Presidente demissionário do INEM acusa ministério de negligência no processo dos helicópteros

O presidente demissionário do INEM acusou hoje o Ministério da Saúde de negligência na questão da contratação do serviço dos helicópteros de emergência médica, alegando que a tutela nunca ajudou o instituto a resolver essa matéria.

©INEM

“Houve uma falha gritante, eu diria negligente, daquilo que é o dever de superintendência sobre o instituto público, porque nós, por numerosas ocasiões, solicitamos, relativamente a esta matéria, indicações à tutela, que nunca nos chegaram de modo a ajudar o instituto a resolver um problema”, afirmou Luís Meira, que foi ouvido na Comissão de Saúde a pedido da bancada do PS.

O conselho diretivo INEM presidido por Luís Meira apresentou em 01 de julho a sua demissão à ministra da Saúde, alegando a “quebra de confiança na atual tutela”, pedido que foi aceite por Ana Paula Martins.

Nesse dia, o INEM anunciou um novo contrato com o atual operador, por ajuste direto, para garantir a continuidade do serviço dos quatro helicópteros de emergências médica, dois médios a operar 24 horas por dia e dois ligeiros a operar apenas no período diurno, à semelhança do que já vinha acontecendo desde 01 de janeiro.

Na altura, o instituto explicou que, na sequência do concurso público para esta operação lançado em janeiro, foram recebidas duas propostas, ambas com valores superiores ao preço base, que se situava nos 12 milhões de euros por ano.

Também nessa ocasião, o conselho diretivo alegou que, perante isso, apresentou ao ministério de Ana Paula Martins “sucessivas e insistentes propostas” para uma nova resolução do Conselho de Ministros com a verba adequada às condições do mercado.

Justificou ainda que, perante a ausência de resposta por parte do Ministério da Saúde que permitisse a abertura de um novo concurso público internacional, a única alternativa à não adjudicação de um novo contrato por ajuste direto seria o país deixar de contar com este serviço de transporte aéreo de emergência.

Hoje perante os deputados, Luís Meira salientou ter “demasiadas evidência sobre esses pedidos” ao ministério, que foram formalizados por ofício e por `mail´, relativamente à “necessidade de haver uma decisão da tutela relativamente a este problema”.

“O que levou à demissão do conselho diretivo foi a perda irreversível da confiança do conselho diretivo na tutela”, reiterou o presidente demissionário, ao salientar que um dos motivos para estar à frente do INEM “era haver confiança da tutela no conselho diretivo e, reciprocamente, haver confiança do seu presidente na tutela”.

Luís Meira confirmou ainda aos deputados que o conselho diretivo a que preside continua em funções, mas em gestão corrente desde 01 de julho.

“Desde essa altura, não temos qualquer indicação da tutela seja sobre o nosso futuro imediato, nomeadamente quando iremos ser substituídos”, referiu o responsável demissionário, ao adiantar também que não recebeu indicações para a preparação do próximo orçamento do INEM.

Numa audição parlamentar em 10 de julho, a ministra da Saúde reconheceu que as divergências com o Luís Meira tiveram como base o lançamento do concurso público para a prestação de serviço de helicópteros de emergência médica.

Ana Paula Martins adiantou que o ajuste direto realizado no início do ano estava feito para seis meses e previa que, durante esse período, fosse aberto um novo concurso público.

“Nunca impedimos o conselho de administração do INEM – que tem autonomia – nem demos qualquer orientação de não haver outro concurso. Tínhamos todos consciência de que teríamos de encontrar solução, por um lado, através de concurso internacional, eventualmente com um caderno de encargos redefinido”, afirmou.

Na sequência da demissão de Luís Meira, o Ministério da Saúde anunciou que o médico Vítor Almeida foi escolhido para presidir ao INEM, mas acabou por não aceitar o cargo dias depois. Perante isso, foi nomeado o militar Sérgio Dias Janeiro.

Últimas do País

Um foco de gripe aviária foi detetado numa exploração de galinhas reprodutoras no concelho de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, anunciou hoje a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
A GNR e a PSP registaram, nos primeiros nove meses deste ano, 25.327 ocorrências de violência doméstica, o valor mais elevado dos últimos sete anos, à data de 30 de setembro, segundo dados da CIG.
A Inspeção-Geral de Atividades em Saúde está a investigar o eventual conflito de interesses nos contratos celebrados entre a Unidade Local de Saúde de Braga e a empresa privada alegadamente pertencente ao seu ex-diretor de Oftalmologia, foi esta quarta-feira anunciado.
Duas pessoas foram hoje resgatadas da Cova do Ladrão, no parque florestal de Monsanto, em Lisboa, durante um simulacro de sismo que serviu para testar a capacidade de reação das forças de segurança, num exercício coordenado pelo exército.
Mais de 2.300 novos médicos começaram a escolher as vagas para a formação numa especialidade, mas o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) teme que nem todos os lugares disponibilizados para o internato venham a ser ocupados.
Os incêndios florestais de 2024 e 2025 revelaram “falhas de coordenação” entre as diferentes forças no terreno que provocaram atrasos no tempo de resposta aos fogos, aumentando a sua propagação, revela um relatório da OCDE.
A Polícia Judiciária (PJ) participou numa operação promovida pela Europol para identificar organizações criminosas que exploravam, ilegalmente, canais televisivos, tendo sido possível rastrear 55 milhões de dólares em criptoativos.
Uma endocrinologista foi hoje detida no Porto pela Polícia Judiciária (PJ) por alegado envolvimento num esquema fraudulento de prescrição de medicação para diabetes a utentes que queriam perder peso, lesando o Estado em mais de três milhões de euros.
Três alunos ficaram hoje feridos pelo rebentamento de petardos na Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos, em Lisboa, que terão sido lançados por outros dois estudantes daquele estabelecimento de ensino, informou a PSP.
Uma em cada três mulheres foi violência íntima ou sexual ao longo da vida, avançou hoje a Organização Mundial da Saúde, sublinhando tratar-se de uma das crises de direitos humanos mais negligenciadas do mundo.