Votantes da AD, PS e Chega concordam na oposição aos imigrantes

Os votantes nas últimas legislativas no CHEGA, PSD e PS apresentam valores acima da média de oposição aos imigrantes registada no barómetro da imigração, apresentado em dezembro, segundo os autores.

© LUSA/MIGUEL A. LOPES

Em entrevista à Lusa, os três coordenadores do inquérito alargado da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentado no final de dezembro, referem que os dados apontam para níveis de rejeição elevados, de modo transversal, em particular no que respeita a quem vem do subcontinente indiano.

“Será justo dizer que há níveis de oposição à imigração que são acima do ponto médio para os inquiridos dos três partidos” mais votados, afirmou Rui Costa Lopes, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) de Lisboa.

A amostra de 1.072 entrevistas não teve como preocupação respeitar os resultados eleitorais das legislativas, mas cruzando os dados recolhidos com a indicação do partido em que votaram, é possível concluir que a rejeição é muito elevada, referem.

Segundo o estudo, apresentado em dezembro, 63% dos inquiridos querem uma diminuição dos imigrantes do subcontinente indiano, 68% dos inquiridos consideram que a “política de imigração em vigor em Portugal é demasiado permissiva em relação à entrada de imigrantes”, 67,4% dizem que contribuem para mais criminalidade e 68,9% consideram que ajudam a manter salários baixos.

Ao mesmo tempo, 68% concordam que os imigrantes “são fundamentais para a economia nacional”.

No mesmo inquérito em que 42% dos inquiridos sobrestima o número de imigrantes em Portugal, a maioria é favorável à atribuição de direitos, como o direito de voto (58,8%), facilitação da naturalização (51,8%) ou dos processos de reagrupamento familiar (77,4%).

Apesar dos votantes nos principais partidos terem níveis de oposição elevados, nas “outras dimensões das atitudes face à imigração já há uma distinção, em que o CHEGA está isolado da AD e do PS”, afirmou Rui Costa Lopes.

Segundo o investigador, os votantes no PSD e no PS “não se distinguem entre si numa posição mais positiva de maior concessão de direitos em relação aos imigrantes”, com quem votou no CHEGA a ter mais rejeição e a também relacionar mais a vinda de estrangeiros com a criminalidade.

Para Pedro Góis, da Universidade de Coimbra, a AD faz “uma ponte entre o PS e o CHEGA”, alinhando com cada um, dependendo dos indicadores.

Exemplo disso é a oposição à chegada de imigrantes a Portugal, especificamente dos países africanos, em que a “AD tem menor oposição à imigração que o CHEGA”.

O estudo “não corresponde ao mapa eleitoral das últimas legislativas”, porque corresponde a uma amostra nacional, que não tem em conta a dimensão geográfica do voto dos partidos mais à esquerda ou da Iniciativa Liberal.

Para Rui Costa Lopes, um dado relevante do estudo é o facto de os portugueses sobrestimarem o número de imigrantes em Portugal.

Mais de 40% dos inquiridos acha que os imigrantes são mais de 20% da população e um em cada quatro portugueses considera que são mais de 30%.

“Nós mostrámos que esta subestimação está correlacionada com atitudes negativas face à imigração, ou seja, as pessoas estão erradas em relação ao número de imigrantes que existe no país”, explicou.

Por seu turno, Nuno António, da Universidade Católica, considera que essa sobrestimação é mais evidente por quem não contacta regularmente com imigrantes.

Últimas do País

A ministra da Administração Interna admitiu hoje que “correu mal” nos aeroportos portugueses a introdução do novo sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários, mas recusou que seja da "exclusiva responsabilidade" da PSP.
Uma embarcação de pesca que se encontrava nas imediações conseguiu resgatar três dos sete tripulantes da embarcação, mas um deles não resistiu. Há ainda registo de quatro pescadores desaparecidos.
Uma dificuldade técnica no sistema de controlo de fronteiras está a provocar “tempos de espera elevados” no aeroporto de Lisboa, que atingiram hoje de manhã três horas, segundo a PSP, que garante estar a trabalhar “na capacidade máxima”.
Vestiam fardas da Polícia Judiciária, exibiam mandados falsos e entravam em mansões como se fossem autoridades. A burla terminou esta terça-feira, com uma megaoperação da PJ em Loures que levou à detenção de 10 suspeitos ligados a uma onda de assaltos de alto valor na linha de Cascais.
A Associação Sindical dos Profissionais do Corpo da Guarda Prisional (ASPCGP) convocou para esta terça-feira o primeiro de quatro dias de greve para exigir investimento na carreira, criticando a “falta de visão estratégica” da tutela e o recente acordo.
A Capitania do Porto do Funchal acaba de acompanhar o IPMA no que toca à emissão de avisos à navegação e aos cidadãos no que toca à agitação marítima forte e aos cuidados na orça costeira do Arquipélago da Madeira. Um aviso em vigor, pelo menos, até às 06h00 de amanhã, 16 de Dezembro, mas que deverá ser prolongado, tendo em conta o período de vigência do aviso do IPMA.
Uma equipa da Comissão Europeia está entre hoje e quarta-feira em Lisboa para realizar uma avaliação "sem pré-aviso" às condições de segurança nas fronteiras áreas e marítimas portuguesas, avançou à Lusa o Sistema de Segurança Interna (SSI).
A procura das urgências hospitalares, do SNS 24 e do INEM aumentou entre 1 e 7 de dezembro, impulsionada pelo aumento de casos de gripe e infeções respiratórias, que atingiram níveis superiores aos de épocas anteriores, segundo a DGS.
O número de focos de gripe das aves em Portugal desde o início do ano subiu para 50, após terem sido confirmados mais quatro nos distritos de Santarém, Faro e Leiria, indicou a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
O Tribunal Constitucional (TC) declarou hoje inconstitucionais normas do decreto do parlamento que revê a Lei da Nacionalidade e de outro que cria a perda de nacionalidade como pena acessória no Código Penal.