O evento, dinamizado e concebido por Luís de Matos, que assume a sua direção artística, envolve ainda uma componente solidária, com atuações no Estabelecimento Prisional de Coimbra e no Hospital Pediátrico, uma extensão da magia de rua a quatro localidades do concelho (Cernache, São João do Campo, Eiras e Ribeira de Frades), ou aulas de magia no Convento de São Francisco, entre outras iniciativas.
Na apresentação do evento, a diretora do departamento de Cultura e Turismo da Câmara de Coimbra, Maria Carlos Pego, destacou a importância dos Encontros Mágicos de Coimbra — realizados, com outra designação, pela primeira vez em 1992, e depois, ininterruptamente, a partir de 1998 até hoje — pela característica de permitirem “democratizar a cultura” e contribuir para a “coesão territorial” do município.
“O programa deste ano está excelente, muito diversificado”, afirmou Maria Carlos Pego.
Já o mágico Luís de Matos destacou a presença de 14 artistas de sete países (Argentina, Bélgica, Espanha, Irlanda, Brasil, Japão e Portugal), seis dos quais nunca atuaram em Coimbra.
Um dos destaques vai para o jovem irlandês Cillian 0´Connor, de 14 anos, tornado famoso após a sua participação no programa de talentos ‘Britain Got Talent’ numa atuação que, segundo o organizador, “ficou para a história” por ter permitido ao jovem (que tem uma perturbação do espetro do autismo) descobrir na magia uma habilidade, em oposição a uma suposta ‘inabilidade’ decorrente da sua condição.
Questionado pela Lusa sobre a atuação do jovem mágico irlandês, Luís de Matos respondeu que o convite “não foi por uma questão da idade” — o festival já teve mágicos mais novos a atuar — mas sim pela mensagem “tão simples e tão eficaz, transmitida através do exemplo pelo próprio protagonista”.
Por outro lado, segundo o programa hoje apresentado, a atuação de Cillian 0´Connor não inclui, por exemplo, o Hospital Pediátrico [dia 17, às 14:30] onde poderia atuar para jovens da sua idade, mas Luís de Matos revelou que essa é uma “intenção secreta” da organização, que está a ser falada com os pais do artista, para eventualmente poder ser concretizada.
“Esse não é, habitualmente, o contexto em que ele atua, estamos a falar com os pais para perceber se nos pode acompanhar. Faz todo o sentido, mas não era algo que achássemos que poderia ser possível, só por isso não está lá [no programa]”, vincou o organizador.
Já sobre o espetáculo previsto para dia 18, também às 14:30, no Estabelecimento Prisional de Coimbra, Luís de Matos frisou que os Encontros Mágicos foram uma espécie de catalisador, ao longo dos anos, para a melhoria das condições do espaço da cadeia onde os mágicos habitualmente se apresentam perante a população prisional.
“A visita à prisão é sempre muito intensa, mas sempre muito pedagógica para todos os que participam, desde logo para os reclusos, quero acreditar, mas também para todos os que lá vamos”, revelou.
O espaço interior da cadeia onde o espetáculo decorre começou “há muitos e muitos anos” por ser uma sala “com janelas partidas e onde não havia sítio para as pessoas se sentarem” e que tem vindo a ser alvo de melhorias, passando a ter janelas novas, uma cortina a tapá-las, um pequeno palco, quadros na parede, iluminação e um sistema de som.
Para além de algumas caras na assistência já serem familiares, ano após ano, e os participantes, segundo Luís de Matos, se sentirem “sempre muito bem recebidos”, há um sentimento de os presos quererem participar no evento (que reúne cerca de 100 pessoas), desde as inscrições prévias necessárias, acessíveis a quem manifestou bom comportamento, até à oferta “completamente espontânea” feita pelos reclusos de obras de arte aos artistas e equipa técnica, desde poemas, quadros ou peças de cerâmica.