MP arquiva inquérito à morte de utente nas urgências do hospital de Leiria

O Ministério Público (MP) arquivou o inquérito à morte de um utente, de 42 anos, nas urgências do Hospital de Santo André, em Leiria, onde esperou seis horas para ser observado após a triagem.

© D.R.

“Atentos os elementos de prova constantes nos autos, e bem assim, os esclarecimentos e parecer prestados pelo Conselho Médico-Legal, não nos é permitido afirmar, com a certeza necessária e exigível, que se os arguidos tivessem atuado de acordo com as boas e adequadas regras médicas, observando o dever de cuidado e diligência que se lhe impunham (…), se pudesse, efetivamente, evitar o trágico e infeliz resultado que se veio a verificar, não podendo, por conseguinte, este ser-lhes imputado”, lê-se no despacho final do MP.

Essas regras eram a diligência “pela realização tempestiva de um ECG [eletrocardiograma]” e a observação do doente “no hiato temporal de 60 minutos após a triagem”, segundo o despacho final do MP que a agência Lusa hoje consultou.

O MP adiantou que, como resulta do parecer técnico-científico emitido Conselho Médico-Legal do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, “a ação/omissão levada a cabo pelos arguidos [enfermeira e médico] poderia ter contribuído para um diagnóstico precoce e para um encaminhamento específico do doente, mas, em nenhum momento, foi possível àquele “afirmar, com a certeza e clareza necessárias, que tais omissões/ações foram causa do resultado morte”.

“(…) Tem de existir um nexo de causalidade entre a ação/omissão e o resultado produzido. E tal nexo de causalidade não nos é possível, atentos os elementos constantes dos autos, afirmar”, escreveu a procuradora da República.

Para a magistrada do MP, “os indícios apurados não se mostram idóneos e suficientes para garantir, com uma probabilidade segura, que aos arguidos será aplicada uma pena a final, pois que não se poderá considerar como indiciado que se os arguidos tivessem atuado de acordo com as boas e adequadas regras médicas, observando o dever de cuidado e diligência que se lhe impunham, pudesse efetivamente, evitar” a morte do utente, pelo que determinou o arquivamento do inquérito.

De acordo com o parecer do Conselho Médico-Legal nos autos, citado no despacho final, o caso remonta a 27 de maio de 2020, quando o utente, com dor torácica, foi admitido às 20:44 no serviço de urgência do hospital de Leiria, tendo-lhe sido atribuída a cor amarela na triagem.

Foi observado, “já com sinais de paragem cardiorrespiratória, pelas 02:20 (cerca de seis horas após a admissão)”, referiu.

“Foi tratado com manobras de reanimação e com medidas farmacológicas (…), mas sem sucesso, tendo sido verificado o óbito às 03:06” do dia seguinte.

Através daquele documento descreveu-se que “o doente foi observado cerca de seis horas após a atribuição de cor amarela na triagem, que obrigava a observação dentro de 60 minutos, pelo que houve um atraso significativo na observação do doente, o que foi errado”.

“Está registado que se tratou de uma afluência exagerada de doentes nesse dia, o que pode ter contribuído para justificar este atraso de observação”, referiu-se ainda no parecer.

Para o Conselho Médico-Legal, “este atraso de observação pode ter contribuído para a ocorrência de morte do doente”.

Esclarecendo que “houve violação das ‘leges artis’ por parte da enfermeira que realizou a triagem ao omitir a requisição de ECG”, o Conselho observou desconhecer “qual o motivo do atraso de seis horas para observação do doente”, pelo que não pode atribuir essa omissão a algum dos profissionais.

Na sequência da morte deste utente, a enfermeira viu-lhe ser aplicada uma pena de multa na sequência de um processo disciplinar aberto pela unidade de saúde.

Já ao médico foi aplicada a pena de pena de suspensão de três meses, informou à Lusa Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

Últimas do País

Sete distritos de Portugal continental estão sob aviso laranja, o segundo mais elevado, devido à interferência marítima, indicou hoje ao início da tarde o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O bombeiro suspeito de violência doméstica em Machico, na Madeira, detido em agosto e sujeito inicialmente à medida de coação de prisão preventiva, foi perdoado pela vítima e o processo foi suspenso.
A Polícia Judiciária (PJ) detectou hoje no Porto o advogado Paulo Topa, confirmou à Lusa fonte da polícia, tendo a diligência ocorrida no âmbito de uma investigação por desvio de fundos.
A SOS Amianto - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto alertou hoje que Portugal falhou o prazo para a transposição da diretiva europeia que obriga à redução do limite de exposição dos trabalhadores ao amianto.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve no sábado em Lisboa um homem de 38 anos que era alvo de um Mandado de Detenção Europeu pela prática de Furtos Qualificados e Burlas Informáticas, anunciou hoje a PSP.
Onze distritos de Portugal continental estão hoje sob aviso laranja, o segundo mais elevado, devido à queda de neve e à interferência marítima, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Seis distritos de Portugal Continental estão hoje em aviso laranja e quatro em aviso amarelo para a queda de neve até domingo de manhã, podendo condicionar e interditar estradas, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma antiga fábrica que estava em obras para ser transformada em residência universitária ardeu hoje em Braga, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Ave.
As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.