Nos primeiros dias deste mês de janeiro, foram debatidos na Assembleia da República, vários projetos de resolução relativos à linha ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Porto no âmbito do Plano Ferroviário Nacional.
As principais orientações do Plano passam por reduzir o tempo de ligação entre Lisboa e Porto, levar a ferrovia a todas as capitais de distrito, melhorar as ligações transfronteiriças ibéricas assim como efetuar a integração na rede transeuropeia.
Está contemplada uma nova linha entre Aveiro e Vilar Formoso, a ligação Ferroviária a Trás-os-Montes, a estruturação das linhas do Alentejo e Algarve, uma nova travessia ferroviária sobre o Tejo e um novo acesso a Lisboa através da Linha do Oeste. Aborda também a reformulação do Transporte de Passageiros Metropolitano e Local.
Algumas das orientações do Plano são ainda assim muito genéricas tais como a não fixação de prazos, apontando apenas para um horizonte indicativo de 2050 e a não quantificação de custos associados a cada obra.
Uma das questões mais controversas deste Plano, no meu ponto de vista, passa pela criação de uma rede de alta velocidade em Bitola Ibérica, tornando Portugal numa ilha ferroviária na Europa.
Em Espanha, a rede de Alta Velocidade já tem mais de 3000 km em bitola europeia, e será uma questão de tempo até que todas as linhas migrem para esta bitola.
Esta expansão tem vindo a ser efetuada de uma forma faseada. O país vizinho possui comboios de alta-velocidade bi-bitola, recorrendo a intercambiadores, ou seja, estão concebidos, a percorrer as novas linhas, assim como as antigas.
A defesa da opção da bitola ibérica em Portugal em detrimento da bitola europeia é reveladora das ideias retrógradas ou negligentes de quem nos dirige.
O que Portugal necessita é de comboios que percorram a linha de bitola europeia de alta velocidade e linhas convencionais, com o recurso a comboios bi-bitola e intercambiadores. Estes intercambiadores poderiam ser colocados à medida que a rede de bitola europeia fosse crescendo, aproveitando assim os recursos existentes e futuros.
Se adotássemos a bitola europeia nas novas linhas a construir, estaríamos a apostar no futuro da competitividade e da modernização da nossa economia no seio da União Europeia.
Aliás, a Comissão Europeia defende que todas as novas linhas ferroviárias a construir sejam executadas de acordo com a bitola europeia e que as linhas existentes com bitolas diferentes sejam adaptadas, como é o caso de Portugal, com a bitola ibérica e dos Estados Bálticos com a bitola russa, de modo que se possa circular em todo o continente com a mesma bitola indo ao encontro do objetivo definido por Bruxelas, que é “criar uma rede europeia unificada”.
Neste contexto, Portugal deve aproveitar os meios existentes e aceder a financiamentos específicos disponibilizados pela União Europeia para este efeito, de modo a poder vir a utilizar as duas bitolas em simultâneo otimizando assim os nossos recursos.
O Partido CHEGA deve defender, acima de tudo, o interesse nacional e não certos interesses.