Lisboa arrecada cerca de 50 milhões por ano (com 476 taxas e preços)

O município de Lisboa tem pelo menos 476 taxas e preços, que permitem, anualmente, uma coleta global de cerca de 50 milhões de euros, ou seja, menos de 5% do orçamento municipal, segundo o relatório sobre fiscalidade hoje apresentado.

© D.R.

“Apesar da relevância do montante da coleta das taxas, este tem um pequeno impacto relativo no montante global de receitas orçamentadas”, refere o relatório sobre fiscalidade no município de Lisboa – taxas, preços e outras receitas em vigor no período 2019-2022, que teve como relator o deputado municipal da IL Miguel Ferreira da Silva.

Apresentado em plenário da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), o documento indica que a coleta global de taxas e preços, de cerca de 50 milhões de euros (ME), se divide em três tipologias: “as 168 taxas municipais (‘stricto sensu’), com aproximadamente 22 ME, ou seja, 44% da coleta; as 24 taxas urbanísticas, com aproximadamente 27 ME, ou seja, 53,5% da coleta; os 284 preços e outras receitas, com aproximadamente 1,2 ME, ou seja 2,5% da coleta”.

“O número total de itens individualizados ascende, pelo menos, a 476, sendo as taxas urbanísticas as que garantem maior coleta (53,5%) e os preços e outras receitas coletados em valor quase negligenciável (2,5%)”, realça.

Relativamente à natureza da incidência, destacam-se as empresas, com aproximadamente 88%, seguindo-se os particulares (11%) e o Estado (1%), segundo o relatório.

No âmbito de audições a várias entidades, a AML verificou que as questões de maior impacto no tema das taxas municipais são as desvantagens da reforma administrativa, em particular na atomização da cobrança, para as freguesias, e o impacto “muito negativo” nas discrepâncias de condições ou requisitos e valores da mesma taxa, ou equivalente, entre freguesias.

Destaca-se também a “maior dificuldade e burocracia na compreensão das obrigatoriedades das taxas municipais, do que no seu efetivo pagamento”, assim como “alguns casos de total inadequação da taxa ao serviço (por exemplo: taxa de gelo nos mercados; higiene; segurança de instalações)” e alterações de requisitos ou valores de algumas taxas com impacto desproporcional na viabilidade económica de pequenos negócios.

De acordo com o relatório, a taxa com impacto mais significativo na atividade económica de pequenos comerciantes será a de ocupação do espaço público, com destaque para as esplanadas, e a inclusão de taxa de saneamento e resíduos em função do valor do consumo de água é a mais negativamente referida consoante a justificação ou adequação.

Da parte dos representantes dos setores, é sentida a falta de planeamento comercial da cidade e “há urgência de simplificação do regime de taxas e, idealmente, do seu valor”.

Os contributos académicos de âmbito jurídico referem que decisões sobre taxas devem seguir um equilíbrio entre o binómio legalidade – opções políticas, ou seja, sustentação legal com adequação, e apontam para a “subsistência de dúvidas da constitucionalidade de ‘taxas’ de difícil definição de incidência (por exemplo: proteção civil, taxa turística)”, sendo necessária a clarificação legal ou, alternativamente regulamentar pelo município.

Nos contributos de âmbito fiscal sugere-se uma maior simplificação para a perceção das taxas que existem e considera-se que “a taxa turística já não é uma receita despicienda”, porque ajuda a financiar os serviços de segurança, de limpeza, de manutenção da via pública por cidadãos que não são munícipes de Lisboa, mas usufruem dos seus serviços.

Sobre a ideia de taxar os carros pela entrada nas cidades, o relatório sublinha que todas as entradas em Lisboa que venham da periferia já têm portagens, “mas a receita dessas portagens não é receita municipal, e poderia ser, pelo menos uma parte, porque os milhares de habitantes que todos os dias entram na cidade também causam uma pressão adicional aos serviços públicos”.

Com a abstenção do PCP e os votos a favor dos restantes deputados, a AML aprovou uma recomendação para a revisão do Regulamento Geral de Taxas, Preços e Outras Receitas do Município de Lisboa, inclusive para “extinção de obsolescências, nomeadamente de taxas e preços não utilizados ou com pouco impacto financeiro”; a clarificação da definição de competências sobre taxas entre a câmara e juntas de freguesia; criar modelos de controlo e garantia de prestação de serviço por taxas pagas; e sensibilização do Governo e da Assembleia da República para uma revisão do regime legal aplicável.

Últimas de Economia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pede que a comissária nomeada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, use a sua experiência para, na pasta dos Serviços Financeiros, "desbloquear montante substancial de investimento" para União Europeia (UE).
Portugal caiu um lugar em 2023 no 'ranking' de atratividade dos países europeus em termos de Investimento Direto Estrangeiro, face ao ano anterior, para sétimo, de acordo com o EY Attractiveness Survey Portugal hoje divulgado.
A Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (Anarec) apelou hoje ao Governo para que reveja a sua posição quanto ao descongelamento da atualização da taxa de carbono, afirmando que não tem nada de "gradual".
A taxa sobre plásticos originou 7,2 mil milhões de euros de receitas para o orçamento da UE em 2023, quantificou hoje o Tribunal de Contas Europeu (TCE), alertando para problemas com os dados sobre este recurso próprio.
O preço do ouro, um dos ativos considerados um refúgio seguro em tempos de incerteza, continua a bater recordes e hoje estabeleceu um novo máximo histórico de cerca de 2.590 dólares (2.338 euros) por onça.
A Associação de Pós-Graduados Portugueses na Alemanha (ASPPA) vai promover, em Berlim, um encontro entre empreendedores e profissionais ligados a Portugal para debater Inteligência Artificial e liberdade, assinalando os 50 anos do 25 de Abril.
Os distribuidores farmacêuticos defendem uma atualização anual do preço dos medicamentos como forma de tornar o mercado nacional mais atrativo para a indústria do setor, contribuindo para combater a escassez de fármacos.
Os bancos que aderirem à garantia pública no crédito à habitação a jovens terão um limite ao montante garantido que poderão emprestar, podendo posteriormente pedir um reforço, segundo a última versão da portaria a que a Lusa teve acesso.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) considerou hoje que o acordo que levou à desconvocação da greve dos trabalhadores de terra da SATA é "suficientemente robusto" e envolveu cedências de parte a parte.
A produção mundial de calçado caiu 6% para 22.400 milhões de pares em 2023, o mínimo da década excluindo os anos pandémicos de 2020 e 2021, tendo recuado 3,6% em Portugal, cujo desempenho superou o da concorrente Itália.