Ainda Soares

Para alguém como eu que cresceu a ouvir as histórias da África portuguesa, contadas por espoliados do ultramar português, a quem na metrópole apelidaram com o termo pejorativo de ‘retornados’, cresci a ouvir as histórias da vida em África, das picadas, das fazendas, da vida citadina em Luanda ou em Lourenço Marques, mas também os traumas de quem teve de fugir, muitos deles, com a roupa do corpo.

Cresci com estes portugueses de várias cores, desde chineses africanos,descendentes de macaenses e oriundos de Moçambique, a descendentes de indianos oriundos de Goa, a negros, brancos e mulatos, católicos, hindus ou muçulmanos, o que a extrema-esquerda ‘woke‘ apelida de lusotropicalismo, mas que formavam um Portugal ultramarino e que desde 1974 ficaram confinados à antiga metrópole. São eles a prova do racismo sistémico que hoje nos tentam impor? Claro que o, são a prova de um Portugal e de uma Portugalidade que se vê e se sente e basta irmos a Angola, Moçambique, Cabo Verde ou mesmo Timor, e sentimos essa ‘brisa’ que Pessoa retratou.

Mas as histórias que ouvi desses espoliados, envoltas de ‘saudade’ e de uma mágoa maior, de quem levava uma vida de labuta dura e que deixou na África portuguesa tudo que tinham e muitos deles construído ao longo de várias gerações. Estes espoliados ou ‘retornados’ ficaram marcados por três nomes, que nunca esqueci, Mário Soares, Almeida Santos e Rosa Coutinho, aos quais acrescentavam Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves. Mas Mário Soares era o nome que para estes portugueses, que foram deixados ao abandono e à mercê dos movimentos de libertação, que graças à providência divina ou à coragem de alguns milicianos e militares, os ajudaram a fugir, porque foi o que tiveram na realidade de fazer.

Mário Soares e a extrema-esquerda representam esta traição a estes portugueses de várias cores e credos, deixados para morrer ou para “atirar aos tubarões.” Não posso esquecer também os milhares de comandos africanos, também eles portugueses, deixados para serem massacrados pela FNLA, MPLA, PAIGC ou FRELIMO. Numa palavra como descrevo Soares: simplesmente um traidor!

Editoriais do mesmo Autor

A degradação que a Europa sofre há várias décadas tem diferentes níveis e é bem visível em diferentes áreas e setores, nomeadamente na classe política. Após anos de bajulação a Putin, sobretudo devido ao gás, entre alemães, franceses, ingleses, inclusive o Presidente da Gasprom, foi apenas um ex-chanceler social-democrata alemão (Gerhard Schröder) que se demitiu […]

Depois de um primeiro-ministro ilusionista, que em oito anos destruiu a administração pública, matou as nossas forças armadas, as nossas forças de segurança, o nosso tecido produtivo, com a velha fórmula socialista, viciada em impostos, que dá com uma mão e retira com as duas. Eis que agora, quando o povo deu uma larga maioria […]

No dia 10 de março de 2024, os portugueses deram um sinal claro: por um lado deram uma derrota ao PS, por outro deram uma esmagadora maioria aos partidos de direita, sem, no entanto, dar uma maioria a um só partido. Os derrotados dessa noite foram toda a esquerda (PS, PCP e Bloco), mas também […]

Todos nos lembramos da recente campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas. Um dos temas que marcou a campanha foi o superavit, que o PS apregoou como algo único da democracia portuguesa, provando o novo pergaminho socialista das contas certas, mas todos sabemos a que custo. Do lado de Montenegro, foi o prometer baixar impostos, […]

O povo português, por vezes, entra num tipo de sonambulismo anacrónico, muito por culpa dos políticos e das suas máquinas de propaganda, que ora ao centro com o PSD, sim, porque o PSD nunca foi de direita, ora com o PS e a sua poderosa máquina de comunicação. Foi assim com as bancarrotas de Soares, […]