Impostos? Inspeções a grandes contribuintes detetam 522 milhões em falta

As inspeções junto de empresas e particulares acompanhados pela Unidade de Grandes Contribuintes (UCG) resultaram em correções que correspondem a cerca de 522 milhões de euros de imposto em falta, segundo um relatório hoje divulgado.

© D.R

De acordo com o relatório do combate à fraude e evasão fiscais e aduaneiros de 2023, hoje divulgado publicamente, ao longo do ano passado foram concluídas 234 inspeções junto destes contribuintes, a que se somaram procedimentos relacionados com controlo de reembolsos de IVA e controlo de particulares de elevada capacidade patrimonial, através do mecanismo de troca automática de informações com outros países.

“Na sequência dos procedimentos realizados pela área de inspeção da UGC, foram identificadas correções que ascendem a aproximadamente de 522 milhões de euros de imposto potencialmente em falta”, lê-se no documento.

Em 2022, este tipo de procedimentos resultou na deteção e correção de cerca de 700 milhões de euros de impostos em falta.

IRC, IVA, Imposto do Selo e IRS foram os impostos que dominaram o volume de correções registadas, parte das quais de forma voluntária pelos contribuintes.

Esta correções resultaram, sobretudo, do regime de exclusão de menos-valias com transmissão de instrumentos de capital próprio de entidades sedeadas em ‘paraísos fiscais’ e também da utilização indevida de benefícios fiscais.

Estas duas situações respondem por, respetivamente, 155 milhões e 26 milhões de euros das correções registadas.

A utilização indevida da cláusula geral antiabuso e o regime da imputação de rendimentos de entidades não residentes sujeitas a um regime fiscal privilegiado (ou seja, aos chamados ‘paraísos fiscais’), foram outros dos mecanismos que levaram à deteção e correção dos valores de imposto em falta.

O número de grandes contribuintes que em 2023 eram acompanhados pela UGC ascendeu a 5.053, subindo face aos 4.818 contabilizados em 2022. A subida ficou apenas a dever-se ao número de contribuintes coletivos, que aumentaram de 3.216 para 3.451, já que número dos particulares se manteve nos 1.602.

A receita fiscal dos contribuintes acompanhados pela UGC foi no ano de 2023 superior a 24 mil milhões de euros, sendo que este valor não inclui os impostos municipais — casos do IMI e IMT, por exemplo.

Para que uma sociedade ou entidade fique sob o escrutínio desta unidade da AT é necessário que preencha pelo menos um critério de uma lista, nomeadamente estar sob a supervisão do regulador da banca, dos seguros ou dos mercados, ter um volume de negócios superior a 200 milhões de euros ou um valor global de impostos pagos superior a 20 milhões de euros.

Além destas, a UCG acompanha também entidades as que celebrem acordos de preços de transferência ou estejam relacionadas com multinacionais reportantes no âmbito do ‘Country-by-Country Report’.

Ao nível dos particulares, entram no raio de ação da UCG as pessoas com rendimentos superiores a 750 mil euros ou com uma capacidade patrimonial acima dos cinco milhões de euros (direta ou indiretamente, em bens e diretos), bem como as pessoas com manifestações de fortuna congruentes com esse património ou rendimentos.

A UGC acompanha ainda as pessoas ou empresas que mesmo que não cumpram estes critérios, possam ser consideradas relevantes por terem uma relação jurídica ou económica com outros grandes contribuintes.

O relatório anual do combate à fraude e evasão fiscais e aduaneiros tem de ser enviado pelo Governo ao parlamento até ao final de junho do ano seguinte a que diz respeito, tendo o documento de incluir os resultados alcançados, nomeadamente no que diz respeito ao valor das liquidações adicionais realizadas e ao valor recuperado nos diversos impostos.

Últimas de Economia

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou hoje que a taxa de inflação homóloga foi de 2,3% em outubro, menos 0,1 pontos percentuais do que a verificada em setembro.
O número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 4,8% até setembro, face ao mesmo período de 2024, para 57,028 milhões, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O índice de volume de negócios nos serviços subiu 2,6% em setembro face ao mesmo mês de 2024, mas desacelerou 0,2 pontos percentuais relativamente a agosto, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O preço da carne de novilho não para de subir e já pesa no bolso dos portugueses. Em apenas dois anos, o quilo ficou 5 a 6 euros mais caro, um aumento de quase 100%, impulsionado pela guerra na Ucrânia e pela alta dos cereais que alimentam o gado.
As três maiores empresas do setor energético exigem a devolução de milhões de euros pagos ao Estado através da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético (CESE), um imposto criado para financiar a redução da dívida tarifária e apoiar políticas ambientais, mas que, segundo o tribunal, foi aplicado de forma ilegal no setor do gás natural.
As exportações de bens aumentaram 14,3% e as importações subiram 9,4% em setembro, em termos homólogos, acumulando um crescimento de 1,9% e 6,5% desde o início do ano, divulgou hoje o INE.
O valor médio para arrendar um quarto em Lisboa ou no Porto ultrapassa metade do salário mínimo nacional. Perante a escalada dos preços e orçamentos familiares cada vez mais apertados, multiplicam-se as soluções alternativas de pousadas a conventos, para quem procura um teto a preços mais acessíveis.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve optar por reduzir as isenções fiscais e melhorar a eficiência da despesa pública para manter o equilíbrio orçamental em 2026, devido ao impacto das descidas do IRS e IRC.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai pedir um reforço em 250 milhões de euros da garantia pública a que pode aceder para crédito à habitação para jovens, disse hoje o presidente executivo em conferência de imprensa.
O índice de preços dos óleos vegetais da FAO foi o único a registar um aumento em outubro, contrariando a tendência de descida generalizada nos mercados internacionais de bens alimentares. O indicador subiu 0,9% face a setembro, atingindo o nível mais elevado desde julho de 2022, segundo o relatório mensal divulgado pela organização.