Biden insiste que não quis reter documentos mas estava confuso sobre datas

A transcrição de entrevistas do processo judicial sobre retenção de documentos confidenciais pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, revela que este repetiu que nunca quis reter esses documentos, mas prova também que estava confuso sobre datas.

© Facebook / President biden

Ao longo de cinco horas de entrevistas, Biden disse repetidamente a um conselheiro especial que nunca pretendeu reter informações confidenciais depois de deixar a vice-presidência, mas, ao longo do interrogatório, por vezes o atual Presidente mostrou-se confuso sobre as datas e disse que não estava familiarizado com o teor de alguns dos documentos sensíveis que teve em sua posse.

A transcrição das entrevistas de Biden foi tornada pública hoje, no momento em que o conselheiro especial do Departamento de Justiça, Robert Hur, compareceu perante o Comité Judiciário da Câmara de Representantes do Congresso para responder a questões sobre a investigação ao presidente democrata.

No seu relatório, Hur conclui que Biden não deve enfrentar acusações criminais pelo uso indevido de documentos e manteve a sua versão de que tem dúvidas sobre as competências mentais do presidente.

Perante o Congresso, o conselheiro especial defendeu a sua avaliação da memória do presidente como “precisa e justa”.

Em comentários preparados, Hur justificou as suas conclusões.

“O que escrevi é o que acredito que as evidências mostram e o que espero que os jurados percebam e acreditem. Eu não higienizei minha explicação. Nem menosprezei o presidente injustamente”, disse o conselheiro especial.

Anteriormente, Robert Hur, o antigo procurador dos Estados Unidos no Estado de Maryland selecionado pelo Procurador-Geral, Merrick Garland, para investigar Biden, tinha dito num relatório que encontrara provas de que este intencionalmente guardou e partilhou com um escritor informações altamente confidenciais.

Contudo, nesse mesmo relatório, Hur explicava por que razão não crê que as provas cumpram os critérios para se avançar com uma acusação penal, incluindo uma elevada probabilidade de o Departamento de Justiça não conseguir provar a intenção de Biden para além de uma dúvida razoável.

No documento, a memória do político democrata de 81 anos era descrita como “turva”, “confusa”, “deficiente”, “fraca” e com “limitações significativas”, referindo-se que Biden não se recorda de momentos marcantes da sua vida, como quando o filho Beau morreu ou quando foi vice-presidente dos Estados Unidos.

Tanto a audiência como a transcrição tinham como objetivo esclarecer dúvidas remanescentes sobre o relatório de Hur no que respeita à descoberta de alguns registos confidenciais na casa de Biden e no antigo escritório particular de Washington.

Na sessão de hoje no Congresso, os democratas tentaram retratar Hur como um agente político que pretende ajudar o seu Partido Republicano a vencer as eleições presidenciais de novembro próximo.

Ao mesmo tempo, os republicanos procuraram explorar a avaliação de Hur sobre a idade e a memória do presidente — uma importante linha de ataque político contra Biden.

De acordo com o relatório, Biden reteve deliberadamente informações altamente confidenciais e compartilhou-as com um ‘ghostwriter’, com base no áudio das conversas entre os dois homens nas quais o agora presidente dizia ter acabado de encontrar alguns documentos confidenciais na sua casa.

Hur dedicou grande parte do seu relatório a explicar por que não acreditava que as provas contra Biden cumpram o requisito para acusações criminais e reconheceu que seria difícil provar, sem sombra de dúvida razoável, que Biden pretendia manter os documentos.

 

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