Grupo de trabalho propõe integração da saúde prisional no Serviço Nacional de Saúde

O Grupo de Trabalho interministerial que elaborou a proposta para a saúde nas prisões defende a transferência da tutela dos cuidados de saúde prisionais para o Ministério da Saúde e a sua integração no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

© D.R.

Criado por despacho em 05 de abril do ano passado, para elaborar uma proposta de Plano Operacional para a Saúde em Contexto de Privação da Liberdade para o período de 2023-2030, o Grupo de Trabalho apresentou ao Governo o relatório final, hoje divulgado, propondo uma alteração do modelo de governação da prestação de cuidados de saúde em meio prisional.

O documento, disponibilizado hoje no portal do SNS, constitui uma base de intervenção neste contexto, defendendo a transferência da tutela dos cuidados de saúde prisionais para o Ministério da Saúde e, consequentemente, a integração da saúde prisional no SNS, tendo por base territorial a Unidade Local de Saúde a que pertence o estabelecimento prisional.

O relatório, citado em comunicado do Ministério da Saúde e da Justiça, defende que “uma continuidade entre o acompanhamento de saúde em meio livre e em meio prisional permitiria melhorar o seguimento de condições crónicas, reduzir custos com novos exames, reduzir a possibilidade de desenvolver resistências a medicamentos e reduzir perdas de seguimento e até reincidência criminal”.

Para o Grupo de Trabalho, o plano constitui “uma ferramenta essencial de saúde pública, que servirá os direitos e a dignidade tanto da população em reclusão, quanto da comunidade de onde ela provém e para a qual voltará”.

A proposta assenta em seis eixos estratégicos: Proteção e promoção da saúde, prevenção da doença, acesso, retenção e continuidade de cuidados de saúde, reintegração social, sistemas de informação e tecnologia e a componente de investigação.

Para cada um destes eixos é apresentado um conjunto de medidas intersetoriais, com vista à melhoria dos indicadores de saúde e integração psicossocial.

Entre as medidas, o Ministério da Saúde destaca a relevância de o plano conter uma avaliação personalizada das necessidades de saúde, realizada pelos serviços clínicos.

“Garante-se o acesso a rastreios oncológicos e de doenças transmissíveis, a implementação do programa de vacinação, bem como de medidas de promoção da saúde e na área da saúde mental”, defende.

Propõe ainda que cada estabelecimento prisional, “pela excelência das suas práticas”, possa ser reconhecido como promotor de um ambiente saudável.

A equipa, que envolveu peritos de diferentes organismos das áreas da Saúde, da Justiça e da Ciência, e de um centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Universidade do Porto, propõe uma transição faseada de competências do Ministério da Justiça para o Ministério da Saúde, associada a uma monitorização contínua que tenha por base indicadores que permitam avaliar o custo-efetividade da alteração da governação.

Este processo deverá envolver uma equipa multidisciplinar, na qual se incluam profissionais de entidades relevantes da saúde, justiça, ciência, trabalho e segurança social.

O grupo de trabalho foi designado pelos gabinetes da ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do secretário de Estado Adjunto e da Justiça e da secretária de Estado da Promoção da Saúde, na sequência da organização em Portugal, em fevereiro de 2023, de uma conferência da OMS para apresentação do primeiro relatório europeu sobre o estado da saúde nas prisões.

Nesta conferência internacional, foi reiterado o compromisso nacional com o desenvolvimento de políticas de saúde transversais a toda a população, nomeadamente nos contextos de maior vulnerabilidade, que garantam o respeito pelos direitos humanos e pelo acesso à saúde ao longo de todas as fases da vida.

Últimas do País

A Provedoria de Justiça contesta a fórmula de cálculo usada pelo Instituto da Segurança Social (ISS) para fixar pensões unificadas, considerando que limita “injustamente” o acesso e valor destas prestações, em prejuízo dos cidadãos
Esta semana está a ser sangrenta em Portugal, particularmente na Área Metropolitana de Lisboa. Em menos de 48 horas, três pessoas foram assassinadas e quatro foram internadas em estado grave. “Inqualificável”, diz André Ventura.
Nove em cada 10 Unidades de Saúde Familiar (USF) reportaram no último ano faltas de material básico como vacinas, e quase todas tiveram falhas informáticas, segundo o estudo anual que retrata o estado dos cuidados de saúde primários.
Um milhão e 800 mil pessoas a residir em Portugal vivem em famílias com rendimento inferior a 632 euros por mês, segundo dados divulgados esta sexta-feira pela Pordata, por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
Cerca de 40% das Unidades de Saúde Familiar (USF) dizem ter falta de profissionais na equipa e mais de 80% registaram ausências prolongadas, que tiveram de ser colmatadas maioritariamente com profissionais da mesma equipa.
A adesão à greve de hoje dos enfermeiros é de 100% no bloco operatório do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e nas consultas externas do Hospital de Viseu, segundo dados avançados à Lusa pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
As regiões montanhosas e a costa sul da ilha da Madeira encontram-se sob aviso amarelo devido à chuva, pelo menos até às 06h00 desta sexta-feira, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A chuva vai regressar a Portugal continental a partir de domingo, dia em que as temperaturas máximas podem descer 5 a 7 graus Celsius, disse à Lusa a meteorologista Ângela Lourenço.
Um homem de 52 anos foi detido pela Polícia Judiciária da Guarda por liderar um esquema fraudulento que lesou pelo menos 20 pessoas em quase um milhão de euros em mais de uma década.
Portugal utilizou 95% da quota de pesca do tamboril, ficando esta captura proibida a partir das 00h00 da próxima terça-feira, avisou hoje a Direção-Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM).