Filho de Bolsonaro quer “expor tirania” no Brasil em audiência no Congresso dos EUA

O deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pediu no sábado uma audiência ao Congresso dos Estados Unidos para "expor a tirania" que alega estar em vigor no Brasil.

© Facebook de Eduardo Bolsonaro

 

Eduardo Bolsonaro denunciou que, “sob a narrativa de proteger a democracia, tiranos esmagaram a oposição no país”, referindo-se ao sistema judicial brasileiro, ao atual Governo liderado por Luiz Inácio Lula da Silva e também à imprensa.

O deputado proferiu um discurso de cinco minutos na Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês), o maior encontro anual da direita americana que terminou no sábado e que a agência Lusa acompanhou em Maryland.

“Meus amigos, faço um apelo: falem do que está a acontecer no Brasil. (…) Congressistas norte-americanos, pedimos uma audiência no vosso Congresso. Vocês são os líderes do mundo livre, ajudem-nos a expor esta tirania”, instou.

O deputado brasileiro discursou na CPAC logo após o ex-chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, a quem classificou como o “próximo Presidente dos Estados Unidos”, e imediatamente antes do líder da Argentina, Javier Milei.

Num grande salão que rapidamente se esvaziou após o discurso de Trump, Eduardo Bolsonaro fez um relato dramático da atual situação no seu país, dando uma versão da invasão violenta das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 08 de janeiro de 2023, que não condiz com aquela apresentada pelas autoridades brasileiras.

“Hoje vou falar-vos de como um país perdeu a sua liberdade. (…) Polícias, advogados, veterinários, jornalistas, comediantes, pastores, intérpretes de linguagem gestual, cantores gospel, sem-abrigo, um autista (…) todos eles detidos e acusados de golpe”, declarou o filho do ex-presidente perante uma plateia reduzida.

“O sistema judicial, com a ajuda da imprensa, criou a narrativa de que estas pessoas comuns eram uma ameaça para o Estado brasileiro. (…) O objetivo final deles é prender o meu pai, que ousou colocar os interesses do povo brasileiro primeiro”, advogou.

Na quinta-feira, Jair Bolsonaro ficou em silêncio na Polícia Federal, em Brasília, numa inquirição no âmbito da investigação à alegada tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições presidenciais de 2022.

De acordo com uma nota da Polícia Federal, a investigação envolve uma “organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então Presidente da República [Jair Bolsonaro] no poder”.

Além de atos preparatórios de um alegado plano golpista a realizar antes da posse de Lula da Silva, a autoridade policial brasileira investiga a relação de Bolsonaro com a invasão violenta das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 08 de janeiro de 2023, que suscitou uma forte condenação por parte da comunidade internacional.

Investigações em curso sobre os atos de vandalismo e destruição realizados nos edifícios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal do Brasil por milhares de apoiantes do ex-presidente brasileiro indicam que o ataque tinha como objetivos semear o caos e retirar do poder Lula da Silva, que havia tomado posse há apenas oito dias.

Contudo, a versão que Eduardo Bolsonaro contou perante a plateia ultraconservadora foi bastante diferente, argumentando que os acusados estão a ser vítimas de “tiranos” que “perderam a noção do ridículo”.

Face às investigações que enfrenta, Jair Bolsonaro convocou um grande protesto para hoje em São Paulo, o qual contará com a presença de pelo menos quatro governadores e 103 congressistas, segundo a imprensa brasileira.

Perante o CPAC, Eduardo Bolsonaro afirmou que “um milhão de pessoas” irão hoje sair às ruas de São Paulo em apoio ao ex-chefe de Estado e pediu à plateia que faça as imagens do protesto correr o mundo.

Últimas de Política Internacional

A Ucrânia reivindicou ter atacado hoje uma base aérea russa, enquanto a Rússia continuou a bombardear o país com centenas de `drones` durante a noite.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse esta sexta-feira, depois de conversar com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que concordaram em “reforçar a proteção” dos céus ucranianos após mais um ataque de drones e mísseis russos.
O chanceler alemão pediu hoje à União Europeias (UE) um acordo comercial rápido e simples com os Estados Unidos, que promova a prioridade a determinadas indústrias chave, seis dias antes do prazo estabelecido pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
O pré-candidato anunciado às presidenciais brasileiras de 2026 Ronaldo Caiado, governador do estado de Goiás, advertiu hoje as autoridades portuguesas “que não baixem a guarda” contra organizações criminosas brasileiras que estão a instalar-se com força em Portugal.
O Senado dos Estados Unidos (EUA) aprovou hoje o projeto de lei do Presidente Donald Trump, apelidado de "Big Beautiful Bill", sobre as grandes reduções fiscais e cortes na despesa, por uma margem mínima de votos.
O serviço de segurança interna de Israel, Shin Bet, anunciou hoje que desmantelou uma rede do grupo islamita palestiniano Hamas em Hebron, na Cisjordânia ocupada, numa operação conjunta com o Exército e a polícia.
O Governo norte-americano anunciou hoje que vai cortar o financiamento federal para Organizações Não Governamentais (ONG) envolvidas em distúrbios, independentemente do resultado de uma resolução a aprovar no Congresso sobre este assunto.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, previu hoje "decisões históricas e transformadoras" na cimeira de Haia para alocar 5% do PIB à defesa, visando compensar o "esforço desproporcional" dos Estados Unidos.
O presidente ucraniano deverá pedir mais sanções de Washington contra Moscovo e a aquisição de armamento dos EUA. A reunião deverá começar pelas 13h00 locais (12h00 em Lisboa).
O preço do barril de petróleo Brent para entrega em agosto caiu hoje mais de 5% no mercado de futuros de Londres, depois de Israel ter aceitado o cessar-fogo com o Irão proposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.