Entre 01 de janeiro e 15 de dezembro, revelam os dados do Ministério da Administração Interna, chegaram às costas espanholas do Mediterrâneo e do Atlântico (neste caso, às ilhas Canárias) 51.739 pessoas, que entraram em Espanha de forma irregular a bordo de 1.684 embarcações precárias conhecidas no país como ‘pateras’.
O número de chegadas de migrantes nesta situação a Espanha até 15 de dezembro já superou o registado em qualquer ano civil completo desde 2018, quando as autoridades espanholas registaram a entrada de 57.498 pessoas a bordo de ‘pateras’.
Nos anos seguintes, os maiores números foram atingidos em 2020 e 2021, com cerca de 40.100 entradas em cada ano, sendo que em 2022 o número tinha caído para 28.930 pessoas.
Cerca de 72% das chegadas de migrantes por esta via a Espanha este ano foram registadas nas ilhas Canárias, que desde o verão lidam com um pico inédito de entrada de pessoas em embarcações precárias.
Até 15 de dezembro chegaram às Canárias 561 ‘pateras’ e foram acolhidos 37.187 migrantes, mais 140% do que em 2022, segundo as estatísticas do Governo espanhol.
Nunca as Canárias tinham registado, num único ano, um número tão elevado de migrantes em embarcações precárias.
Espanha atribui à desestabilização política na região africana do Sahel e às condições meteorológicas excecionalmente boas dos últimos meses, entre outros motivos, a chegada recorde de migrantes este ano às Canárias.
O governo espanhol tem também insistido em que as fronteiras de Espanha, no sul do país e nos arquipélagos das Canárias e das Baleares, são também fronteiras da Europa e a resposta ao fenómeno da migração irregular tem de ser “uma obrigação partilhada” dentro da União Europeia e não apenas uma responsabilidade dos países que são primeira entrada.
Numa ida às Canárias na semana passada, a comissária europeia com a pasta da imigração, Ylva Johansson, disse que a União Europeia está “muito muito perto de fechar” o pacto para as migrações e asilo e que espera que tal aconteça ainda este ano.
Ylva Johansson afirmou que o fenómeno migratório “é um verdadeiro desafio” para as Canárias e disse às autoridades autonómicas e de Espanha que “não estão sozinhas”, prometendo apoio de Bruxelas.
O fenómeno migratório é “uma responsabilidade partilhada” e exige “uma resposta europeia”, acrescentou.