Mais de metade dos médicos internos não voltaria a escolher o curso de Medicina

A maioria dos médicos internos inquiridos num estudo admite que não voltaria a escolher esta profissão por dificuldades em conciliar a carreira com a vida familiar, falta de tempo para estudar no horário laboral e condições de trabalho.

© D.R.

“Embora 79% dos inquiridos (1.233) reportem que voltariam a escolher a mesma especialidade, apenas 64% (999) voltaria a escolher o curso de Medicina”, revela o Inquérito de Satisfação do Internato Médico, promovido pelo terceiro ano consecutivo pelo Conselho Nacional do Médico Interno da Ordem dos Médicos (CNMI), em parceria com o Conselho Nacional do Internato Médico e a Administração Central do Sistema de Saúde.

O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, refere que, “de um modo global, se mantém a tendência dos últimos anos de satisfação positiva com o Internato Médico, havendo, contudo, uma margem considerável para melhoria”.

“Já a satisfação mais reduzida, ainda que positiva, com o serviço de formação deve alertar para a necessidade de maior investimento nas condições laborais e formativas de cada instituição”, salienta o estudo.

Neste aspeto, diz ser notória a insatisfação com a ausência de tempo protegido no horário laboral para estudo autónomo (1,65 numa escala de 1 a 4), “de onde decorre que o médico interno é forçado a ocupar o seu tempo livre para tarefas como elaboração de trabalhos científicos ou preparação para avaliações”.

Destaca-se também a pontuação negativa atribuída à participação em atividade formativa (1,81), a insuficientes recursos científicos como biblioteca e acesso a literatura atualizada (2,13) e ao equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal (2,37).

Os médicos internos revelam maior satisfação com a especialidade (pontuação de 3,02) e com o orientador de formação (3,28), mas a satisfação com o serviço de formação é mais reduzida (2,82).

Comentando as conclusões do estudo à agência Lusa, o presidente do CNMI, José Durão, disse que não o surpreendem, porque espelham “os desabafos” dos jovens médicos.

“A maior parte está há mais de 10 anos, 11, 12 anos desde que iniciou o curso até chegar a esta fase de começar a vida de especialista, com a expectativa de que vai ter um determinado nível de vida e perspetivas de carreira e aquilo que encontram já durante o internato é de que não existe aquele apoio e incentivo à formação e que as exigências laborais não estão em equilíbrio com as exigências formativas”, relatou.

Além disso, não conseguem equilibrar a vida profissional com a vida pessoal, uma exigência das novas gerações que, neste momento, “não está a ser possível” na Medicina em Portugal, por todas as circunstâncias que afetam atualmente o Serviço Nacional de Saúde, onde está a grande maioria dos internos.

Segundo o presidente do CNMI, o SNS exige “muito desta força de trabalho mais jovem, que depois não consegue nem ter tempo suficiente para cumprir com as suas obrigações formativas”, nem para tudo o resto.

“Todos estes fatores somados geram esta insatisfação, que é diária, e este sentimento de que poderia estar a ser útil e se calhar com outro nível de satisfação noutras áreas”, sublinhou.

Para combater esta situação, defendeu medidas concretas assentes em três eixos: Tempo, espaço e pessoa.

“Tempo no horário laboral, três, quatro, cinco horas no máximo, para as pessoas estarem dedicadas só à sua formação teórica e também para os seus orientadores terem esse tempo semanal protegido para formar os médicos internos”, explicou.

Já o espaço tem a ver com as condições de trabalho, as infraestruturas, enquanto “a pessoa” tem a ver com o bem-estar, evitar situações de ‘burnout’ e que os profissionais façam 2,3, 4 bancos de urgência, às vezes de 24 horas, na mesma semana.

José Durão disse que já ouviu relatos de médicos internos que fizeram quase 1.000 horas extraordinárias ao fim de um ano, alertando que esta carga tem “repercussões brutais no bem-estar e a saúde mental das pessoas” e não se está “a ligar o suficiente a isso”.

Últimas do País

A GNR identificou, em nove dias, mais de 560 condutores, e desses deteve mais de 320, por conduzirem com excesso de álcool, no âmbito da sua operação de Natal e Ano Novo, foi hoje divulgado.
O presépio da Associação Cultural e Recreativa Os Palheiros, em Ílhavo, no distrito de Aveiro, ficou sem iluminação durante a noite em consequência do furto das luzes e da respetiva extensão elétrica. Os dois furtos representam um prejuízo superior a 600 euros para a associação.
Duas pessoas foram realojadas no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, na sequência de danos no telhado de uma habitação, devido ao mau tempo, nos Açores, que já provocou 11 ocorrências, adiantou a Proteção Civil.
Os doentes classificados como urgentes no hospital Amadora-Sintra enfrentaram hoje tempos de espera de mais de 12 horas para a primeira observação nas urgências gerais, segundo dados do portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O tempo médio de espera nas urgências hospitalares é hoje de quase três horas para doentes urgentes e de 49 minutos para casos muito urgentes, de acordo com informação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A PSP registou, em 24 horas, 106 acidentes, dos quais resultaram dois feridos graves e 38 ligeiros, no âmbito da segunda fase da Operação Polícia Sempre Presente – Festas em Segurança, foi hoje divulgado.
A operação de Natal da PSP e GNR registou 15 vítimas mortais e 1.444 feridos, dos quais 89 em estado grave, na sequência de 4.847 acidentes de viação ocorridos entre 18 e 26 de dezembro.
Os distritos de Guarda e Castelo Branco vão estar sob aviso amarelo durante a noite devido à queda de neve, enquanto Faro tem o mesmo alerta para a tarde de hoje, mas devido à previsão de forte precipitação.
A Urgência Pediátrica do hospital de Évora está hoje a funcionar com equipa incompleta, o que pode provocar "tempos de espera mais elevados" para doentes sem referenciação, divulgou a Unidade Local de Saúde do Alentejo Central (ULSAC).
Cerca de 6.200 vítimas de violência doméstica têm atualmente teleassistência, conhecida como 'botão de pânico', indicou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), que em 2026 assume a responsabilidade plena pelo sistema.