A Ascensão da Direita e o “cansado” debate sobre Populismo

Nos últimos anos observamos uma marcante ascensão da direita em várias democracias pelo mundo. Esta tendência, destacada pelos recentes eventos eleitorais na Holanda, Argentina e outros países, levanta questões fundamentais sobre as políticas globais e o caminho que em Portugal queremos traçar.
O empobrecimento acentuado na Europa muito registado principalmente nos países ditos centro-esquerda é algo que tem aumentado por toda a Europa, começando em Portugal, passando por Espanha e acabando na França. 80 milhões de cidadãos europeus (16% da população) vivem em situação de pobreza incluindo 20 milhões de crianças. No final do ano passado a Roménia, Bulgária, a Grécia e até mesmo Espanha (com 26%), tinham as taxas mais elevadas da Europa de risco de pobreza e exclusão social. Portugal, com 20,1%, ficou abaixo da média da União Europeia (registo que custa a acreditar tendo em conta o aumento avolumado de tendas pelas ruas de Lisboa).
Toda esta mudança gera mau estar e isso parte de uma desconfiança crescente nas instituições democráticas liberais. Isto torna-se um fator central principal para o aumento de apoio a líderes e movimentos de direita. O mais recente sucesso eleitoral de partidos anti-imigração na Holanda e de líderes como Javier Milei na Argentina, exemplificam a crescente influência destas velhas “Novas” Forças políticas.
Fazendo uma análise pragmática percebemos que as causas mais comuns por trás deste fenómeno são políticas falhadas perante um estado social decadente, pouco incentivo à produtividade e ao empreendedorismo, reformas nulas (tendo como exemplo Portugal), tudo isto gera um anorético desenvolvimento económico.
Preocupações económicas e a perceção de que as correntes políticas tradicionais não estão a corresponder eficazmente a todas estas questões, desempenham um papel significativo. A emergência de líderes carismáticos e movimentos que prometem abordar estas preocupações de forma mais assertiva têm atraído uma parcela considerável de eleitorado. Temos como exemplo Portugal e Espanha, dois países irmãos que anseiam por reformas estruturais sobre democracias e constituições ultrapassadas, e que nos aferram a uma apatia económica generalizada, levam ao aparecimento e crescimento de um Partido como o nosso. Além disso, há uma nota de preocupação sobre a normalização da imigração descontrolada e a promoção da “Agenda Woke”, que, em algumas democracias europeias, já faz questionar as populações sobre a ausência de “isenção” no debate público. O progressismo desmensurado para agradar a essas mesmas pessoas que se sustentam do politicamente correto, tem invertido os valores básicos, mas o mais preocupante, é que deixámos de dar prioridade (e financiamento) ao essencial como a prosperidade, a família, a segurança e isso foi substituído pelo “Black Lives Matter”, “Comunidade LGBetc” e agora até as Casas de Banho vão ter palco para investimento, imagine-se. Isto gera (e tem de gerar) debate público. E quando esse mesmo debate não é justamente nivelado a ambos os lados de maneira igual, tomando partidos, as pessoas percebem, e isso gera conflito. Temos o exemplo da Áustria, onde a presença da direita foi inicialmente recebida com violentos protestos, agora, é mais aceite, e serve como um mastro que sinaliza ventos de mudança.
A procura de respostas a estes desafios tem levado alguns eleitores a escolher partidos conservadores, e que muitas vezes apresentam uma mensagem simplificada e que respondem às necessidades do povo, também conhecido em Portugal como: “Dizem aquilo que as pessoas querem ouvir”. Não admira.
Em última análise, as tendências globais sugerem que a ascensão da direita e dos partidos conservadores é um fenómeno multifacetado. A esquerda treme. Reza por uma abordagem global para entender e responder a estas mudanças, quase como um apelo para evitar subestimar os riscos associados a esse fenómeno como o término dos famosos “tachos” a muita gente.
Como diz Milei, já se aperceberam que não nos conseguem combater com mais dinheiro, já perceberam que não nos conseguem vencer em debate político, nem mesmo a nível cultural, só falta mesmo tentarem nos tribunais… e estamos a ver isso com Donald Trump.
Temos de continuar a resistir.

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