Putin avisa que Rússia não cederá e escolherá “versão da paz” que lhe interessar

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu hoje de que Moscovo não desistirá dos limites definidos nos últimos três anos para terminar a guerra na Ucrânia, escolhendo, portanto, "a versão da paz" que melhor sirva os seus interesses.

© Facebook de Vladimir Putin

“Temos de escolher a versão da paz que nos convém”, declarou Putin, que, durante um encontro com trabalhadores de uma fundação, insistiu na necessidade de a Rússia obter “tranquilidade” em termos de segurança.

Putin também excluiu a possibilidade de concessões territoriais, numa aparente referência às zonas ocupadas da Ucrânia que a Rússia atualmente considera suas.

“Não precisamos de nada que pertença a outros, mas não vamos desistir do que é nosso”, acrescentou, segundo as agências de notícias russas.

Moscovo também voltou a deixar clara a sua rejeição da potencial adesão de Kiev à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental), embora a parte ucraniana insista em procurar alguma forma de garantia de segurança para o proteger.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou hoje que considerará a presença de tropas europeias na Ucrânia um “envolvimento da NATO” no país vizinho.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.

As Forças Armadas ucranianas confrontaram-se, durante o terceiro ano de guerra, com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram depois a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da autorização dada à Ucrânia pelo então Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

A novidade é que agora também o novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer terras: terras raras, ricas em minerais essenciais para inovações tecnológicas, que vão desde veículos elétricos e turbinas eólicas a aviões de última geração, em troca da ajuda militar que Washington lhe forneceu e que entretanto suspendeu.

Antes de regressar à Casa Branca para um segundo mandato presidencial, Trump defendeu o fim imediato da guerra na Ucrânia, asseverando que o conseguiria em 24 horas, mas não foi bem-sucedido até à data.

Trump tem exigido um cessar-fogo imediato e, numa discussão sem precedentes ao receber na Sala Oval da Casa Branca o homólogo ucraniano, perante a comunicação social, criticou Zelensky por não estar “pronto para a paz”, disse-lhe que ele “não tinha as cartas” para ditar os termos do fim da guerra e acabou por congelar a ajuda militar dos Estados Unidos, essencial a Kiev, depois de o Presidente ucraniano abandonar Washington sem assinar o acordo sobre as terras raras.

Na quarta-feira, o chefe de Estado norte-americano admitiu restabelecer a ajuda à Ucrânia se as conversações de paz forem retomadas, segundo o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Mike Waltz.

Zelensky e Putin garantiram em várias ocasiões que estão prontos para negociações de paz, sob determinadas condições, mas nada foi materializado e continuam em lados opostos.

A Ucrânia pede garantias sólidas de segurança aos seus aliados, para evitar que Moscovo volte a atacar, ao passo que a Rússia quer uma Ucrânia “desmilitarizada” e que entregue os territórios que a Rússia afirma ter anexado, o que Kiev considera inaceitável.

Últimas do Mundo

A polícia australiana considerou um “ato terrorista” contra a comunidade judaica o ataque com tiros na praia de Bondi, Sydney, que causou pelo menos 12 mortos.
Pelo menos duas pessoas morreram e oito ficaram feridas com gravidade num tiroteio ocorrido no campus da Universidade Brown, nos Estados Unidos, informou o presidente da câmara de Providence.
Mais de 40% do território espanhol está num processo de degradação devido à atividade humana que pode conduzir a desertificação, segundo o primeiro "Atlas da Desertificação em Espanha", elaborado por cientistas de diversas universidades e publicado recentemente.
O número de vítimas das inundações e deslizamentos de terra que atingiram a Indonésia subiu para 1.003 mortos e 218 desaparecidos, anunciou hoje a Agência Nacional de Gestão de Catástrofes.
Perante o colapso do sistema de asilo, o Governo britânico avançou com um método relâmpago: milhares de pedidos estão a ser aprovados sem entrevistas, apenas com base num questionário escrito. A oposição acusa Londres de “escancarar as portas” à imigração.
A cidade alemã de Salzgitter vai obrigar requerentes de asilo aptos para trabalhar a aceitar tarefas comunitárias, sob pena de cortes nas prestações sociais.
O homem que enganou Espanha, desviou dinheiro público e fugiu à Justiça acabou capturado em Olhão. Natalio Grueso, condenado por um esquema milionário de peculato e falsificação, vivia discretamente no Algarve desde que desapareceu em 2023.
O voo MH370 desapareceu a 8 de março de 2014 quando voava de Kuala Lumpur para Pequim com 239 pessoas a bordo, incluindo 227 passageiros - a maioria dos quais chineses - e 12 membros da tripulação.
A Comissão Europeia abriu hoje uma investigação à gigante tecnológica Google por suspeitar de violação da lei da União Europeia (UE), que proíbe abuso de posição dominante, ao impor "condições injustas" nos conteúdos de inteligência artificial (IA).
A tecnológica Meta anunciou a aquisição da empresa norte-americana Limitless, criadora de um pendente conectado, capaz de gravar e resumir conversas com recurso à inteligência artificial (IA).