“Queremos expandir a nossa presença no Reino Unido, este ano, e já estamos a trabalhar nesse sentido”, afirma, em declarações à Lusa, o ‘partner’ e cofundador da tecnológica Nuno Brás.
“Este é um mercado bastante desenvolvido no que a sistemas de IA diz respeito e a DareData quer percorrer, sem dúvida, este caminho, até porque o tipo de desafios que se colocam nas empresas aí presentes são necessariamente um ‘benchmark’ para a nossa capacidade técnica e diferenciação no mercado, que não se pauta por salários/custos mais baixos”, explica o responsável.
A DareData Engineering está presente em Portugal, Espanha, Noruega, Austrália, Estados Unidos, França, Grécia e Brasil.
“Temos especialistas da nossa rede de ‘freelancers’ espalhados por estes países que colaboram em projetos também eles internacionais, por exemplo nos Estados Unidos e no Reino Unido”, adianta Nuno Brás.
Para este ano, a tecnológica prevê investir “um valor perto de um milhão de euros”.
De acordo com o cofundador, este ano o foco é o projeto de internacionalização, que além da aposta no Reino Unido, será “no desenvolvimento articulado de soluções customizadas de GenAI [IA generativa], cada vez mais capazes de responder aos novos paradigmas que se colocam às empresas e à sociedade”.
“Investimos meio milhão de euros” em 2023, dividido entre as áreas de marketing, vendas e desenvolvimento de soluções customizadas ‘in-house’, acrescenta.
A tecnológica pretente contratar pessoas este ano: “Prevemos adicionar entre 15 a 20 pessoas à nossa rede de ‘network'”.
Em janeiro, “já entraram seis especialistas técnicos nesta nossa rede, portanto estamos muito entusiasmados com esta nossa ambição de crescimento”, prossegue Nuno Brás.
Questionado sobre como vê o desenvolvimento da IA generativa no último ano, o responsável defende que “há que ter ponderação” quando se fala deste tema.
“Têm surgido vários casos nos quais a implementação de GenAI tem corrido mal. Posso dar o exemplo recente que aconteceu com a Chevrolet, onde alguns clientes enganaram o ‘chatbot’ – um deles conseguiu mesmo fazer com que o ‘bot’ lhe dissesse que podia vender o carro a um dólar”, exemplifica.
Outro caso, que chegou a ir a tribunal, diz respeito à Air Canada e um passageiro, “que foi ‘enganado’ pelo ‘chatbot’ da companhia aérea – e acabou por conseguir uma indemnização”, recorda.
Neste caso, tratam-se de “problemas causados por implementações defeituosas de GenAI”, mas é “importante perceber que isto traz oportunidades, em especial às empresas que têm, de facto, o ‘know-how’ [conhecimento] técnico para conseguir criar soluções de ponta”.
Na DareData, “não temos dúvidas de que a GenAI vai transformar todas as organizações do mundo”, sublinha.
“A tendência no desenvolvimento de ferramentas e soluções de GenAI deve seguir (…) este caminho focado no humano, de alavancar a capacidade individual de cada um de nós” e “as entidades que não o fizerem, e focarem-se apenas na automatização dos processos sem analisar previamente as consequências que daí podem advir, vão cometer graves erros”, considera, dando exemplo da área de recursos humanos.
“As pessoas não podem ser avaliadas por máquinas, apenas. Reforço a importância de desenvolver soluções de IA ‘human-centric'”, insiste Nuno Brás.
Uma coisa que é certa: “Há espaço para melhorar processos, expandir as capacidades dos profissionais, aumentar significativamente a produtividade mas, acima de tudo, fazer com que a vida das pessoas, dos profissionais, seja muito mais gratificante”, remata.