Portugal condenado a pagar 20 mil euros por violar direitos de pai e filho menor

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) condenou o Estado português a pagar 20 mil euros a um pai e ao filho menor, considerando que foram violados direitos de ambos quando a criança foi devolvida à mãe, em 2018.

© Tribunal Europeu dos Direitos Humanos

O acórdão do TEDH, a que a agência Lusa teve hoje acesso, diz que as autoridades e a justiça portuguesas não respeitaram direitos do menor, à data com 7 anos, não ouviram o pai nem investigaram a origem das escoriações que o menor apresentava nem os alegados maus tratos cometidos pela mãe, que morava em França, e a quem foi devolvido o filho por ordem do Ministério Público (MP).

Os pais moravam em França e tinham guarda partilhada da criança. Em dezembro de 2017, após decidir voltar para Portugal, o pai deu entrada no Tribunal de Família e Menores de Matosinhos de uma ação de regulação das responsabilidades parentais e avançou com uma queixa contra a progenitora por alegados maus-tratos, depois de constatar uma lesão no filho.

A mãe apresentou uma queixa junto das autoridades francesas por rapto, motivo pelo qual o homem viria a ser detido, em fevereiro de 2018, em Matosinhos, distrito do Porto, no cumprimento de um mandado de detenção europeu (MDE).

Nesse dia, pai e filho foram levados para uma esquadra da PSP, enquanto o MP no Tribunal de Família e Menores de Matosinhos decidia devolver o menor à mãe, sem ouvir o pai ou a criança e sem mandar investigar os alegados maus-tratos.

“O simples facto de as autoridades policiais terem retirado a criança da escola às 09:00 e, simultaneamente, terem detido o seu pai, mantendo-os numa esquadra de polícia mais de três horas, quando a criança foi levada para o Ministério Público antes de ser entregue à mãe, às 17:00, parece ser suficiente para afirmar que a criança não foi tratada com cuidado e sensibilidade ou com especial atenção à sua situação pessoal e bem-estar e com pleno respeito pela sua integridade psicológica”, sustenta o TEDH.

Para o TEDH, as autoridades portuguesas não trataram o pedido de regresso da criança à mãe ao abrigo da Convenção de Haia de forma eficaz e expedita, mas, em vez disso, limitaram-se a executar o MDE e a devolverem automaticamente a criança à sua mãe.

Segundo o tribunal europeu, as autoridades atribuíram “maior peso ao reconhecimento mútuo das decisões judiciais e aos interesses da mãe, ignorando outros fatores, em especial e principalmente, qualquer avaliação do interesse superior da criança e, em segundo lugar, os direitos do segundo requerente enquanto pai”.

O tribunal lembra que o artigo 8.º da Convenção exige que as autoridades nacionais estabeleçam um equilíbrio justo entre os interesses da criança e os dos pais e que, no processo de equilíbrio, deve ser dada especial importância aos interesses superiores da criança que, consoante a sua natureza e gravidade, podem prevalecer sobre os dos pais.

Em declarações hoje à agência Lusa, o advogado do pai da criança foi crítico da atuação do MP em todo este processo.

“As autoridades portuguesas, nomeadamente o Ministério Público de Matosinhos, portaram-se da forma mais abjeta e repugnante que o advogado com 72 anos de idade feitos e quase 50 anos de advocacia alguma vez viu. São tantos os erros e maus-tratos dados aos requerentes e vítimas do MP que há indícios ou de muita ignorância ou de prestação de favores a uma ex-empregada do ex-primeiro ministro de Portugal, António Costa”, afirmou Jorge Alves.

Segundo o advogado, a mãe da criança, antes de ir para França, tinha sido empregada doméstica na casa do atual presidente do Conselho Europeu.

“Se as/os agentes do MP são incompetentes deveriam ter sido expulsas/os . Se prestaram favores, deveriam estar na cadeia. Dos processos disciplinares que o requerente-pai instaurou nunca mais houve notícia. Acredita que as/os infratoras/infratores foram promovidas/os. Só em Portugal, que é um país de justiça do terceiro mundo”, disse ainda Jorge Alves.

Últimas do País

O cidadão espanhol acusado da morte e desmembramento do cadáver do namorado, num crime ocorrido no bairro da Lapa, em Lisboa, há pouco mais de um ano, foi hoje condenado a 25 anos de prisão.
O Tribunal Judicial de Leiria vai julgar seis homens por alegados crimes de associação criminosa e tráfico de droga agravado, num processo em que foram apreendidos nove milhões de euros de cocaína dissimulada em caixas de banana.
A Autoridade Marítima Nacional (AMN) detetou nos areais da zona do Seixal detritos resultantes de um derrame de combustível, tendo restringido o acesso da população às zonas onde seja visível o poluente na água ou na areia.
Os guardas prisionais têm insistido que a falta de efetivos compromete a segurança dos estabelecimentos prisionais.
Na próxima semana, vai chegar a Lisboa o novo serviço da Uber, 'Women Drivers'. Este vai permitir escolher a possibilidade de viajar só motoristas femininas e também de transportar apenas mulheres.
Cerca de 40 concelhos dos distritos de Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Portalegre e Faro estão hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O Tribunal de Contas (TdC) concluiu, numa auditoria aos investimentos na área da Justiça, que as intervenções previstas em novas cadeias e tribunais não estão de acordo com as necessidades previstas na estratégia plurianual.
Uma rede criminosa que se dedicava ao contrabando de tabaco por via aérea proveniente de Angola foi desmantelada na segunda-feira nos distritos de Lisboa e Setúbal e foram constituídos cinco arguidos, segundo a GNR.
O Tribunal de Almodôvar decretou hoje a prisão preventiva do homem suspeito de ter ateado cinco focos de incêndio junto à Estrada Nacional 2 (EN2), entre Castro Verde e Aljustrel, distrito de Beja, revelou fonte policial.
O Ministério Público (MP) acusou 15 arguidos de tráfico de estupefacientes no Bairro do Lagarteiro, no Porto, e em Espinho, foi hoje divulgado.