Advogados, magistrados e funcionários querem reverter regime de distribuição de processos

Advogados, magistrados e funcionários judiciais apelam à ministra da Justiça para que “reveja urgentemente” o regime de distribuição dos processos judiciais aprovado em 2023, que consideram ter provocado perturbação na atividade dos tribunais.

© DR

A Ordem dos Advogados (OA), a Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) sublinham, num comunicado conjunto hoje divulgado, que o novo regime “tem provocado perturbação na atividade dos tribunais e constrangimentos no próprio andamento processual”.

Estas estruturas afirmam mesmo que, “mais de um ano depois da entrada em vigor das novas regras, constata-se a sua ineficácia”, considerando que “não trouxe qualquer benefício em termos de transparência”, que era o seu objetivo.

O novo regime introduzido em 2023 pelo Governo socialista de António Costa – em defesa da transparência do processo – passou a exigir a presença diária de um conjunto de operadores da justiça no ato da sua distribuição eletrónica.

Estes órgãos representativos dos advogados, magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e funcionários judiciais lembram que, “na altura, o Ministério da Justiça (MJ) prometeu uma avaliação, a ser efetuada por uma entidade independente, da aplicação prática do regime legalmente estabelecido decorridos seis meses da sua total operacionalização, para identificar eventuais constrangimentos e oportunidades”.

Contudo, consideram que mais de um ano depois o novo regime só demonstra a sua ineficácia e que deve ser rapidamente revisto.

“Acresce que até agora se desconhece por completo o resultado da avaliação prometida pelo MJ, pelo que se exige que a tutela não só divulgue o seu teor, mas que igualmente proceda, o quanto antes, à revisão da portaria 86/2023, que regulamenta o regime de distribuição de processos”, argumentam.

A portaria 86/2023, de 27 de março de 2023 determina: “Passa a ser necessário reunir diariamente, em todos os locais onde ocorre distribuição, um conjunto de operadores da justiça para assistir ao ato da distribuição, que até aqui dispensava, na maioria dos casos, qualquer intervenção humana, e elaborar uma ata à qual é anexado o resultado da distribuição”.

Para estas estruturas “é importante proceder à revisão urgente desta portaria e do sistema de fiscalização da distribuição, por meios eletrónicos, nos tribunais judiciais e nos tribunais administrativos e fiscais”, considerando que “a revisão da implementação da portaria já deveria ter ocorrido”, a fim de avaliar o impacto no funcionamento quotidiano e no desempenho dos diferentes tribunais e identificar constrangimentos, oportunidades de melhoria ou soluções alternativas.

“Dado o tempo decorrido presumimos que essa avaliação esteja feita e é importante que o MJ a divulgue”, sublinham, acrescentando que “deve ser repristinado o sistema anterior” e “realizadas auditorias independentes e periódicas ao funcionamento do sistema informático que regula a distribuição, prevendo-se a possibilidade de as partes interessadas requererem o acesso ao registo do ato de distribuição”.

Defendem que as auditorias, conduzidas por peritos na área da informática e sistemas, poderiam oferecer uma análise mais técnica e aprofundada do processo de distribuição e consideram que “a supervisão destas auditorias deverá ser assegurada pelos conselhos superiores e Ordem dos Advogados, garantindo uma fiscalização mais robusta e tecnicamente fundamentada”.

“Só assim se poderá proporcionar um verdadeiro escrutínio do processo de distribuição e, ao mesmo tempo, libertar recursos humanos valiosos para outras tarefas cruciais no sistema judicial”, argumentam.

Últimas do País

A ministra da Saúde garantiu hoje que o projeto de ampliação e requalificação do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, “não está na gaveta” e que “já tem pernas” para avançar “no início do próximo ano”.
A Grande Lisboa registou um aumento de mais de 6,1% na criminalidade geral nos primeiros dez meses do ano, revelam dados oficiais da PSP. Apesar da descida ligeira nos crimes violentos, o cenário global aponta para uma região onde a insegurança cresce de forma consistente.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve hoje em Lisboa um cidadão estrangeiro de 26 anos, que fugiu à polícia em agosto, por tráfico de droga, anunciou hoje aquela polícia.
O parlamento da Madeira aprovou hoje, por maioria, uma proposta de lei à Assembleia da República apresentada pelo CHEGA para revogar o limite de referência de droga para consumo médio individual de dez para cinco dias.
A Cloudfare anunciou esta terça-feira estar a investigar uma falha na sua rede global que provocou a 'queda' de vários clientes, como a rede social X, o 'chatbot' ChatGPT e o videojogo 'League of Legends'.
A Polícia Judiciária deteve no aeroporto de Lisboa, em três ações distintas, três mulheres estrangeiras, entre os 20 e os 39 anos, suspeitas do crime de tráfico de droga, indicou esta terça-feira a PJ.
Nos primeiros 10 meses de 2025, foram detidas pela Polícia Judiciária (PJ) 269 suspeitos de crimes sexuais, mais do que em todo o ano de 2024, quando foram detidos 251, revelou hoje o diretor da instituição.
O antigo governante e ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos Armando Vara foi detido na segunda-feira pela PSP, em Lisboa, para cumprir os dois anos e meio da prisão que restam devido aos processos Face Oculta e Operação Marquês.
O consumo global de antibióticos em Portugal aumentou 8% entre 2019 e 2024, quatro vezes mais do que a média de 2% registada nos países da União Europeia, revelou hoje o Infarmed no Dia Europeu do Antibiótico.
Mais de 35 mil pessoas morrem anualmente devido a infeções resistentes aos antibióticos, estimou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), alertando que a resistência antimicrobiana continua a aumentar na Europa.