Fnam diz que os médicos estão a praticar “medicina de catástrofe”

Os médicos estão a praticar "medicina de catástrofe" em várias unidades onde o volume de doentes é excessivo na última semana do ano, defendeu hoje a Federação Nacional dos Médicos (Fnam).

© Facebook / FNAM

“O encerramento e condicionamento de quase metade dos Serviços de Urgência (SU) de norte a sul do país foi algo que se tornou trivial neste Ministério da Saúde liderado por Manuel Pizarro, que não teve a competência de conseguir atrair e fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde, num ano em que o número de médicos reformados atingiu o pico de 822”, afirmou a estrutura sindical, em comunicado.

De acordo com a Fnam, os médicos estão sobrecarregados e “sem condições adequadas ao exercício das suas funções”.

“As insuficiências multiplicaram-se durante o Natal, e teme-se o pior para os últimos dias do ano, onde os períodos após as celebrações são tradicionalmente mais exigentes para os SU”, alertou a Federação, destacando “situações que costumam funcionar abaixo dos mínimos” e que colocam médicos e doentes em risco como o SU do Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto.

Segundo o relato da Fnam, médicos internos “têm sido forçados” a colmatar a falta de especialistas e há dias com “um único médico interno a assegurar urgência externa de Medicina Interna, e em simultâneo pelo menos 140 doentes internados a cargo dessa especialidade, sem médico especialista na escala de urgência interna”, situação que se prevê que se mantenha a partir de janeiro.

“Além disso, os médicos têm sido vítimas de desregulação ilegal dos seus horários, com seis dias de trabalho semanal, sem que lhes seja concedido o descanso compensatório após a realização de trabalho aos domingos e feriados”, assegurou a mesma fonte, sublinhando que ainda está por regularizar o pagamento da majoração do trabalho suplementar aos internos.

A Fnam avançou também que no Hospital de Leiria, a situação se tornou particularmente grave, com serviços dependentes de apenas dois médicos especialistas e dois internos de formação geral, que “não têm a experiência necessária para, com a necessária segurança para os doentes, praticarem atos médicos de forma autónoma”.

“Durante a noite da véspera de Natal, todo o hospital esteve entregue a um especialista, dois generalistas e dois internos do 1º e do 2º ano. Todas as outras especialidades de urgência estavam encerradas: Cardiologia, Ginecologia, Cirurgia, Pediatria. A Medicina Interna esteve fechada desde a noite de 24 e, mesmo assim, não pararam de chegar urgências por meios próprios e doentes por ambulâncias sem contacto com CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes], aumentando o risco médico-legal para os médicos e a segurança dos doentes”, alegou a Fnam.

“A Sul, no Algarve, há alguns SU a alternar entre os hospitais de Faro e de Portimão, sem capacidade de assegurar o funcionamento em simultâneo. É o caso da Pediatria, da Ginecologia-Obstetrícia, da Gastrenterologia e, mais recentemente, da Urologia”, acentuou a estrutura representativa dos médicos.

No mesmo documento, a Fnam informou ainda que disponibiliza aos médicos uma declaração de declinação de responsabilidade funcional, com o objetivo de “rejeitar toda e qualquer responsabilidade decorrente da prática de atos médicos”, sempre que estejam perante condições inadequadas ao exercício das funções e desafiou o próximo Governo para negociações.

Últimas do País

O Tribunal Judicial de Leiria condenou hoje um homem a 22 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado da mulher, em maio de 2024, no concelho de Porto de Mós.
Cerca de 1.700 quilogramas de haxixe, lançados ao mar por tripulantes de uma embarcação de alta velocidade, que fugiram, foram hoje apreendidos no Rio Guadiana, numa operação das polícias portuguesas e espanholas, informou a GNR.
O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) rejeitou hoje que a greve na CP tenha motivações políticas e responsabilizou o Governo pelo transtorno causado às populações, por não cumprir um acordo negociado.
Portugal é o sexto país europeu com maior número de casos de mpox no período 2022-2025, indica o último boletim sobre a doença divulgado na página do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
O Governo alargou até final de junho o prazo para pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) devido a “constrangimentos técnicos” associados ao “apagão” que atrasaram o envio de muitas notas de cobrança pela Autoridade Tributária (AT).
As escolas privadas querem ter mais liberdade para desenhar os seus currículos e para contratar licenciados de outras áreas, revelou a associação representativa do setor, explicando que estes futuros professores teriam formação pedagógica nos próprios colégios.
A adesão ao segundo dia de greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal era às 07:30 de 100%, com toda a circulação parada, disse à Lusa fonte sindical.
Os dois detidos na terça-feira no âmbito da operação SKYS4ALL, que investiga uma alegada rede de tráfico internacional de droga por via aérea e em que o cantor Nininho Vaz Maia foi constituído arguido, saíram hoje em liberdade.
Cerca de 241 mil eleitores inscreveram-se até às 8h00 de quarta-feira na modalidade de voto antecipado em mobilidade, segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).
O alegado grupo criminoso organizado detido na terça-feira terá auxiliado milhares de imigrantes ilegais com a ajuda de “uma toupeira” no Ministério dos Negócios Estrangeiros, revelou hoje o diretor da Polícia Judiciária (PJ) do Centro.