Centeno defende estabilidade europeia e sugere descida controlada das taxas de juro

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu hoje a Europa como o “pilar de maior estabilidade no mundo” e a necessidade de as taxas de juro descerem de forma controlada.  

© Folha Nacional

 

Perante uma audiência de estudantes da Universidade de Warwick, em Inglaterra, durante uma palestra na conferência Warwick Economics Summit, Centeno referiu que “a Europa tem sido o pilar de maior de maior estabilidade no mundo nos últimos quatro anos”.

Agora que a inflação está a descer a um ritmo acelerado “a política monetária terá de responder”, defendeu que é preciso trabalhar “nos próximos meses para dar estabilidade neste processo e garantir que quando as taxas de juro tiverem de descer, vão descer”.

No entanto, avisou, a necessidade de estabilidade poderá implicar manter durante as taxas de juro algum tempo “para garantir que não caímos em deflação”.

“A deflação é muito má para o sistema económico”, vincou, salientando que a política monetária “não depende de um único número ou dado, é abrangente” e que é o resultado de muitas variáveis.

Na intervenção, intitulada “Política Monetária e o Mercado de Trabalho europeu”, Centeno disse estar preocupado com a falta de crescimento europeu há cinco trimestres porque esta poderá resultar em desemprego.

“Se a economia europeia não começar a crescer, isso vai ter de refletir-se no mercado de trabalho e os bons números registados recentemente podem não manter-se no futuro próximo se a economia europeia não começar a crescer”, explicou.

O governador do Banco de Portugal adiantou que o próximo passo será procurar dar novo dinamismo à economia europeia e perceber que “tipo de estímulo a economia europeia vai precisar no futuro próximo”.

“Sei que alguns [estímulos] vão resultar da politica monetária”, admitiu, reconhecendo que a expetativa é que, a certa altura, as taxas de juro tenham de descer.

O antigo ministro das Finanças português tentou explicar que a cautela dos bancos centrais se deve à conjuntura de pressão para aumentos salariais, os quais podem resultar em mais inflação, desencadeando uma espiral difícil de conter.

“Quando os salários sobem, os preços sobem. Isto é um circulo não virtuoso na nossa economia, a que chamamos efeitos de segunda ordem. Os efeitos de segunda ordem são muito prejudiciais para capacidade dos bancos centrais controlarem a inflação”, salientou.

Centeno falava durante uma palestra na Warwick Economics Summit, uma conferência organizada por estudantes da Universidade de Warwick sobre economia e política internacional.

A 23ª. edição da Warwick Economics Summit decorre até domingo e teve entre os oradores o Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, na sexta-feira.

Últimas de Economia

A saúde foi a área do Setor Empresarial do Estado (SEE) que mais prejuízos acumulou em 2023, num total 993 milhões de euros, o equivalente 76% do resultado líquido negativo do SEE daquele ano, segundo um relatório do CFP.
Um estudo divulgado pela DECO PROTESTE revela uma disparidade no valor pago pela água entre concelhos, que pode atingir os 650 euros.
As taxas de juro altas têm afetado a qualidade da carteira de crédito dos bancos, mas o "ambiente macroeconómico benigno" permitiu conter o aumento de novos incumprimentos, referiu hoje o Banco de Portugal (BdP).
A Câmara do Porto anunciou hoje que o novo valor da Taxa Municipal Turística, que passa de dois para três euros, por pessoa, vai começar a ser aplicado a partir de domingo, 01 de dezembro.
O valor mediano de avaliação bancária na habitação foi de 1.721 euros por metro quadrado (m2) em outubro, mais 185 euros (12,0%) em termos homólogos e 26 euros (1,5%) acima de valor de setembro, divulgou hoje o INE.
O euro subiu esta segunda-feira, mas não conseguiu superar 1,05 dólares, depois de se ter depreciado na semana passada devido aos sinais de debilidade da atividade na zona euro.
O Conselho da União Europeia (UE) aprovou hoje o orçamento anual comunitário para 2025, composto por 193 mil milhões de euros em autorizações e 150 mil milhões em pagamentos e por uma 'folga' de 800 milhões para imprevistos.
O endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 2.400 milhões de euros em setembro face a agosto para 813,2 mil milhões de euros, informou hoje o Banco de Portugal (BdP).
Os jovens até aos 30 anos compraram 40% dos 30 mil passes ferroviários verdes de 20 euros mensais vendidos no primeiro mês da vigência da medida, segundo dados da CP, hoje divulgados.
As vendas de bens e serviços 'online' representaram 19,5% da faturação das empresas em 2023, mais 0,5 pontos percentuais que em 2022, atingindo os 76.500 milhões de euros, mais 12,2%, divulgou hoje o INE.