Greve na STCP faz autocarros “circularem às pinguinhas” e causa constrangimentos

A greve que trabalhadores da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) estão a cumprir esta segunda-feira está a fazer com que os autocarros "circulem às pinguinhas" e a "condicionar a vida" a quem utiliza aquele meio de transporte.

© stcp

Em declarações à Lusa, à porta da Estação de Recolha da Via Norte da STCP, onde cinco trabalhadores estavam concentrados pelas 07h30, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), José Manuel Silva, explicou que os motivos da greve se relacionam com “aumentos salariais e progressão na carreira”.

“Aumento salarial, principalmente. Os trabalhadores só tiveram 53 euros de aumento quando o [aumento do] salário mínimo foi de 60 euros. O que se pretende é um aumento na percentagem do salário mínimo, 8%, para [os trabalhadores] não perderem poder de compra”, explicou o sindicalista.

E continuou: “O outro motivo é o percurso da carreira, os trabalhadores estão a ser penalizados. Além de estarem mais anos no mesmo escalão, também a pontuação que é dada subiu. Bastava 3,25 para subir de escalão, agora exigem 3,75”, disse.

Trabalhadores da STCP cumprem esta segunda-feira dois pré-avisos de greve: um em vigor desde novembro de 2023 e que contempla as duas últimas horas do turno e um outro que contempla as cinco primeiras horas, que está em vigor desde o dia 16 de setembro.

“Hoje está-se a fazer as duas, a das cinco e a das duas horas, o que dá sete horas. Há trabalhadores que têm mais de sete horas de serviço e, portanto, têm de fazer uma ponta ou outra, estão a sair e já a voltar”, referiu o sindicalista.

Quanto aos passageiros, alguns dizem estar “solidários e compreensivos” com os trabalhadores da STCP, mas queixam-se dos constrangimentos causados pela greve.

“Os autocarros estão a circular às pinguinhas. Já vi um a passar, mas que não para aqui, estou a ver se o meu chega, já está atrasado e isto complica-me a vida”, disse à Lusa Maria Pontes, que esperava o autocarro na paragem da Lapa, no Porto.

“Eu até entendo, querem ganhar mais, como todos. Mas isto lixa a vida é aos passageiros que não têm culpa nenhuma disto. Sem autocarro não chego ao trabalho e a minha patroa não quer saber se há greve ou não”, queixou-se.

Noutro ponto da cidade, junto à paragem no início da Rua Damião de Góis, as queixas são as mesmas: “Entro às 09h00, vim mais cedo porque já sabia da greve, mas ainda não passou nenhum autocarro. Vou ter de apanhar um Uber e isso fica-me caro”, lamentou Ana Silva Meireles, cerca das 08h10.

Na concentração à porta daquela estação, está também o líder da CGTP, Tiago Oliveira, que afirmou entender a luta destes trabalhadores. “Estamos aqui em solidariedade com a luta dos trabalhadores da STCP, uma luta que já vem de trás e uma luta que demonstra que o acordo de rendimentos que está a servir de teto para o aumento salarial, está a servir como baliza e não como justa remuneração dos trabalhadores”, disse.

Segundo Tiago Oliveira, “tem de haver uma política de choque de salários que valorize os trabalhadores”. “Esta ação é uma demonstração de força e unidade dos trabalhadores que sabem que a empresa pode subir mais os salários”, disse.

Da parte de tarde, pelas 14h30, está prevista uma outra concentração de trabalhadores da STCP em frente aos escritórios da empresa, na Torre das Antas, no Porto.

Em causa estão reivindicações de aumentos salariais e a revisão do enquadramento funcional do Sistema de Evolução Profissional (SEP) e manutenção do acordo de empresa quanto às faltas justificadas, agente único e assistência na doença.

O STRUN, representante de cerca de 14% dos trabalhadores da STCP, foi o único dos cinco sindicatos que não assinou nenhum acordo em 2024. A 15 de setembro, os sindicatos que chegaram a acordo com a administração acusaram o STRUN, que ficou fora do entendimento, de faltar à verdade, defendendo que as reivindicações apresentadas refletem “ações político-partidárias”, o que aquele sindicato rejeita.

Últimas do País

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) denuncia a "grande revolta" dos polícias no aeroporto de Lisboa, que refutam as críticas de serem responsáveis pelos tempos de espera e acusam "a intromissão e pressão inexplicável" do poder político.
A neve que cai com intensidade no maciço central da Serra da Estrela levou ao encerramento da Estrada Nacional (EN) 339, que atravessa o ponto mais alto da montanha.
Portugal registou 20 casos de sarampo desde o início do ano, nove dos quais em pessoas não vacinadas, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
As companhias aéreas TAP e Sata e a SPdH, de assistência em terra em aeroportos, acordaram com vários sindicatos a realização de serviços mínimos na greve geral de 11 de dezembro, segundo documentos publicados pela DGERT.
Cerca de 600 alunos das escolas de Montalegre regressaram hoje a casa mais cedo por precaução devido à queda de neve, informou a Proteção Civil Municipal.
Apesar do salário mínimo nacional subir para 920 euros, os números revelam um fosso significativo entre Portugal e os restantes países da União Europeia. O salário médio anual na UE situa-se nos 39.808 euros, enquanto Portugal permanece quase 15 mil euros abaixo deste valor.
Um homem, de 42 anos, foi detido no sábado, por suspeita de exercer violência física e verbal sobre a mulher, na presença dos filhos menores do casal, anunciou hoje a PSP.
Os dados revelados pelo regulador mostram que a Notícias Ilimitadas, criada para garantir a sobrevivência do JN e da TSF após a cisão da Global Notícias, fechou o ano de 2024 com mais de 1,2 milhões de euros de prejuízo e um passivo que já ultrapassa 12 milhões.
Sete distritos de Portugal continental estão hoje sob aviso laranja e 10 sob aviso amarelo devido à agitação marítima, segundo o IPMA, que prevê também queda de neve em dois distritos do interior norte.
A TAP disse hoje à Lusa que a companhia vai atuar no dia da greve geral, 11 de dezembro, com base nos serviços mínimos acordados com os sindicatos.