os médicos cumprem esta quarta-feira o segundo e último dia greve, convocada pela Fnam, em defesa de “salários justos e condições de trabalho dignas para todos os médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

A presidente da Fnam, Joana Bordalo e Sá, adiantou esta manhã à Lusa que na terça-feira a adesão foi elevada, na ordem dos 80 a 85%, com milhares de cirurgias e consultas em hospitais e centros de saúde canceladas, esperando-se que o dia de hoje seja semelhante.

Segundo os dados recolhidos pelas diversas instituições do Ministério da Saúde enviados à Lusa, a taxa de adesão à greve de terça-feira, terá atingido um máximo de 26,7%.

Os dados apontam para adesão de 36,4% na Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, 26,7% na do Centro, 18,4% em Lisboa e Vale do Tejo, 29,8% no Alentejo e 23,5 no Algarve.

No primeiro dia de greve, na terça-feira, os médicos realizaram manifestações junto ao Hospital de São João (Porto), no Hospital da Universidade de Coimbra e no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“Na terça-feira, a adesão foi elevada, na ordem dos 80 a 85%. Tivemos milhares de cirurgias e consultas canceladas. Não nos interessa muito a guerra dos números. Não é isso que é importante. Pedimos desculpa aos doentes por esta situação, embora o grande responsável (…) e quem nos empurra para esta guerra é mesmo o Ministério da Saúde e as políticas aplicadas pelo doutor Manuel Pizarro”, disse à Lusa a presidente da Fnam.

No entendimento de Joana Bordalo e Sá, há um manifesto desprezo pelos utentes e doentes do SNS, uma vez que os médicos ainda não conseguiram voltar à mesa das negociações.

“É preciso resolver o problema dos médicos para resolver a situação do SNS. Outros ministérios já retomaram negociações depois desta crise política e isso não aconteceu com os médicos. Tivemos uma reunião cancelada no dia 08 de novembro sem qualquer tipo de explicação e, apesar de nós publicamente termos feito apelo para voltar à mesa e enviado pedido formal, não obtivemos qualquer tipo de resposta”, sublinhou.

Joana Bordalo e Sá adiantou ainda que a Fnam vai estar em Bruxelas na sexta-feira com eurodeputados e com representantes do gabinete do comissariado da saúde.

“Vamos denunciar, vamos fazer um retrato da situação da saúde e do SNS em Portugal e vamos entregar um manifesto internacional assinado pelos nossos congéneres espanhóis na defesa dos serviços nacionais de saúde para que sejam públicos, de qualidade, acessíveis e universais para a nossa população e vamos entregar soluções que a Fnam tem para haver médicos no SNS”, disse.

A Fnam considera que o Governo tem a obrigação de chegar a acordo com os médicos sobre “uma atualização salarial, transversal, para todos os médicos, para que deixem de ser dos médicos mais mal pagos da Europa, e para que melhorem as suas condições de trabalho, sem perda de direitos que coloquem médicos e doentes em risco”, conforme reiterou em comunicado divulgado na véspera da greve.

As negociações entre o Ministério da Saúde e os sindicatos iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta da classe, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um homem a 22 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado da mulher, em maio de 2024, no concelho de Porto de Mós.
Cerca de 1.700 quilogramas de haxixe, lançados ao mar por tripulantes de uma embarcação de alta velocidade, que fugiram, foram hoje apreendidos no Rio Guadiana, numa operação das polícias portuguesas e espanholas, informou a GNR.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) rejeitou hoje que a greve na CP tenha motivações políticas e responsabilizou o Governo pelo transtorno causado às populações, por não cumprir um acordo negociado.
Portugal é o sexto país europeu com maior número de casos de mpox no período 2022-2025, indica o último boletim sobre a doença divulgado na página do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
O Governo alargou até final de junho o prazo para pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) devido a “constrangimentos técnicos” associados ao “apagão” que atrasaram o envio de muitas notas de cobrança pela Autoridade Tributária (AT).
As escolas privadas querem ter mais liberdade para desenhar os seus currículos e para contratar licenciados de outras áreas, revelou a associação representativa do setor, explicando que estes futuros professores teriam formação pedagógica nos próprios colégios.
A adesão ao segundo dia de greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal era às 07:30 de 100%, com toda a circulação parada, disse à Lusa fonte sindical.
Os dois detidos na terça-feira no âmbito da operação SKYS4ALL, que investiga uma alegada rede de tráfico internacional de droga por via aérea e em que o cantor Nininho Vaz Maia foi constituído arguido, saíram hoje em liberdade.
Cerca de 241 mil eleitores inscreveram-se até às 8h00 de quarta-feira na modalidade de voto antecipado em mobilidade, segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).
O alegado grupo criminoso organizado detido na terça-feira terá auxiliado milhares de imigrantes ilegais com a ajuda de “uma toupeira” no Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelou hoje o diretor da Polícia Judiciária (PJ) do Centro.