Wilson Bicalho, advogado dos pais das gémeas luso-brasileiras, tratadas com o medicamento Zolgensma, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, fez uso do “sigilo profissional de advogado” e pediu que a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas fosse feita à porta fechada, para não “responder a mais questões”.
“Estou obrigado ao sigilo profissional, por isso, não poderei, por mais que queira, responder a mais questões. Fiz requerimento junto da Ordem dos Advogados e foi-me negado. Como não poderei exercer o direito de resposta e, visto que as imagens são, por vezes, cortadas e deturpadas usadas na imprensa, invoco também o artigo 15.º, 1b, e oponho-me à publicidade [ou seja, à porta fechada] de transmissão a esta sessão”, afirmou Wilson Bicalho.
Ao que o líder do CHEGA, André Ventura, fez sobressair que “o advogado não poderia utilizar o sigilo profissional só quando lhe convém”.
“Chega aqui, fala mal de toda a gente, ataca a imprensa portuguesa, os deputados portugueses e depois não quer que se ouça. Mas isto é Portugal e cumprem-se regras. A publicidade vale para os dois lados, mas há respeito: não se ataca os outros e depois pede para se esconder”, afirmou o presidente do CHEGA.
“Para fazer o seu discurso de abertura não invocou sigilo, agora para responder às questões dos deputados já há sigilo”, salientou.
Para Ventura, esta tomada de posição “parece um pedido com cobardia pessoal, mas isto é um serviço que prestamos a Portugal e Portugal merece a verdade”.
“É o voto de protesto que não queremos deixar de o fazer. Trata-se de cobardia política”, acrescenta.
Segundo Wilson Bicalho, “a ordem dos advogados proibiu [o advogado] de falar sobre o tema”. Mas a verdade é que “nenhum requerimento chegou à CPI”.
Críticas fizeram-se ouvir tanto à esquerda como à direita, com todos a chegar a acordo sobre a má conduta do advogado. “O advogado deveria ter entregado a tempo a posição da Ordem dos Advogados”, ouve-se por parte do Partido Social Democrata.
O presidente da CPI ao caso das gémeas luso-brasileira, deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do CHEGA, Rui Paulo Sousa, criticou e lamentou a tomada de posição do advogado Wilson Bicalho e deu como “suspensa a audição”.