Nos últimos cinquenta anos, o PSD tem-se apresentado, perante os cidadãos das regiões autónomas, como o partido da Autonomia. Ao fazê-lo, com uma arrogância quase messiânica, não hesita em evocar o legado de Francisco Sá Carneiro, um verdadeiro estadista que compreendeu a essência da Autonomia Política com uma lucidez que hoje falta a certa classe política, interpretando-a, não como uma ameaça à unidade nacional, mas como plataforma vital para o desenvolvimento dos arquipélagos atlânticos, em harmonia com as suas especificidades sociais, culturais e históricas. Mais do que vê-la como mero instrumento administrativo, Sá Carneiro pensou a Autonomia como veículo estratégico para o crescimento e a competitividade de Portugal como um todo, identificando as regiões autónomas, com as suas potencialidades geopolíticas e económicas, como fronteiras avançadas para o futuro de Portugal.
Contudo, o PSD de hoje está irremediavelmente distante do PSD de Sá Carneiro, pois perdeu-se nos labirintos obscuros da mediocridade, da subserviência e da corrupção, desconfigurando-se moralmente e traindo os seus princípios humanistas. No campo específico da Autonomia, o PSD transformou-se num corpo sem alma, incapaz de reconhecer o valor estratégico da mesma e desprovido de qualquer discurso coerente sobre o seu fortalecimento. Sem quaisquer ideias para o aprofundamento autonómico e sem uma compreensão coerente da sua importância, o partido limita-se a produzir declarações programáticas e eleitorais vazias, que nada mais são do que reflexos de um partido esgotado e sem direção, que pôs a Autonomia em autêntico banho-maria ou, pior, sacrificada na fogueira da incompetência e da falta de visão.
Apesar da ineptidão do PSD e da repulsão histórica do PS à autodeterminação de madeirenses e açorianos, a Autonomia não está adormecida. Pelo contrário, tem no CHEGA o seu mais fiel defensor, o qual, liberto dos esquemas, do compadrio, do amiguismo e do nepotismo que corroem o PSD e o PS, é a verdadeira voz dos portugueses do Atlântico na política nacional, lutando pelo fortalecimento da Autonomia através de medidas concretas, tais como uma revisão constitucional que reforce os poderes dos órgãos de governo próprio, a eliminação do cargo de Representante da República, a criação de ligações marítimas regulares entre os arquipélagos e o continente, a reforma do modelo de apoio às deslocações aéreas, o reforço do financiamento às universidades da Madeira e dos Açores, a revisão da Lei das Finanças Regionais e a valorização do setor primário regional, com a regionalização do IFAP, o alargamento das quotas pesqueiras e o combate ao ambientalismo radical, que apenas quer algemar o desenvolvimento.
Ao contrário de sociais-democratas e socialistas, duas faces da mesma má moeda, o CHEGA não defende a Autonomia por oportunismo eleitoral, mas compreende a mesma como um processo evolutivo e dinâmico, em constante expansão e aperfeiçoamento. Aliás, a história ensina-nos que a Autonomia não é uma conquista estática, mas um movimento perpétuo de libertação e fortalecimento das comunidades, pelo que o CHEGA não tem qualquer receio em se assumir, sem quaisquer ambiguidades, como a voz autêntica das regiões autónomas na República. Afinal, Portugal precisa de uma liderança que compreenda o valor das suas regiões autónomas e que lute, com coragem, pelo seu desenvolvimento. Essa liderança é o CHEGA!