Deputado Rui Cristina deixa PSD e termina legislatura como não inscrito

O parlamentar do PSD Rui Cristina vai deixar o partido e passar a deputado não inscrito até final da legislatura, alegando que a liderança de Luís Montenegro só está preocupada com “ajustes de contas internos”.

© Folha Nacional

“Fica patente existir na atual liderança do PSD uma maior preocupação com ajustes de contas internos, imposição de egos que na essência não assumem compromissos sérios com o partido, interessados unicamente numa permanente querela pelo ‘poder'”, refere a carta enviada por Rui Cristina ao secretário-geral do PSD a que a Lusa teve hoje acesso.

Rui Cristina foi anunciado como o quinto candidato na lista do PSD pelo distrito de Faro às legislativas antecipadas de 10 de março, encabeçada pelo vice-presidente social-democrata Miguel Pinto Luz, depois de ter sido o número dois nas eleições de 2022.

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de integrar as listas de candidatos pelo Chega, o ainda deputado do PSD, com mais de 20 anos de militância no partido, respondeu que “o futuro exige ponderação e reflexão”.

Rui Cristina é o segundo parlamentar do PSD a deixar o partido nas últimas semanas, depois de António Maló de Abreu, que foi confirmado este fim de semana como candidato do Chega pelo círculo fora da Europa, após anteriormente ter recusado essa possibilidade.

Numa mensagem de correio eletrónico enviada aos deputados sociais-democratas, Rui Cristina informou ainda que pretende concluir a atual legislatura como deputado não inscrito, alegando que não estarem reunidas condições políticas para continuar a integrar e a trabalhar no grupo parlamentar.

Na carta enviada a Hugo Soares a dar conhecimento da sua desfiliação, Rui Cristina, que assumia funções de coordenador do grupo parlamentar na Comissão de Saúde, salientou que se trata de uma decisão pessoal em conformidade com os seus “princípios individuais, morais, ideológicos e partidários”.

“Após uma reflexão profunda e amadurecida pela dor e sofrimento das consequências da mesma, não encontro alternativa que não seja uma rotura para com as decisões tomadas pela direção do partido, que violam a minha integridade de princípios”, alegou.

O texto refere ser do conhecimento geral a “fratura interna que nos últimos tempos tem assolado o Partido Social-Democrata e que hoje manifesta uma diferença inconciliável na estrutura interna do partido, um entrave à necessária estabilidade e prossecução do seu exercício político”.

“Diferenças inconciliáveis devido a uma banalizada instrumentalização do partido em benefício de interesses de pequenos grupos que se revezam, obstaculizando todo e qualquer horizonte de exercício político que se pretenda eficaz”, crítica Rui Cristina.

O deputado aponta também a posição das concelhias do Algarve, que “demonstraram a necessária unidade e defesa dos interesses do partido, em contraponto com os órgãos dirigentes que, pela autoridade, impuseram escolhas incompreensíveis em que ressaltam os interesses de grupos”.

Segundo refere, as propostas de solução governamental são “constantemente indexadas à querela interna, sem substância percetível seja para militantes ou, ainda mais grave, para os portugueses”, que estão “órfãos de uma liderança que se perfile como alternativa num horizonte de credibilidade exequível”.

“Torna-se assim impossível a minha permanência e anuência com este estado de coisas, que poderia resumir no famoso aforismo de Mandeville: `Vícios privados, benefícios públicos, escreve Rui Cristina.

Últimas de Política Nacional

O CHEGA voltou a bater de frente com o Governo após o novo chumbo ao aumento das pensões. O partido acusa o Executivo de “asfixiar quem trabalhou uma vida inteira” enquanto se refugia na “desculpa eterna do défice”.
O Ministério Público instaurou um inquérito depois de uma denúncia para um “aumento inexplicável” do número de eleitores inscritos na Freguesia de Guiães, em Vila Real, que passou de 576 inscritos nas legislativas para 660 nas autárquicas.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) reconheceu hoje que foram identificadas sete escutas em que o ex-primeiro-ministro era interveniente e que não foram comunicadas ao Supremo Tribunal de Justiça "por razões técnicas diversas".
Com uma carreira dedicada à medicina e ao Serviço Nacional de Saúde, o Prof. Horácio Costa traz agora a sua experiência para a política. Médico desde 1978, especialista em Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, fundador do único serviço europeu com três acreditações EBOPRAS e professor catedrático, Costa assume o papel de ministro-sombra da Saúde pelo CHEGA com a mesma dedicação que sempre marcou a sua carreira. Nesta entrevista ao Folha Nacional, o Prof. Horácio Costa fala sobre os principais desafios do SNS, a falta de profissionais de saúde, a reorganização das urgências e a valorização dos trabalhadores.
A conferência de líderes marcou hoje para 19 de dezembro as eleições dos cinco membros do Conselho de Estado, três juízes do Tribunal Constitucional e do Provedor de Justiça, sendo as candidaturas apresentadas até 12 de dezembro.
O grupo parlamentar do CHEGA/Açores enviou hoje um requerimento à Assembleia Legislativa Regional a pedir esclarecimentos ao Governo dos Açores na sequência da anunciada saída da Ryanair da região.
A Comissão de Assuntos Constitucionais chumbou a iniciativa do CHEGA para impedir financiamento público a mesquitas, classificando-a de inconstitucional. Ventura reagiu e avisa que Portugal “está a fechar os olhos ao radicalismo islâmico até ser tarde demais”.
O ex-presidente da Câmara de Vila Real Rui Santos está acusado pelo Ministério Público (MP) de prevaricação, num processo que envolve mais cinco arguidos e outros crimes como participação económica em negócio e falsas declarações.
André Ventura disparou contra PS e Governo, acusando-os de manter um Orçamento “incompetente” que continua a “sacar impostos” aos portugueses. O líder do CHEGA promete acabar com portagens, subir pensões e travar financiamentos que considera “absurdos”.
O Parlamento começa esta quinta-feira a debater e votar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) na especialidade, numa maratona que se prolonga por cinco dias e culmina com a votação final global a 27 de novembro.